sexta-feira, março 14, 2025

Entrevistadas mostram como identificar violncia psicolgica

 

“Irei tomar essa criança de você”, “você está muito gorda”, “péssima mãe”, “eu não gosto de você”, essas são algumas das frases que uma mulher em um ciclo de violência psicológica pode ouvir diariamente. O impacto dessas palavras foi o centro do debate desta quinta-feira (13) no projeto Diálogos com a Sociedade, que abordou o crime de violência psicológica contra a mulher. A iniciativa, promovida pelo Ministério Público de Mato Grosso em parceria com a Rádio CBN, contou com a participação da promotora de Justiça Claire Vogel Dutra e da jornalista Jaqueline Naujorks.

“Tudo aquilo que te ofende e não te deixa uma marca física é violência psicológica. Se te faz sofrer, se te fere, se tira a sua condição de ser feliz e exercer o seu dia a dia é violência psicológica”, explicou a jornalista e gerente de comunicação da Rede Matogrossense de Comunicação (RMC). Jaqueline ressaltou que a perpetuação desse tipo de violência muitas vezes está enraizada na cultura, em que desde cedo as mulheres são ensinadas a aceitar comportamentos abusivos, ouvindo frases como “homem é assim mesmo”, “faz parte do casamento” e “não deixe ele estressado”.

A promotora e coordenadora administrativa do Núcleo de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar de Cuiabá destacou que a violência psicológica pode ocorrer em diversos ambientes, mas é no contexto doméstico que suas marcas são mais profundas, gerando danos emocionais. “No ambiente de trabalho, por exemplo, a vítima pode se desligar da empresa e denunciar. Já em casa, a situação é muito mais complexa, pois envolve filhos, patrimônio e é muito mais difícil de você desvincular”, explicou.

Claire Vogel Dutra também apontou que um dos grandes desafios no combate à violência psicológica sempre foi a dificuldade de comprovação, já que, até pouco tempo, a palavra da vítima frequentemente era confrontada apenas pela negação do agressor, muitas vezes movido por traços de narcisismo. No entanto, com a evolução dos meios de investigação, esse cenário começou a mudar. Ela ressaltou a importância da incorporação do laudo psicológico, um avanço liderado pela coordenadora das perícias da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec), Alessandra Mariano, que tem facilitado os processos de condenação ao fornecer provas técnicas e embasadas.

Machismo – Outro aspecto relevante, discutido durante a entrevista, foi a influência do machismo na perpetuação da violência psicológica. “Desde pequenas, as mulheres são ensinadas a se colocar um degrau abaixo, a serem modestas, fortes e solucionadoras de problemas. O machismo coloca os homens em posição de liderança, enquanto as mulheres são ensinadas a desempenhar serviços inferiores e aceitar sua subordinação”, apontou Jaqueline.

Ela ainda evidenciou que, quando uma mulher decide romper com um relacionamento abusivo, muitas vezes é julgada por outras mulheres. “Elas dizem coisas como ‘você vai destruir a família’, ‘nem todo homem é assim’. As vítimas se encontram em uma posição difícil de escapar”, observou.

Gaslight – O termo “Gaslight”, mencionado pela promotora de Justiça, refere-se a uma forma de abuso psicológico em que o agressor distorce informações de maneira seletiva, omitindo detalhes e manipulando a realidade. O objetivo é fazer com que a vítima duvide de sua própria sanidade, memória e percepção, criando uma sensação constante de confusão e insegurança.

Onde buscar ajuda – Diversos canais de atendimento estão disponíveis para oferecer apoio à vítima. O Ministério Público, em colaboração com o Poder Judiciário, Defensoria Pública, as polícias Civil e Militar, e ações sociais, formam uma rede de assistência e proteção.

No âmbito do MPMT, o Espaço Caliandra oferece atendimento psicossocial especializado, realizando o acolhimento das vítimas. Também está disponível um atendimento via WhatsApp pelos números (65) 99259-0913 e 99269-8113, além do site do Observatório Caliandra, em que é possível acessar informações importantes, como cartilhas didáticas, o link para a Promotoria Virtual, e o acesso à Ouvidoria pelo número 127.

O site ainda disponibiliza ferramentas como o Quiz, o Violentômetro e o Ciclo da Violência, que auxiliam na identificação de sinais de abuso. Além disso, o site disponibiliza o link para a Polícia Civil que permite realizar o requerimento de medida protetiva e boletim de ocorrência online.

As entrevistas do projeto Diálogos com a Sociedade seguem até o dia 11 de abril, das 14h às 15h, no estúdio de vidro localizado na entrada principal do Pantanal Shopping, com transmissão ao vivo pelo canal do MPMT no YouTube. A iniciativa é viabilizada por meio de parcerias com empresas privadas. São parceiros do MPMT nesta edição o Pantanal Shopping, Rádio CBN, Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja), Unimed Mato Grosso, Bodytech Goiabeiras e Águas Cuiabá.

Assista aqui à entrevista na íntegra.

FONTE: Folha Max

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