O padre Nazareno Lanciotti, assassinado aos 61 anos no Município de Jauru, em 2001, foi reconhecido como Mártir pela Igreja Católica e, com isso, ele poderá ser elevado ao título de beato.
Recebemos com muita alegria a notícia da promulgação do decreto referente ao martírio do Servo de Deus
O reconhecimento veio nesta segunda-feira (14), pelo Papa Francisco, que em audiência autorizou a promulgação de decretos referentes a causas de canonização.
Mártir é alguém que morreu por sua fé e essa declaração é decisiva para a beatificação de uma pessoa, já que assim não é necessário reconhecer um milagre confirmado pela medicina.
A beatificação é um processo canônico que visa venerar uma pessoa como santa em uma esfera local, ou seja, o beato não é proposto como modelo de santidade no mundo todo.
“Recebemos com muita alegria a notícia da promulgação do decreto referente ao martírio do Servo de Deus, padre Nazareno Lanciotti. Era o ponto que faltava para a sua beatificação”, afirmou Wellynthon Oliveira, responsável pelo Movimento Sacerdotal Mariano no Brasil (MSM) e membro do clero da Arquidiocese de Cuiabá.
Trajetória de fé
O padre nasceu em Roma, na Itália, em 3 de março de 1940, e foi ordenado sacerdote em 1966.
Ele iniciou seu trabalho missionário em Jauru, Diocese de Cáceres, em 1971, e durante 30 anos de missão, fundou a Paróquia Nossa Senhora do Pilar, além de criar 57 comunidades eclesiais rurais.
Nazareno fundou também um dispensário médico, que se transformaria em um dos hospitais mais ativos da região, além de construir uma casa de repouso para idosos, chamada “Coração Imaculado de Maria”.
Entre seus feitos está a abertura de uma escola que oferecia alimentação para centenas de crianças.
Em 1987, ingressou no Movimento Sacerdotal Mariano, tornando-se diretor nacional no Brasil. A partir de então, viajou por diversos estados organizando cenáculos de oração e retiros espirituais.
Hoje, o Movimento é um dos organizadores do Vinde e Vede, maior encontro católico de Carnaval da Região Centro-Oeste.
Padre Nazareno se destacou pelo seu compromisso com a justiça social, denunciando a exploração de crianças e adolescentes em esquemas de prostituição e tráfico de drogas. Esse teria sido o motivo pelo qual se tornou alvo de perseguições e intimidações.
A morte
O padre Nazareno jantava com colaboradores quando a Casa Paroquial da Igreja Nossa Senhora do Pilar foi invadida por dois criminosos encapuzados. O crime aconteceu no dia 11 de fevereiro de 2001.
A dupla exigiu que o padre abrisse o cofre da igreja, mas Nazareno afirmou que sua paróquia não tinha cofre.
Contrariados, os criminosos fizeram roleta-russa com as testemunhas, mas não roubaram o dinheiro que eles traziam nos bolsos.
Quando eles deixavam a casa, um dos assaltantes disparou na nuca do padre e a bala alojou-se na coluna cervical.
Nazareno ficou hospitalizado por 10 dias e chegou a ser transferido para São Paulo, onde morreu em 22 de fevereiro.
O caso foi tratado como latrocínio, roubo seguido de morte, mas membros da igreja, à época, acreditavam que o objetivo era apenas matar Nazareno.
FONTE: MIDIA NEWS