sexta-feira, abril 18, 2025

Casos de câncer de pulmão crescem em não fumantes

O câncer de pulmão está entre os tipos da doença mais incidentes no Brasil, sendo o terceiro mais frequente em homens e o quarto em mulheres, sem contar o câncer de pele não melanoma, conforme o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Em 85% dos casos diagnosticados, ele está relacionado ao consumo de derivados do tabaco. 

No entanto, apesar de o cigarro ser apontado como o principal fator de risco para o desenvolvimento desse tipo de câncer, pesquisas recentes mostram que a doença tem atingido um número crescente de pessoas que nunca fumaram. 

Segundo estudo realizado pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC, na sigla em inglês) da Organização Mundial da Saúde (OMS), o adenocarcinoma — tipo mais comum de câncer de pulmão entre não fumantes — representa quase 60% dos casos entre mulheres e 45% entre homens. 

A pesquisa, publicada em fevereiro na The Lancet Respiratory Medicine, analisou dados de 2022, quando, aproximadamente, 2,5 milhões de novos casos foram diagnosticados no mundo, o que corresponde ao crescimento de 300 mil diagnósticos desde 2020.  Os pesquisadores concluem que fatores ambientais, como poluição do ar, além de predisposição genética e respostas do sistema imunológico, podem estar por trás desse aumento.

Entre os aspectos genéticos, os pesquisadores afirmam que um dos mais relevantes é a mutação no gene EGFR, que influencia o crescimento e a divisão celular. Essas alterações são identificadas em até 50% dos casos de adenocarcinoma em mulheres asiáticas  não fumantes e em 19% das mulheres ocidentais que também não fumam.. 

O aumento da poluição atmosférica é apontado como um elemento preocupante. O estudo indica que partículas microscópicas presentes no ar podem desencadear mutações no gene EGFR, aumentando a incidência da doença. 

Outras mutações, como nos genes ALK e ROS1, também estão ligadas ao desenvolvimento da doença em não fumantes, encontradas em cerca de 5% dos casos, sendo mais frequentes em mulheres jovens, principalmente na Ásia.

Atenção aos sintomas

O Inca recomenda que as pessoas que observarem os primeiros sinais de câncer de pulmão procurem atendimento médico. Entre os mais comuns estão tosse persistente, dor no peito, escarro com sangue, rouquidão, piora da falta de ar e pneumonia recorrente ou bronquite. 

Contudo, o diagnóstico precoce desse tipo de câncer é possível em apenas parte dos casos, tendo em vista que a maioria dos pacientes só apresenta sintomas em fases mais avançadas da doença. O Inca informa, ainda, que para fazer o planejamento adequado do tratamento, é preciso realizar o diagnóstico histológico e o estadiamento, visando definir se a doença está localizada somente no pulmão ou se existem focos em outros órgãos.

Entre os órgãos que a metástase do câncer de pulmão pode afetar está o coração. Os tumores localizados no tórax podem se disseminar para o coração por meio da corrente sanguínea ou do sistema linfático, conforme o Manual MSD, resultando em complicações como arritmias, obstrução do fluxo sanguíneo e acúmulo de líquido no pericárdio.

De acordo com o manual, os tumores cardíacos metastáticos são, pelo menos, 30 vezes mais comuns que os cardíacos primários, apesar de ainda serem incomuns. Aqueles que querem entender melhor tudo sobre cardiologia devem procurar um especialista da área. 

Fumo passivo também está entre os fatores de risco

A exposição involuntária à fumaça do cigarro também é um fator de risco para o câncer do pulmão. Pesquisa do Centro Nacional de Câncer do Japão, publicada no Jornal de Oncologia Torácica, revelou que mulheres não fumantes expostas ao fumo passivo apresentaram mutações genéticas distintas daquelas observadas em fumantes.

Essas mutações, associadas à proteína APOBEC3B, podem facilitar a sobrevivência de células cancerígenas e reduzir a eficácia de tratamentos oncológicos. O oncologista torácico Carlos Gil Ferreira, em entrevista à imprensa, explica que os resultados sugerem que o fumo passivo pode aumentar o risco desse tipo de câncer de forma semelhante ao tabagismo ativo.

Segundo Gil, estudos têm mostrado o crescimento dos diagnósticos de câncer de pulmão entre mulheres que nunca fumaram. Esse aumento tem sido relacionado a fatores como exposição à fumaça do cigarro de terceiros, poluentes atmosféricos, radônio – um gás incolor e inodoro – e outras substâncias químicas presentes no ambiente.

O Ministério da Saúde destaca que o fumo passivo é responsável por cerca de 1,3 milhão de mortes anuais no mundo, que são consideradas evitáveis. Além de doenças respiratórias e câncer, as pessoas expostas à inalação involuntária de fumaça do tabaco correm o risco de morrer de derrames, doenças cardíacas e diabetes tipo 2.

FONTE: PLANTÃO 24 HORAS NEWS

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