sábado, dezembro 13, 2025

Garimpo cresce 93% na TI Sararé e DPU recomenda retirada de invasores | RDNEWS

Garimpo cresce 93% na TI Sararé e DPU recomenda retirada

O garimpo ilegal de ouro avançou de forma alarmante na Terra Indígena Sararé – na fronteira com a Bolívia – entre 2023 e 2024. A área desmatada cresceu 93%, saltando de 619 para 1.197 hectares, conforme levantamento do Greenpeace Brasil. Diante do cenário, no início deste mês, a Defensoria Pública da União (DPU) emitiu uma recomendação formal exigindo a retirada imediata de todos os invasores, que incluem, não só os garimpeiros, mas também membros de facções criminosas, como o Comando Vermelho.

O território habitado pelo povo Katitãuhlu – da etnia Nambikwara – está no centro de disputas territoriais, invasões e exploração mineral ilegal. Além disso, a região teve um aumento significativo da violência, em especial homicídios encomendados entre rivais.

Greenpeace

Terra Indígena Sararé explorada pelo garimpo ilegal.

De acordo com a DPU, entre todas as TI do Brasil, a Sararé ocupa o primeiro lugar no ranking de alertas de garimpo ilegal. Ainda segundo o órgão, aproximadamente 5 mil garimpeiros atuam na região, impactando o meio ambiente, a subsistência, a cultura e a livre escolha da comunidade indígena. 

Na recomendação da Defensoria, o órgão reforça que o Estado brasileiro tem o dever constitucional de proteger os povos originários e seus territórios, alertando que a permanência dos invasores representa uma ameaça iminente à integridade física e cultural dos Katitãuhlu que são compostos por 201 pessoas.

Terra Indígena sob ataque

A TI Sararé passou a integrar o monitoramento do Greenpeace após a constatação de um crescimento exponencial da atividade garimpeira. Em apenas dois anos, mais de dois mil hectares já foram devastados. A região, que antes figurava fora do foco dos grandes garimpos ilegais na Amazônia, tornou-se um novo epicentro da destruição ambiental e dos conflitos territoriais.

Lideranças indígenas apontam que facções armadas estão operando garimpos na fronteira oeste do território, disseminando ameaças, coação, desestruturação social e mortes encomendadas. Lideranças indígenas denunciam o aumento da violência, do aliciamento de jovens e da contaminação dos rios por mercúrio – substância tóxica usada na extração do ouro.

Reação das autoridades

Conforme consta no levantamento do Greenpeace, apesar das operações de segurança promovidas pelo Governo Federal desde 2023 – que resultaram em recuos da atividade garimpeira em outras Terras Indígenas – a Sararé se tornou o novo alvo da mineração ilegal. Ainda de acordo com a ONG, a falta da presença permanente do Estado somada à fragilidade da fiscalização contribuíram para o avanço dos garimpeiros.

PF

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Registro da TI Sararé realizado durante a Operação Rondon, deflagrada pela Polícia Federal, em março deste ano.

Conforme publicado pelo , no dia 14 de março, durante a posse do superintendente regional da Polícia Federal em Mato Grosso, Fabrício Braga, ele afirmou que a atuação da PF contra os garimpos ilegais na TI Sararé é como “enxugar gelo”

“É preciso fazer desinstrusão do local dentro desses garimpos ilegais, mas mais que isso, é preciso entender o fluxo do capital, quem são os financiadores, a origem disso, desse maquinário. Para isso é preciso integração entre as forças e investimento”, afirmou Braga à época.

Segundo o Greenpeace, embora o garimpo seja proibido em terras indígenas, as dificuldades encontradas para efetivar esta proibição e a falta de soluções sustentáveis para apoiar as populações locais possibilitam a expansão de práticas ilegais”.

Ciclo da destruição

No relatório, consta ainda que o crescimento do garimpo na Sararé também insere o território numa complexa “cadeia de abastecimento global”. Segundo o Greenpeace, o ouro extraído de forma ilegal, com documentos falsos e/ou por meio de autorizações irregulares, acaba sendo exportado para grandes mercados internacionais, como Suíça, Canadá e Emirados Árabes.

Enquanto isso, a ONG destaca quanto aos impactos locais do desmatamento acelerado, contaminação ambiental, perda da biodiversidade e violações sistemáticas dos direitos humanos. 

“A extração ilegal de ouro afeta todo o planeta, já que grandes áreas da floresta amazônica são destruídas e envenenadas com mercúrio para a extração do metal. Isto representa uma grande ameaça para os povos indígenas, para a vida selvagem e para o clima global”, ressalta o Organização.

O que está em jogo?

A situação da TI Sararé representa um retrato ampliado do que ocorre em diversas regiões da Amazônia Legal. A corrida pelo ouro, incentivada por mercados globais e fragilidades internas, ameaça não apenas o equilíbrio ecológico da floresta, mas também a sobrevivência de povos inteiros.

“Enquanto o ouro acumula poeira nos cofres dos bancos centrais, em reservas e investimentos privados, a Amazônia se aproxima cada vez mais do seu ponto de não retorno – e, no processo, os povos indígenas e comunidades locais são agredidos e envenenados. Se não avaliarmos o impacto da corrida do ouro na Amazônia e nas comunidades indígenas e não aprendermos a respeitar este precioso ecossistema, a exploração pelo garimpo ilegal continuará a se espalhar pela floresta tropical, contaminando o ambiente, destruindo a terra e seus povos”, aponta o Greenpeace.

FONTE: RDNEWS

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