Morto nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, o Papa Francisco declarou seu desejo de ser enterrado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, dedicada a Maria, Mãe de Deus. Francisco atribuiu o motivo da escolha, levada a público em dezembro de 2023, à “grande conexão” que ele sentia com o lugar, já que esta era a igreja que ele ia todo domingo quando visitava Roma, antes de se tornar Papa.
O Papa Francisco também disse que renunciará à prática tradicional em que o líder da Igreja católica é enterrado em três caixões interligados feitos de cipreste, chumbo e carvalho. Em vez disso, Francisco será enterrado em um único caixão de madeira revestido de zinco.
Seu corpo também não será exibido em uma plataforma elevada na Basílica de São Pedro para os visitantes de Roma, como aconteceu com papas anteriores. Tudo isso indica que Francisco deseja um ritual funerário mais modesto e simples.
Não existe um local específico para o enterramento de um papa, mas a tradição é que essa escolha seja por algum lugar perto do Vaticano. A Basílica de São Pedro é o local mais tradicional — as fontes variam, mas estima-se que mais de 140 papas falecidos (de um total de 265) estejam enterrados ali.
Basílica de São Pedro, lar do descanso eterno dos Papas
Completada no século 17, a Basílica de São Pedro é a maior igreja do mundo em medidas internas e um dos lugares mais sagrados do catolicismo. Ali estão os restos mortais de São Pedro, o primeiro papa, fundador da Igreja Católica. O Papa Francisco não estará muito longe dos colegas, pois a Basílica de Santa Maria Maggiore fica a apenas 4 km dali.
Sob a Basílica de São Pedro estão as Grutas do Vaticano, um conjunto de câmaras e capelas onde ficam os túmulos dos papas antigos, muitos dos quais estão decorados com monumentos (embora alguns prefiram ter apenas uma placa de identificação).
Trata-se de um sistema vasto, como se fosse uma igreja dentro da igreja, e que pode ser visitado por turistas. Além dos papas, as Grutas também abrigam outras pessoas que fizeram contribuições notáveis à Igreja, como a Rainha Cristina da Suécia.
Os papas que não estão ali estão em outras basílicas próximas — estima-se que apenas 30 dos 265 papas estejam enterrados fora de Roma. Fora da Itália, então, pouquíssimos. Houve um período histórico bastante específico, conhecido como o Papado de Avignon, quando a sede papal foi transferida para Avignon, na França, entre 1309 e 1377. Durante esse período, sete papas foram eleitos e viveram em Avignon, longe de Roma, devido a fatores políticos e sociais da época.
O Papa Clemente V foi enterrado em Avignon em 1314. Dos seus seis sucessores, todos franceses, três também foram enterrados por lá e pelo menos outros dois tiveram seus corpos repousados em outros lugares da França.
Há outros casos curiosos. O Papa Pio IX, por exemplo, reconsagrou a Basílica de São Lourenço Extramuros (cerca de 5 km da Basílica de São Pedro) e providenciou um mausoléu ali para que pudesse ser enterrado. Mas, quando ele morreu, era uma época de agitação política na Itália, que estava sendo unificada em um reino, e o corpo teve que ser enterrado em São Pedro mesmo, por medo de que os revolucionários pudessem atacar o falecido durante o traslado. Esse papa só conseguiu ser enterrado no lugar que queria três anos após sua morte.
FONTE: Folha Max