Relatório da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor) aponta que o vereador Sargento Joelson (PSB), logado em sua conta no Google, teria enviado um print da tela de um computador no site da transparência da Prefeitura de Cuiabá com as informações de valores liquidados relacionados ao contrato 261/2020, bem como do contrato de financiamento nº 0529.551.75. – veja
Conforme a Polícia Civil, as informações se referem à “medição da obra de drenagem de águas pluviais e pavimentação asfáltica na Avenida do Contorno Leste, lote 02, trecho compreendido entre o Rio Coxipó e a Rodovia Emanuel Pinheiro”, tendo como credor a empresa HB20 Construções EIRELI”. A empresa é suspeita de pagar propina para vereadores em troca da viabilização da aprovação de um proceto de parcelamento de dívidas na Câmara de Cuiabá. Todos negam.
Conforme o relatório da polícia, o print foi feito em 28 de novembro de 2023, ou seja, após a aprovação do projeto relativo ao parcelamento de dívidas, em 21 de setembro do mesmo ano, e também das supostas propinas, via pix, que teriam ocorrido entre os dias 11 de outubro e 18 de outubro.
” (…) extrai-se do portal transparência do Município de Cuiabá que essa empresa recebeu R$ 56.921.099,88 de junho/2020 a julho/2024″, diz trecho do relatório, que traz tabela detalhada sobre os pagamentos relativos ao contrato.
Reprodução
Não fica claro no documento, entretanto, qual seria o suposto interesse do parlamentar ao printar a página e enviar ao interlocutor da empresa, João Jorge Catalan Mesquista, que teria pago as vantagens ilícitas e que, posteriormente, denunciou o suposto esquema de corrupção.
Em vídeo publicado nesta terça, Joelson nega recebimento de propina e se diz vítima de armação política.
“Estou passando aqui para tranquilizá-los e dizer que dentro do possível, estou bem. Peço desculpas pelo silêncio dos últimos dias, mas em razão do feriado, só tivemos acesso ao inquérito na tarde de ontem. Ainda não posso entrar em detalhes, pois as investigações correm em segredo de justiça. No entanto, posso afirmar com tranquilidade que não recebi dinheiro algum e tenho plena confiança que tudo será esclarecido em breve. A cada passo fica mais evidente que estou sendo vítima de armação política”, disse o vereador. No dia da operação, Chico 2000 também rechaçou às acusações.
Caso
Na semana passada a Polícia Civil deflagrou a operação que teve entre os alvos os vereadores Joelson e Chico 2000, que foram afastados dos cargos. No despacho, a magistrada cita uma das transcrições em que Joelson “faz referência a um acordo com o denunciante, com o aval do presidente da Câmara Chico 2000”, diz trecho. O denunciante é João Jorge Catalan Mesquista, funcionário da empresa HB Construções Eireli, que teria pago as vantagens ilícitas.
Segundo a Polícia Civil, a investigação começou no ano passado, após denúncia de que os dois vereadores teriam solicitado propina a um funcionário da empresa responsável pela execução das obras do Contorno Leste para a aprovação de matéria legislativa que possibilitou o recebimento de pagamentos devidos pelo município em 2023.
Além de mandados de busca e apreensão, a magistrada determinou a quebra do sigilo de todo o conteúdo armazenado nos celulares de Joelson e também de Chico, que é advogado. “[…] pois permitirá aos investigadores analisarem com profundidade as comunicações entre os investigados e, também, aquelas adicionais, viabilizando desvelar a estrutura do suposto esquema de corrupção; as transações financeiras espúrias e seus desdobramentos; e demais informações armazenadas nestes dispositivos, possibilitando a compreensão da extensão das atividades ilícitas”.
Entre as 27 ordens judiciais também estão o sequestro de bens, valores e imóveis em desfavor de cinco investigados.
Empresa nega as acusações
Por meio de nota, a HB20 Construções nega ter autorizado qualquer tipo de negociação direta ou indireta relacionada a “repasse ilícitos”, sustentando que sempre foi pautada pela “transparência, legalidade e regularidade contratual com o Poder Público”.
“Repudiamos qualquer tentativa de manipulação ou distorção de fatos para criar narrativas que sirvam como cortina de fumaça para acobertar desvios de conduta individuais. A empresa não se submeterá a pressões, chantagens, extorsão ou insinuações levianas”, frisou.
FONTE: RDNEWS