Mato Grosso registrou um aumento de 21,4% na taxa de homicídios de indígenas entre os anos de 2022 e 2023, conforme dados levantados pelo Atlas da Violência 2025. Segundo o estudo, o número de assassinatos de indígenas aumentou em mais da metade dos estados brasileiros, neste período.
O Atlas destaca que, enquanto a taxa de homicídios da população geral do Brasil tenha caído levemente de 21,7 para 21,2 por 100 mil habitantes entre 2022 e 2023, “a taxa de homicídios registrados de indígenas passou de 21,5 para 22,8 por 100 mil indígenas, o que representa um crescimento de 6,0%”. Em números absolutos, o país registrou “um crescimento de 205 para 227 homicídios de indígenas em um ano”.
Atlas da Violência 2025
Conforme apresentado pelo próprio estudo, é necessário cuidado na análise dos dados, ante a grande possibilidade de subnotificações, uma vez que não há a identificação das etnias das vítimas, deixando claro que o número pode ser maior que o apresentado. Além disso, a ausência de informações é “especialmente grave em relação a povos indígenas de menor população”, visto que uma morte por agressão pode representar significativa parcela de sua população total, e mesmo a extinção de um povo.
“Mais interessante seria se conseguíssemos analisar a violência sofrida por cada povo. No entanto, a ausência da caracterização dos povos indígenas (ou das etnias) nos microdados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) impede a compreensão detalhada da violência letal enfrentada por cada povo indígena, não se podendo inferir, por exemplo, os reais riscos de desaparecimento de povos que possuem baixa representatividade demográfica e altas taxas de homicídio”, diz trecho do Atlas da Violência.
Reprodução/Prefeitura de Primavera do Leste

Indígenas Xavantes da TI Sandragouro
Além disso, os pesquisadores chamam atenção para a possibilidade de variações percentuais abruptas causadas por pequenas populações em alguns estados. No entanto, destacam que o crescimento em Mato Grosso reforça a necessidade urgente de políticas públicas específicas para proteção dos povos originários.
“Ainda que os cuidados na interpretação dos números em função das variações decorrentes das pequenas populações e problemas de subnotificação permaneçam, a persistência de taxas elevadas de homicídios contra indígenas no Brasil configura um problema grave e complexo”, aponta o levantamento.
FONTE: RDNEWS








