Annie Souza/Rdnews
A presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MT), Serly Marcondes, considera desafiador realizar as eleições gerais em Mato Grosso. A dimensão territorial do Estado, aliada à existência de áreas remotas – como aldeias indígenas e comunidades acessíveis apenas por transporte fluvial ou aéreo – dificulta a logística eleitoral. Nas eleições do ano passado, o TRE contabilizou 171 locais de difícil acesso.
“Mato Grosso é do tamanho da Espanha, Portugal e Itália. É um Estado com dimensão em três países. No entanto, a gente se conecta com todas as regiões do nosso Estado. Nós temos um Estado grande em extensão, mas pouca população, nós temos 3.800.000 de habitantes”, assevera a presidente, em entrevista especial ao
Apesar dos desafios, ela avalia que as tecnologias existentes conectam todas as regiões garantindo celeridade na totalização dos votos. No caso das áreas de difícil acesso, a transmissão é realizada diretamente do local de votação via satélite e não precisa de internet. Diante disso, o resultado de 2026, segundo ela, deve ser proclamado em tempo similar ao das eleições gerais de 2022.
À época, após quase três horas de apuração no primeiro turno, os dados já indicavam que o governador Mauro Mendes (União) estava matematicamente reeleito, tendo derrotado Márcia Pinheiro (PV). Segundo a Justiça Eleitoral, a primeira sessão foi recebida em Cuiabá às 16h09 e a última, em Nova Olímpia, às 22h40. No segundo turno, quando Lula (PT) foi eleito presidente da República, a primeira sessão contabilizada foi de Guarantã do Norte, às 16h05, e a última, de Juara, às 19h41. Naquela ocasião, os eleitores de Mato Grosso votaram apenas para a Presidência, já que os deputados estaduais e federais, o senador Wellington Fagundes (PL), o governador Mauro Mendes e seu vice, Otaviano Pivetta (Republicanos), haviam sido eleitos no primeiro turno.
Conforme dados da Justiça Eleitoral, nas últimas eleições foram utilizadas 7 aeronaves; 12 barcos; e 309 carros 4×4. Estado tem 1.504 locais de votação em 57 Zonas Eleitorais, espalhadas pelos 142 municípios – veja mapa
Fonte: TRE-MT
Na ocasião, para garantir a totalização célere dos resultados, foram utilizados 109 equipamentos Bgan, que são equipados com antenas que se comunicam diretamente com quatro satélites que cobrem o Estado de Mato Grosso e sul do Pará; e 670 JE Connect, que foi usado em larga escala pelo país. Modelo funciona como uma máquina virtual que atua sobre o computador da escola [zona eleitoral] e cria uma rede virtual privada (Virtual Private Network – VPN), dentro da rede de internet da escola. Segundo a Justiça Eleitoral, trata-se de um processo similar ao utilizado pelos bancos para transações bancárias.
“É difícil, mas não é impossível. A gente fala que é difícil porque pode estar chovendo, porque pode estar ventando, porque pode quebrar alguma coisa. Mas, isso não significa que não vai acontecer [a apuração de forma rápida], porque durante todos esses anos aconteceu. E não tem por que ele não acontecer novamente”, ressalta a presidente do TRE.
TRE-MT
Em 2010, houve uma demora na totalização final do resultado das urnas porque veículos da Justiça Eleitoral, que transportavam ficaram atolados. Ao lembrar sobre situação, Serly conta que era juíza auxiliar do então presidente Rui Ramos.
“O carro que a gente [TRE] mandou atrás para pegar esse disquete, na época era disquete, para achar até nesse lugar para a leitura e daí a transmissão demorou seis horas para chegar no lugar. Porque se não tivesse caído a ponte, não tivesse acontecido [outros problemas]”, rememora.
A desembargadora detalha que o juiz eleitoral Murilo Mesquita ficou tão desesperado que foi pessoalmente levar os dados que, depois do sufoco, foram contabilizados. “Nós ficamos lá esperando. Todos os votos estavam ali, foi transmitido e o resultado saiu”. Atualmente, além dos dados serem transmitidos diretamente dos locais de difícil acesso, via satélite, o TRE possui um mapa, atualizado em tempo real, que mostra quais estradas estão ruins; pontes que correm o risco de cair, entre outros possíveis problemas para que a Justiça Eleitoral possa se adiantar em sanar eventuais problemas.
Fonte: TRE-MT
Estrutura
Atualmente, TRE-MT conta com 281 servidores efetivos e outros 212 requisitados. Estado tem 57 zonas eleitorais, espalhadas nos 142 municípios e, atualmente, são 2.607.422 eleitores aptos a votar.
Destes 2.260.762 (o equivalente a 86,7%) já possuem biometria. A maioria dos que não estão ainda com biometria estão localizados em áreas de difícil acesso, conforme a presidente do TRE. E o desafio da Justiça Eleitoral é fazer com que a biometria chegue a 100% dos eleitores, por isso, o TRE tem feito várias ações para avançar neste quesito.
FONTE: RDNEWS