sábado, outubro 11, 2025

MT tem 27 feminicídios no 1º semestre, com 10 casos só em junho; Roveri dispara contra autores: “Covardes” | RDNEWS

Mato Grosso já teve 27 feminicídios apenas nos primeiros 6 meses deste ano, número que supera as ocorrências do mesmo período de 2024, quando 19 casos foram registrados. Apenas nos primeiros 27 dias do mês de junho, foram dez mulheres assassinadas. O levantamento, divulgado pela Polícia Civil, mostra que o estado teve 1 mulher morta a cada 3 dias neste mês.

Montagem/Reprodução

Gleici Keli Geraldo de Souza, Janaina Carla Portela Santin, Crisalda Conceição Sousa e Roseni da Silva Karnoski: algumas das vítimas de junho em MT

Os dados são alarmantes e acendem o alerta do poder público, que tenta, por meio de plantões e rede de acolhimento, conter a escalada dessa violência. Na maioria dos casos, os companheiros das vítimas se tornam seus algozes, movidos pelo sentimento de posse que justificam como ciúmes ou por simplesmente não aceitar o fim da relação. Também na maior parte das ocorrências, sem a menor chance de defesa por parte das vítimas – o que, para o secretário de Estado de Segurança Pública, coronel César Augusto Roveri, mostra o nível de covardia desses homens.

Isso vem desde a criação de criança, quando nós ensinamos os nossos filhos que não se pode agredir uma mulher. Isso já vem desde a base, para que nós possamos ter um adulto que respeita, que cuida e que não agride as mulheres


Secretário César Roveri

“É um covarde porque ele comete o crime por traição. Ele praticamente comete esse crime dentro de casa, dentro de um comércio ou na rua. Quando ele comete esse crime, ele pega a mulher, a convivente, a esposa ou a namorada, e pega à traição”, destaca.

Segundo o secretário, o Governo tem adotado cada vez mais políticas públicas para combater a violência contra a mulher e impedir a escalada dos casos de feminicídio.

“Nós estamos difundindo políticas públicas, temos levado e aumentado muito a rede de acolhimento da mulher. Nós temos aumentado as salas 24 horas, as salas da mulher em várias delegacias do estado. Temos o plantão 24 horas aqui em Cuiabá, temos a sala 24 horas em Rondonópolis”, elenca.

“Nós tivemos ano passado, em parceria com a Cetasc, com a primeira-dama Virgínia Mendes, nós treinamos todo o efetivo policial do Estado de Mato Grosso para esse atendimento, para esse acolhimento. Treinamos a Politec, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Polícia Judiciária Civil, todo o sistema de segurança”, acrescenta.

O esforço no aumento da rede de proteção à mulher se estende ao Congresso, que no início do ano aprovou o Pacote Antifeminicídio – que torna o feminicídio um crime autônomo e aumenta as penas para diversos delitos relacionados à violência de gênero. No entanto, nenhuma dessas medidas parecem desencorajar os criminosos.

Roveri, assim como muitos especialistas defendem, também vê a violência contra a mulher como um problema de base em uma sociedade ainda patriarcal e machista. Para o secretário, a principal solução é a conscientização.

“Isso passa por conscientização. É uma série de situações que nós temos. Isso vem desde a criação de criança, quando nós ensinamos os nossos filhos que não se pode agredir uma mulher. Isso já vem desde a base, para que nós possamos ter um adulto que respeita, que cuida e que não agride as mulheres”, completa.

Mayke Toscano/Secom-MT

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O secretário de Estado de Segurança Pública, coronel PM César Augusto Roveri

Os crimes

Ao longo de junho, 9 mulheres já foram vítimas de feminicídio em Mato Grosso. A rimeira vítima do mês foi Vânia Cristina Benini, de 40 anos, que estava grávida de seis semanas. O crime aconteceu no dia 5 de junho, em Ribeirãozinho (a 543 km de Cuiabá) e o suspeito, Yuri Alexandre Dias da Silva, de 28 anos, foi preso em flagrante. O crime foi marcado pela insana brutalidade: a vítima foi esfaqueada 39 vezes.

No mesmo dia, mas em Água Boa (a 730 km da Capital), Maria Aparecida Gonçalves da Silva, de 39 anos, foi encontrada morta dentro de casa, no Parque Olímpico. O marido dela alegou que Maria devia dinheiro para uma facção, mas acabou preso por suspeita de ter sido o autor da execução da esposa.

A psicóloga Janaina Carla Portela Santin, de 43 anos, foi a terceira vítima de feminicídio do mês. Ela foi encontrada morta no dia 16, dentro de sua casa, em Sinop (a 500 km de Cuiabá). O marido dela, que é empresário, estava baleado e afirmou que a mulher havia atirado nele e, em seguida, atirado em si mesma. A tese dele não foi confirmada durante as investigações da Poícia Civil e o homem foi detido em flagrante.

A quarta vítima foi Paulina Santana, de 52 anos. O crime aconteceu em Vera (a 458 km de Cuiabá), no dia 13. A mulher chegou a ser socorrida e encaminhada ao hospital, mas não resistiu e morreu quatro dias depois. O ex-marido da mulher foi preso em flagrante. A motivação do feminicídio foi ciúme.

No dia 22, Crisalda Conceição Sousa, de 32 anos, foi morta a facadas pelo companheiro, de 38 anos, em Alto Boa Vista (a 1.059 km de Cuiabá). O suspeito foi preso e autuado em flagrante pelo homicídio qualificado, na forma de feminicídio.

Maria Selma Rocha dos Santos, de 51 anos, também foi morta no dia 22 de junho. O corpo dela foi encontrado enterrado no quintal de uma casa, no residencial Mathias Neves, em Rondonópolis (a 212 km de Cuiabá). Ela estava amordaçada. O suspeito do crime, de 40 anos, era vizinho da vítima e foi preso.

Já na última terça-feira (24), Gleici Keli Geraldo foi morta a facadas, dentro de casa, no bairro Bandeirantes, em Lucas do Rio Verde (354 km ao norte de Cuiabá). O suspeito do crime é o marido da vítima, o engenheiro agrônomo Daniel Frasson, 36 anos, que também tentou matar a filha do casal, de 7 anos, e tirar a própria vida em seguida. Ele sobreviveu e foi preso em flagrante. À Polícia, alega sofrer com depressão.

Também na terça, Roseni da Silva Karnoski, de 52 anos, foi morta com um disparo de arma de fogo, na comunidade Ranchão, zona rural de Nova Mutum (a 264 km de Cuiabá). O marido alega que fazia a manutenção da arma quando efetuou um disparo acidental, mas acabou detido pelo crime. O caso é investigado pela Polícia Civil.

Na madrugada de quinta-feira (26), uma adolescente de 16 anos foi morta em São José dos Quatro Marcos (a 315 km de Cuiabá). O suspeito é um homem de 25 anos, marido da vítima, que também matou Wallisson Rodrigo Scapin Gasques, de 25 anos, que seria amante da jovem. O suspeito, nesse caso, segue foragido.

Já na madrugada dessa sexta-feira (27), Andréia Ferreira de Souza, de 31 anos, foi morta a facadas em Jaciara (a 143 km de Cuiabá). O ex-companheiro da vítima, conhecido como “Índio”, de 47 anos, foi preso na tarde do mesmo dia, na BR-364, entre as cidades de Alto Garças e Alto Araguaia. Segundo a Polícia, a motivação do crime foi ciúmes. O suspeito não aceitou ver a ex na companhia de outro homem e a matou.

FONTE: RDNEWS

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