Após 47 dias de greve, os trabalhadores e trabalhadoras da educação pública municipal de Jangada decidiram, em assembleia geral convocada pela subsede do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), suspender temporariamente o movimento de greve. A decisão foi tomada com base na deliberação coletiva da categoria, e está condicionada ao atendimento integral das reivindicações apresentadas ao Poder Executivo Municipal.
Entre as principais pautas defendidas pela categoria estão: a implementação de gestão democrática nas unidades escolares; a realização de concurso público para suprir a carência de profissionais efetivos; a alteração do Artigo 46 da Lei Municipal nº 609/2014, que trata da jornada dos motoristas da educação; o pagamento do piso salarial nacional da categoria — que já acumula defasagem superior a 32,84% —; além da quitação imediata dos salários do mês de junho, que foram arbitrariamente congelados pela prefeitura como forma de retaliação à greve.
Em meio ao processo de mobilização, a prefeitura recorreu ao Judiciário e conseguiu uma liminar, além de ter sancionado uma nova legislação municipal que determina o retorno imediato dos educadores às atividades letivas a partir de 1º de julho, sob pena de multa. A medida foi criticada pelo sindicato, que denuncia o uso de instrumentos legais para tentar enfraquecer a luta legítima da categoria.

A presidente da subsede do Sintep-MT em Jangada, Célia Costa, reforçou que a greve pode ser retomada, caso a gestão municipal não apresente respostas concretas às demandas dos profissionais. “Optamos por suspender a greve sob esta condição, porque exigimos respeito e um posicionamento formal do poder público. Se até o retorno das aulas, pós-férias, em 21 de julho, não houver avanço, voltaremos à greve com a mesma disposição e força que demonstramos nesses 47 dias”, afirmou.
Já o presidente estadual do Sintep-MT, Henrique Lopes, que acompanhou a assembleia ao lado da vice-presidente Maria Celma Oliveira, da assessoria jurídica e direção regional, destacou que a suspensão da greve não significa recuo. “A categoria avançou, se organizou politicamente e juridicamente. Este é um momento estratégico, não uma rendição. Houve conquistas importantes, inclusive com apoio do Ministério Público e outros órgãos. A luta continua, pois os direitos reivindicados já estão assegurados em lei. Cabe agora ao Executivo cumprir sua obrigação”, ressaltou.
A subsede Sintep/Jangada já protocolou junto à prefeitura o documento que formaliza a suspensão temporária da greve, condicionada ao cumprimento das reivindicações. No próximo dia 7 de julho, está prevista uma nova reunião com a Promotoria de Justiça do Ministério Público do Estado (MP-MT), em Rosário Oeste, para continuidade do diálogo e escuta das demandas dos profissionais da educação.
FONTE: Folha Max