quinta-feira, agosto 7, 2025

Com ciclo de cheias longo, produtores esperam menos queimadas no Pantanal | RDNEWS

Produtores rurais da região do Pantanal, em Poconé (a 104 km de Cuiabá), esperam que a época de queimadas seja menos severa neste ano, graças ao período chuvoso que elevou o nível de água na região e iniciou um novo ciclo de cheias. O presidente do Sindicato Rural de Poconé, Ricardo Arruda, disse em entrevista ao que o cenário atual pode ajudar a reduzir os incêndios, embora o difícil acesso a áreas isoladas, especialmente por causa do alto nível de água, ainda preocupe em caso de novos focos.

“A gente lembra que muitos dos focos de incêndio são provocados sim pela ação do homem, não pelo produtor, mas muitos focos de incêndio têm origem natural. E esses não escolhem onde vão começar, nem o dia, nem a hora”, frisou o médico veterinário e pecuarista.

Annie Souza/Rdnews

Ricardo Arruda, presidente do Sindicato Rural de Pocon�

Uma pesquisa publicada pelo Governo Federal no início de julho apontou uma queda dos incêndios em 97,8% em relação ao ano de 2024, assim como a diminuição dos focos de calor. O Pantanal apresentou nos seis primeiros meses deste ano 86 pontos de queimadas, uma baixa considerável em relação aos 3,5 mil do ano passado. Um mês antes dos resultados serem publicados pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), já havia iniciado em Mato Grosso o período proibitivo, que tem por objetivo prevenir e combater os incêndios florestais no bioma durante o período de seca. 

A redução, no entanto, não garante que 2025 será um ano tranquilo com relação às queimadas. Uma das colocações trazidas por Ricardo é o difícil acesso a determinadas áreas do Pantanal, que se por um lado se beneficia das chuvas, por outro sofre com mais áreas alagadas. “Temos áreas que, nos anos anteriores, nessa mesma época, já conseguíamos acessar e neste ano não conseguimos, pela presença de água. As áreas ainda estão muito úmidas. Mas isso não exime ou extingue a possibilidade de focos”, explicou.

SOS Pantanal

incendio pantanal

Vale lembrar que o Pantanal viveu uma seca histórica e um grande ápice de áreas queimadas em 2024. Mais de um milhão de hectares foram afetados pelo fogo entre janeiro e dezembro do ano passado, número que não se sobrepõe apenas a área queimada em 2020, quando os incêndios atingiram mais de 2 milhões de hectares. O presidente do Sindicato Rural explica que, segundo os saberes de quem vive na região, o Pantanal vive de fases, e nesse momento, após passar por anos de estiagem, passa por seu ciclo de cheia.

“Muitos dizem que o Pantanal vive de ciclos de enchentes e secas. E no entendimento desses, a gente acabou de encerrar, ou passou por um momento muito crítico de secas, foram anos e anos de poucas chuvas, e eles entendem que estamos principiando agora um ciclo de cheias. Aí traçando um paralelo com o científico, a gente tem El Niño, La Niña, esses fenômenos que até pouco tempo a gente não conhecia, e que hoje viraram corriqueiros para a gente. Então, tudo indica que a gente de fato vai passar por momentos mais chuvosos”, relatou.

Na busca por lidar melhor com as queimadas, Ricardo comenta sobre a parceria entre o Corpo de Bombeiros e o Sindicato Rural de Poconé, para a criação de salas de situações. No local se faz o monitoramento de possíveis focos e o controle e combate de eventuais incêndios. “Lá [na Sala de Situação] a gente monitora e acompanha, e os produtores são parceiros a todo momento, de todas as frentes, federal, estadual e municipal, para combater os focos de incêndio”, finalizou Ricardo.

FONTE: RDNEWS

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