PC desmantela ‘depsito’ de cestas bsicas do CV em MT | FOLHAMAX

 

Em um dos endereços visitados pela Polícia Civil durante a Operação Vultus Legis, que mira integrantes da facção criminosa Comando Vermelho (CV) envolvidos em crimes de extorsão a comerciantes de Rondonópolis (215 km de Cuiabá), os policiais confiscaram um verdadeiro estoque de cestas básicas destinadas a ações de assistencialismo para aliciar população carente. As imagens mostram que os “sacolões” contêm arroz, óleo, café, açúcar e outros produtos.

A ação é da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e da Delegacia Especializada de Repressão ao Crime Organizado (Draco). Foram cumpridos sete mandados de prisão preventiva, 10 de busca e apreensão, 11 de quebra de sigilo telemático, além do sequestro de contas bancárias e da indisponibilidade de valores no montante de R$ 86 mil, expedidos pelo Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo) de Cuiabá. As ordens judiciais foram cumpridas nas cidades de Cuiabá, Rondonópolis e no Estado de Sergipe.

O delegado Antenor Pimentel Marcondes, responsável pela investigação, apontou que o esquema de extorsão desenvolvido pela facção criminosa era muito mais amplo do que se imaginava inicialmente, abrangendo vários setores do comércio e outras cidades do Estado de Mato Grosso. 

O esquema criminoso, que inicialmente foi implantado em Várzea Grande, se expandiu para Rondonópolis com o apoio de lideranças locais, com o objetivo de arrecadar valores para a facção por meio das extorsões. Utilizando perfis falsos no WhatsApp, mas ocasionalmente exibindo o rosto, o mentor do esquema, atualmente preso, se identificava como membro da facção criminosa e responsável pelo “setor de contrabando, descaminho e sonegação”. 

Em chamadas individuais e coletivas, ele exigia de comerciantes dos ramos de celulares, tabacarias e distribuidoras o pagamento de uma “taxa sobre faturamento”, calculada com base em notas de compra, venda ou inventário dos estabelecimentos, sob justificativa de um novo “projeto” da facção. Os pagamentos eram realizados via Pix, utilizando contas de terceiros (“laranjas”), ou até em espécie.

O esquema contava também com a participação de faccionados locais, organizados por bairros, incluindo menores de idade, encarregados de coagir comerciantes e buscar valores pessoalmente.

Nos últimos meses, a preferência pelo recebimento em espécie, para evitar rastros bancários, intensificou a coação psicológica e física. Relatos de comerciantes apontam graves impactos psicológicos, com alguns fechando seus estabelecimentos e outros sofrendo complicações de saúde, como infartos e AVCs.

Apesar de conhecerem os faccionados dos bairros, a maioria dos comerciantes se recusa a depor sobre as ameaças que vinham sofrendo, temendo represálias diretas. Vultus Legis, que significa “O rosto da lei”, remete à chegada visível e impositiva da lei onde imperava o medo.

FONTE: Folha Max

comando

Sair da versão mobile