O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), respondeu neste domingo (03) A nota pública emitida pelo Ministério Público Federal em Mato Grosso (MPF/MT) e pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC), que condenaram sua ação atitude e manifestaram solidariedade à professora Maria Inês da Silva Barbosa, após a docente ser impedida de usar linguagem neutra durante sua fala na 15ª Conferência Municipal de Saúde de Cuiabá. O gestor municipal manteve sua posição e declarou que “todes” não existe no dicionário e é excludente às pessoas com deficiência.
Na manifestação, o MPF e a PRDC classificaram a conduta do prefeito como um “ataque à democracia” e destacaram que o evento, por tratar de saúde pública, deveria garantir o “acesso universal e igualitário”, conforme previsto na Constituição Federal.
Rennan Oliveira/Montagem
Da esquerda para a direita, a reitora da UFMT Marluce Souza e Silva, o prefeito Abilio Brunini, a ex-secretária Municipal de Saúde de Cuiabá, Lucia Helena e (no detalhe) a professora Maria Inês.
A nota reforça ainda o compromisso com os direitos fundamentais, a diversidade e a inclusão, e lamentou o silenciamento de “uma mulher negra, pesquisadora e ativista”, em um espaço democrático.
Abilio reagiu por meio das redes sociais e afirmou “compreender o posicionamento político do MPF/MT”, mas manteve afirmou que a palavra “todos” é reconhecida pela língua portuguesa como universal e igualitária, enquanto “todes”, segundo ele, “além de não existir em nenhum dicionário oficial da língua portuguesa, é excludente às pessoas com deficiência, em especial as pessoas surdas e as que possuem dislexia”.
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“Não é razoável que uma entidade séria como o Ministério Público Federal, com brilhantes promotores, defendam sem plausível justificativa, a distorção da língua portuguesa, a militância política na discussão da saúde pública e a exclusão das pessoas com dislexia na universalidade do acesso à saúde”, diz trecho da publicação.
Relembre o caso
Durante a 15ª Conferência Municipal de Saúde de Cuiabá, realizada no dia 30 de julho, a professora Maria Inês, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), foi convidada a compor a mesa de abertura do evento.
Em sua saudação inicial, utilizou o pronome neutro “todes”, o que levou o prefeito a interromper sua fala, alegando que sua gestão não aceitará “doutrinação ideológica” e que se a docente não se sentisse à vontade para se apresentar sem o uso do pronome neutro ele suspenderia a fala de mesma.
Diante da intervenção, Maria Inês optou por deixar a mesa e não prosseguiu com sua participação. O episódio gerou ampla repercussão e críticas de instituições, militantes da causa LGBTQIAPN+ e setores acadêmicos.
FONTE: RDNEWS