Quando um casal decide tentar engravidar, muitas dúvidas surgem sobre o que pode ou não ajudar nesse processo. Uma das mais comuns é se existem posições sexuais que aumentem as chances de concepção. De acordo com a ginecologista, obstetra e gineco-endocrinologista Loreta Canivilo, a resposta é sim.
“Existem posições sexuais que podem facilitar. São as que permitem uma penetração mais profunda”, explica a especialista. Ela cita como exemplos a posição papai e mamãe e a de quatro.
“Nessas posições, a ponta do pênis fica próxima ao colo do útero. Isso permite que o esperma seja depositado mais perto desse canal, reduzindo o caminho que os espermatozoides precisam percorrer.”
Ainda assim, Loreta esclarece que o corpo humano tem mecanismos próprios que facilitam o processo de fecundação, independentemente da posição sexual. “Evidências científicas mostram que, após a ejaculação, os espermatozoides migram rapidamente do canal vaginal até o útero. Esse processo nem vai depender de forma tão significativa da posição sexual ou de como o corpo fica depois da relação.”
De acordo com a ginecologista, a movimentação dos espermatozoides é facilitada pelas contrações do útero, que funcionam como se estivessem puxando-os para dentro, além da ação do muco vaginal, que favorece esse trajeto.
Hábitos que atrapalham a fertilidade do casal
Não é só a posição sexual que pode impactar a fertilidade do casal. Há diversos fatores ligados ao estilo de vida que também interferem nesse processo. “Tabagismo, consumo excessivo de álcool e uso de drogas recreativas, como a maconha, prejudicam a qualidade do sêmen. O sedentarismo reduz a circulação sanguínea e piora a qualidade e concentração dos espermatozoides”, aponta.
O excesso de peso também influencia, especialmente entre os homens. “O homem que está acima do peso pode ter uma pior produção de espermatozoide, então, controlar o peso é importante.”
Já nas mulheres e nos homens, uma dieta desequilibrada rica em açúcar, gordura e ultraprocessados interfere na fertilidade. “Comer direito, muita verdura, carne, fruta, isso contribui para o equilíbrio hormonal e melhora a qualidade dos gametas.”
O estresse também merece atenção, especialmente quando é crônico. “Eleva os níveis de cortisol, o que pode desregular os hormônios. Mas é preciso lembrar que tem que ser um estresse crônico, como em situações de violência ou traumas contínuos. Não é um dia ruim que vai fazer isso”, explica Loreta.
Ansiedade e tensão também podem reduzir a frequência das relações sexuais, o que impacta diretamente na chance de concepção. O sono é outro quesito fundamental. “As pessoas precisam dormir bem. O descanso é muito importante para a produção hormonal.”
Dicas para casais que estão tentando engravidar
Para casais que estão tentando engravidar e não estão tendo sucesso, a médica reforça que focar apenas na posição sexual não é suficiente. “Melhore o estilo de vida, fique mais saudável, tenha uma boa alimentação e controle de peso, faça a prática regular de atividade física, e cuide bem do estresse e sono. Evitar álcool, tabaco e drogas durante o período das tentativas é essencial.”
Loreta também recomenda atenção ao tempo de tentativa. “Se você tem menos de 35 anos e está tentando há mais de 12 meses, procure ajuda médica. Se tem mais de 35 anos, esse período reduz para seis meses.”
Por fim, a idade é um fator determinante para a fertilidade. “Quanto mais jovem, maior a fertilidade. Abaixo de 30 anos, a chance de engravidar é de 15 a 20% por ciclo menstrual. De 31 a 35 anos, cai para 15%. De 36 a 39 anos, é 10%. E de 40 a 44 anos, a chance é de apenas 5% ao mês”, finaliza a especialista.
FONTE: Folha Max