quinta-feira, novembro 27, 2025

Após Lei do Pantanal, produtor vê êxodo da pecuária no bioma: Difícil aplicação | RDNEWS

Após Lei do Pantanal, produtor vê êxodo da pecuária no

O que um dia foi uma das principais atividades impulsionadoras do estado de Mato Grosso na região do Pantanal, a pecuária, hoje, já quase não existe da mesma forma nos municípios que compõem o bioma. A afirmação foi feita pelo presidente do Sindicato Rural de Poconé, Ricardo Arruda, que, em entrevista ao , também explicou sobre a atual situação da pecuária extensiva no local, principalmente depois da sanção da Lei do Pantanal, em 2020. “Hoje, a principal atividade produtora do município, que gera emprego e renda, não é a pecuária, não é a atividade rural, é a mineração. E o que tem de pecuária, o que tem de produção hoje no município, não está no Pantanal”, esclarece Ricardo. 

Annie Souza/Rdnews

Ricardo Arruda, presidente do Sindicato Rural de Pocon�

O cenário se reflete em números: cerca de 80% do rebanho bovino dos municípios que compõem o Pantanal ocupa apenas 20% das áreas, locais nomeados de “firmes” – fora das áreas alagáveis. A definição é feita devido ao fato de uma mesma propriedade, por exemplo, poder ser composta por partes que estejam e não estejam dentro do Pantanal, como explica Ricardo. “Essas áreas onde estão os rebanhos bovinos não são Pantanal, já estão no firme. Já não é Pantanal, inclusive, por classificação. Essa pecuária hoje está nas áreas de Cerrado. E houve um grande êxodo da pecuária, mas também do pantaneiro.”, pondera o gestor. 

Em contrapartida, Ricardo pontua que justamente nessas áreas em Poconé onde a pecuária consegue ser mantida, a atividade passa por um processo de evolução consistente. “Hoje a gente já tem presença de agricultura, então, aqui na Baixada Caranã, a gente não faz safrinha, a gente faz o que a gente chama de integração, muitas vezes: pecuária e lavoura e isso tem esse significado muito. Mas, infelizmente, a pecuária que é tradicional, pecuária que foi berço dessa grande pecuária que é do Estado do Mato Grosso, hoje, ela no Pantanal, praticamente, inexiste”, explica. 

Um dos obstáculos apontados pelo gestor é a legislação ambiental específica do bioma. A Lei nº 8.830/2008, conhecida como “Lei do Pantanal”, foi regulamentada em 2020, após os incêndios que devastaram a região. Ela impõe exigências como o monitoramento das áreas de cinco em cinco anos, incluindo pastagens e cursos d’água, e a elaboração de relatórios técnicos pelos produtores que queiram trabalhar nas áreas do Pantanal.

Adriano Gambarini/ WWF-Brazil

Pecu�ria extensiva no Pantanal mato-grossense

Apesar de uma flexibilização aprovada em 2022, que permite, por exemplo, restaurar gramíneas nativas para favorecer a pastagem, o produtor considera a lei de difícil aplicação. “Ela é onerosa financeiramente e complicada na execução. Se entendemos que a presença do produtor, que a presença da atividade pecuária no Pantanal é interessante para o Estado, do ponto de vista econômico, social e ambiental, então, a gente precisa discutir, propor, monitorar essa legislação. Porque do que vale uma legislação se ela não é aplicada na prática”, defende.

O “abandono” das áreas do Pantanal é também um fator que preocupa na luta contra as queimadas. Ricardo pontua que a presença do produtor rural na região é necessária para auxílio no controle de incêndios, como em situações tais quais as vividas em 2020. “Quando você tem focos de incêndio, aí a gente tem que recordar, infelizmente, 2020, isso fica incontrolável, porque você não tem o produtor, não tem como acessar, como dar o primeiro combate”, analisa o gestor. 

FONTE: RDNEWS

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