Rodinei Crescêncio/Rdnews
A artrose de joelho é uma das principais causas de dor e limitação na população adulta e idosa. Quem convive com esse problema sabe bem como atividades simples — como caminhar, subir escadas ou até mesmo dormir — podem se tornar um grande desafio. Tradicionalmente, o tratamento inclui medicamentos, fisioterapia e, em casos mais avançados, cirurgias.
Mas uma pergunta importante começa a surgir no meio médico: será que o PRP (plasma rico em plaquetas) pode se tornar o novo padrão de tratamento para a artrose de joelho?
Essa reflexão foi tema de um artigo publicado em 2025 por Suarez-Ahedo na revista Arthroscopy, uma das publicações científicas mais respeitadas do mundo na área de ortopedia e cirurgia artroscópica. O autor é um dos especialistas internacionais mais reconhecidos no campo da medicina esportiva e regenerativa, com diversas publicações sobre terapias biológicas. Isso confere ainda mais relevância e credibilidade às conclusões do estudo.
O que é o PRP?
O PRP é obtido a partir do próprio sangue do paciente. O sangue é coletado, centrifugado, e então as plaquetas — células responsáveis pela cicatrização — são concentradas e aplicadas diretamente na articulação doente. Essas plaquetas liberam fatores de crescimento e proteínas que ajudam a reduzir inflamação, estimular a reparação tecidual e melhorar a função do joelho.
Na prática, trata-se de usar o próprio corpo como remédio.
O que diz o artigo?
Segundo Suarez-Ahedo, os estudos mais recentes mostram que o PRP não é apenas uma opção experimental. Ele tem apresentado resultados superiores quando comparado a outros tratamentos injetáveis tradicionais, como o ácido hialurônico (conhecido como viscossuplementação).
Entre os principais benefícios destacados:
* Redução da dor: pacientes relatam alívio significativo e duradouro
* Melhora da função: mais facilidade para andar, subir escadas e realizar atividades do dia a dia
* Segurança: por ser feito do próprio sangue, o risco de rejeição ou complicações é muito baixo
* Efeito regenerativo: ao contrário de medicações que apenas controlam os sintomas, o PRP pode ajudar na reparação do tecido articular
O autor sugere que já é hora de reformular as estratégias biológicas no tratamento da artrose e considerar o PRP não como alternativo, mas como padrão de primeira linha.
O que isso significa para você?
Se você sofre de artrose de joelho, provavelmente já ouviu falar em fisioterapia, anti-inflamatórios, infiltrações com corticoide ou ácido hialurônico. O PRP aparece como uma alternativa moderna, baseada em evidência científica, que pode oferecer resultados mais consistentes.
Isso não significa que todos os pacientes devem abandonar os tratamentos tradicionais ou que o PRP substitui a cirurgia nos casos avançados. Mas ele representa uma nova esperança, especialmente para quem busca adiar uma prótese de joelho ou deseja opções menos agressivas.
Conclusão
O artigo de Suarez-Ahedo, publicado na conceituada revista Arthroscopy em 2025, reforça uma tendência mundial: a medicina regenerativa está ganhando cada vez mais espaço na ortopedia. O PRP, antes visto como uma terapia experimental, agora se posiciona como forte candidato a novo padrão de cuidado para a artrose de joelho.
Em outras palavras: o futuro já começou, e ele pode estar dentro do seu próprio sangue.
Fellipe Ferreira Valle é formado em medicina pela Universidade de Medicina de Teresópolis -RJ, realizando posteriormente residência médica em ortopedia na Santa Casa de Belo Horizonte onde também realizou especialização em cirurgia do joelho e cirurgia do ombro e cotovelo. É também membro fundador da Sociedade Brasileira de Regeneração Tecidual e Socio efetivo da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Professor de medicina na UNIVAG e preceptor da residência de ortopedia da UNIC. Instagram :@dr.fellipe
FONTE: RDNEWS