Um relatório técnico produzido em julho de 2025 revela os impactos ambientais severos provocados pela ocupação irregular da Fazenda São José Capão da Certeza, localizada às margens da Avenida Contorno Leste, em Cuiabá. A área, invadida de forma violenta no início de 2023, sofreu devastação ambiental em larga escala, incluindo desmatamento, queimadas e supressão de vegetação em áreas de preservação permanente (APPs) e de reserva legal.
Segundo o documento, logo após a invasão, os ocupantes utilizaram tratores e maquinário pesado para remover a vegetação nativa sem qualquer autorização dos órgãos ambientais. A supressão atingiu cerca de 68% da área total da fazenda, sendo que 44,89 hectares pertenciam à área de reserva legal que até então estava integralmente preservada.
O relatório aponta que também houve ocupação e construção de moradias em margens de córregos, áreas protegidas por lei, o que agrava o risco de contaminação da água, erosão e assoreamento. Além disso, imagens registradas durante o processo de invasão mostram que os invasores atearam fogo em materiais inflamáveis, gerando fumaça tóxica e poluição atmosférica.
A queima e o desmatamento resultaram inclusive na morte de animais silvestres. “Desde o início da ocupação, os ocupantes promoveram a supressão e a ocupação de aproximadamente 68% da área total do imóvel”, aponta o relatório, ressaltando que o uso de maquinário sem controle técnico e sem licença ambiental é considerado crime ambiental.
Além dos danos ao solo e à vegetação, o documento também detalha problemas decorrentes da ausência de coleta de lixo, com acúmulo de resíduos sólidos e restos de construção espalhados pelo terreno, e o risco de contaminação do lençol freático por fossas sépticas e poços artesianos clandestinos, perfurados sem qualquer controle técnico ou autorização dos órgãos competentes. A equipe técnica recomenda, entre outras medidas, a demolição das estruturas erguidas irregularmente, retirada do entulho, desativação dos poços e fossas ilegais, e a recuperação das áreas degradadas com o reflorestamento das APPs.
A fazenda em questão é objeto de processo judicial de reintegração de posse, com decisões favoráveis aos proprietários. O relatório reforça a urgência da desocupação da área, tanto para garantir o direito de propriedade quanto para interromper a degradação ambiental em curso.
FONTE: Folha Max