Do juvenil em Roland Garros ao ITF de Cuiabá: a trajetória de Thaísa Pedretti | RDNEWS

Rodinei Crescêncio

A tenista brasileira Thaísa Grana Pedretti é uma das estrelas que participa do ITF World Tennis Tour, que acontece nesta semana no Cuiabá Tênis Clube, em Cuiabá. O torneio reúne nomes consagrados do circuito internacional e distribui US$ 30 mil em premiações, consolidando-se como um dos principais eventos do calendário da modalidade no Brasil.

Dedicada e consistente, Thaísa representa o Brasil no circuito internacional, destacando-se pelo empenho e pelos resultados que vem construindo dentro e fora das quadras.

Em entrevista especial ao , Thaísa Pedretti falou sobre a sua trajetória no tênis onde coleciona sete títulos ITF e ocupa atualmente a 478ª posição do ranking mundial. Além da competição, ela aproveita a passagem por Cuiabá para rever familiares.

Confira, abaixo, os principais trechos da entrevista
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Trajetória no tênis

Bom, eu comecei aos 7 anos de idade em São Bernardo do Campo, por incentivo do meu pai. Meu pai jogava futebol, chegou a jogar profissionalmente, só que machucou. Encontrei o tênis e um certo dia me levou ao clube, estava tendo aula para criançada na primeira quadra, paixão pela primeira vista, me colocou no tênis e desde então tudo mudou. Eu já fiz futebol, hipismo, natação, fiz vários esportes.

Meu pai me apresentou um leque de modalidades e eu escolhi o tênis. Bom, com 12, 13 anos saí de casa para buscar meu sonho, com 14 anos comecei a jogar torneios profissionais e desde então consegui jogar os grandes lances juvenis, Roland Garros, West Open, Wimbledon. Então assim, foi uma trajetória incrível, maravilhosa que eu tive no juvenil.

E agora nessa luta no circuito profissional, conheço mais de 30 países. Sou muito agradecida a Deus por todas as oportunidades que ele vem me apresentando, me mostrando. É bom, muito feliz de estar aqui em Cuiabá, metade da minha família é daqui. É a primeira vez que eu estou aqui também, então fico muito feliz de estar conhecendo aqui e passando essa semana aqui.

Agora o desafio é em Cuiabá. Como foi a preparação fisicamente e mentalmente para a competição deste fim de semana?

Bom, super bem. A preparação começou há algumas semanas, né? Já estou tomando soro, um litro e meio de soro por dia para se preparar para cá. Então, mentalmente também, né? Aqui é um lugar de muito calor, então tem que, assim, se preparar ao máximo, se hidratar ao máximo, né? Que isso vai fazer total diferença se for um jogo longo. Então, estou muito feliz também, minha torcida vai me prestigiar. Então é isso, é aproveitar e desfrutar ao máximo todos os dias que eu estou passando aqui.

Qual a importância desse torneio no seu calendário e na sua trajetória profissional no tênis?

É muito importante, né? Cada vez mais torneios aqui no Brasil fomentam o tênis de uma maneira grande, ainda mais aqui em Cuiabá, né? Que é muito sempre São Paulo, Rio de Janeiro. Então, sendo aqui em Cuiabá, dá oportunidade, saiu do eixo, dá mais oportunidade para os juvenis, para a molecada que está vindo, né? Que nunca vê o tênis. Porque muitas vezes o pessoal vê o tênis na TV e acha que é uma coisa, assim, impossível de se alcançar.

Com muita garra e vontade e amor a gente consegue estar nesse meio. Então é muito legal trazer para cá e ainda mais que minha família é daqui. Então, assim, tem um toquezinho especial.

O circuito ITF é bastante competitivo. O que você espera enfrentar das adversárias nesta competição?

Super competitiva, todos os adversários eu conheço, já joguei com todos já que estão aqui. A gente toda semana está viajando, está indo para fora, então a gente conhece cada uma. Então, assim, mais um torneio difícil, como todos são, né? Só que é isso, quem estiver mais preparada vai se sair melhor.

Como está a adaptação às condições de quadra e clima da região?

Gostei muito. Não sabia da existência do Cuiabá Tênis Clube. Então as quadras são ótimas, a organização está ótima, o pessoal nos trata super bem, sabe? Tenta nos ajudar da melhor maneira.

E a estrutura está muito boa, muito quente. Sinceramente, eu nunca tinha ido para um lugar tão quente como esse. Mas estou me acostumando cada dia mais e hidratando, como eu disse, é o mais importante.

Tenho certeza que tem muitas crianças que se inspiram em nós


Thaísa Pedretti

O tênis feminino brasileiro vem crescendo nos últimos anos. Como você enxerga o seu papel nesse movimento de fortalecimento da modalidade?

Ah, com certeza. Eu tenho certeza que tem muitas crianças que se inspiram em nós, se inspiram em mim. Então é sempre mostrar que tudo é possível, com muita resiliência. E eu tenho esse papel de mostrar que tudo é possível. Muitas pessoas veem o tênis como um esporte de rico e realmente é um esporte muito caro.

Só que, assim, eu não tenho patrocínio. Sempre foi meu pai me trazendo e me ajudando. E hoje, o dinheiro que a gente ganha na semana do torneio, a gente usa para bancar o resto das coisas.

Então não é fácil, mas é muito gratificante poder conhecer culturas novas, países novos. E correr atrás do sonho, que eu acho que isso é fundamental na vida, né? Ter um propósito. 

Quais são suas principais metas para a temporada e como este torneio pode contribuir para alcançá-las?

Então, eu estou voltando de lesão, né? Tive uma lesão na panturrilha chata. Então eu estou voltando agora. Depois daqui vai ter vários outros torneios. Então, com certeza que é uma preparação para essa minha volta, para pegar ritmo cada vez mais. E começar a jogar torneios maiores, né? Que é onde eu quero estar. Então, é um primeiro passo, vamos dizer assim.

O tênis exige muito da parte mental. Você tem alguma rotina ou estratégia específica para manter o foco durante os jogos?

Ah, com certeza. Tem que ter, né? O tênis é um esporte, eu diria, 99% mental. Tem que ter terapia, tem que ter tudo. Hoje você pode ver também no circuito profissional, cada vez os profissionais estão precisando mais dessa parte psicológica. Porque exige muito. A gente fica longe de casa por muito tempo no ano. 40 semanas jogando, viajando. Então, assim, não é fácil.

Então, tem que ter esse auxílio, tem que ter essa ajuda para a gente conseguir desfrutar. Porque chega uma hora que, assim, é pressão, é desgastante. Então, você tem que gostar muito, você tem que amar muito o que você faz, sabe? Então, acho que isso é o principal.

Como é a sua rotina de treinos atualmente e quais aspectos você mais vem trabalhando para evoluir dentro de quadra?

É das 7h da manhã às 6h da noite. É basicamente isso. Acordo todo dia 5h30, 6h da manhã. Começo com a parte de aquecimento, tudo, depois a quadra. Físico de manhã, pausa para o almoço. 1h50 eu volto, de novo, quadra e mais físico.

Então, devo treinar aí umas 8h por dia. Mas, assim, tem que gostar muito, que é desgastante. Mas quem gosta vale muito a pena.

Rodinei Crescêncio

Se você pudesse descrever o seu estilo de jogo em uma palavra, qual seria?

Resiliência.

Quem é a sua maior inspiração no tênis e por quê?

Olha, eu gosto muito, ela aposentou, né? Mas eu gosto muito da Ashleigh Barty, é uma australiana. Eu me identifico muito com ela, que a gente tem mais ou menos a mesma estatura. Ela é uma pessoa muito resiliente também, como eu. E ela tem muitas, como pode dizer, ela suja muito o jogo.

Tem slice, drop, é o que tá faltando hoje, eu vejo, no tênis feminino, né? Então, ela tinha muitas variações. É como eu vejo o meu jogo hoje também. Então, ela seria quem eu gosto muito.

Que mensagem você gostaria de deixar para jovens atletas que sonham em seguir carreira no tênis, assim como você?

Bom, eu diria para nunca desistir dos seus sonhos. A vida é dura, muitas vezes vai te passar uma rasteira. Só que é isso, é quem consegue sair do fracasso, né? Eu diria, do fracasso não, mas dessas caídas, quem sai mais forte, eu diria que é sem persistir, nunca desistir dos seus sonhos. Porque quem quer muito, com certeza vai chegar. E eu, uma menina de sete anos, né? Eu não imaginei que eu fosse estar jogando os grandes lances, torneios grandes e podendo estar aqui hoje.

Então, assim, é muito gratificante. Só agradecer a Deus pela oportunidade e eu diria isso, sigam firme porque tem muita coisa boa pela frente.

FONTE: RDNEWS

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