quinta-feira, setembro 11, 2025

Três meses sem Herus: mãe chora por transparência e repudia nomeação de ex-comandante do Bope


Mônica, mãe de Herus, morto em operação do Bope no Santo Amaro
Reprodução/TV Globo
Mônica Mendes, mãe de Herus Guimarães Mendes implorou, por transparência nas investigações sobre a morte do filho. O office-boy foi baleado em uma operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) durante uma festa junina na favela do Santo Amaro. Ela também questinou a nomeação de Aristheu de Goes Lopes, comandante do Bope na ocasião, para o cargo de superintendente de Gestão Integrada da PM.
Na mesma semana em que a morte de Herus completou três meses, o g1 confirmou que um inquérito policial militar (IPM) da Corregedoria da Polícia Militar indiciou dois policiais pela morte do jovem. O documento já chegou ao Ministério Público junto à Auditoria de Justiça Militar.
“Eu imploro, eu suplico por transparência. Eu só peço que é meu por direito. Transparência no assassinato do meu filho. É só isso que eu quero”, disse ela, chorando, em entrevista ao g1.
Mônica lembrou que o jovem não tinha nenhuma passagem pelo crime organizado. “Tentaram acabar com o caráter do meu filho, o qualificando a traficante, vigia. Tudo isso caiu por terra”
Herus Guimarães Mendes
Reprodução
Nomeação é ‘tiro de fuzil’, diz mãe
Coronel exonerado após operação com morte em festa junina no Morro Santo Amaro é nomeado para novo cargo na PM
No dia seguinte à operação, o governador Cláudio Castro (PL) exonerou os comandantes do Bope e do Comando de Operações Especiais (COE) e afastou outros 12 policiais das ruas.
Três meses depois, Aristheu de Goes Lopes, comandante do Bope na ocasião, foi nomeado para o cargo de superintendente de Gestão Integrada da PM. A nomeação aconteceu após o fim do inquérito da Corregedoria.
A mãe de Herus também comentou a nomeação, e argumentou que ela jamais poderia acontecer em pleno andamento das investigações.
“Estou sangrando por dentro. Eu recebo essa nomeação como um tiro de fuzil. É isso que o Estado o governador do Estado está fazendo com os pais do Herus, com o filho dele, o Theo, de 2 anos”, disse Mônica.
A mãe do jovem diz que uma das maiores dificuldades dos últimos três meses é conseguir suprir a falta de Herus para o seu neto.
“O Theo teve febre emocional durante dias pela falta do pai. Ele só sabe sentir a falta do Herus. A gente tá tentando preenche”.
Como está a investigação
Pais de Herus foram ao velório do filho com uma foto do jovem com o filho e o crachá da empresa onde ele trabalhava
Reprodução/ TV Globo
O inquérito policial militar foi enviado para a promotoria do Ministério Público junto à Auditoria de Justiça Militar. O relatório final da investigação da Corregedoria não foi publicado no Boletim Interno da PM.
Agora, o MP aguarda a conclusão do inquérito da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e pretende ouvir novas testemunhas esta semana, no âmbito da investigação conduzida pelo Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (Gaesp/MP). Só então o órgão vai decidir se vai apresentar denúncia.
No procedimento interno do Ministério Público, já foram ouvidas cerca de 12 pessoas, entre investigados, testemunhas e familiares, em diligências próprias.
Paralelamente, a Divisão de Evidências Digitais e Tecnologia (DEDIT/MPRJ) finaliza a análise técnica dos dados e registros coletados, incluindo a elaboração de um modelo tridimensional do cenário dos fatos, com base em tecnologia de alta precisão.
Santo Amaro tem tiroteio em ação policial durante festa junina
PM confirmou disparos
Sargento Daniel Sousa da Silva, do Bope
Reprodução
Um dos indiciados pela corregedoria é o sargento Daniel Sousa Silva, do Batalhão de Operações Especiais (Bope), que confessou na delegacia ter atirado 13 vezes após sua equipe ter sido atacada a tiros por criminosos.
Em depoimento na 9ª DP (Catete), o sargento Daniel Sousa da Silva, do Bope, disse que foi o único de sua equipe a realizar disparos, na madrugada de sábado (7), na Rua Marília Toninni, no alto do Morro Santo Amaro.
Ele ressaltou que os tiros foram uma resposta a disparos de traficantes contra a ação policial – contrariando a primeira nota da PM após o fato, que afirmava que os policiais não dispararam naquela noite.
O depoimento foi obtido com exclusividade pelo RJ2, dias após a morte de Herus.
A comunidade recebia uma festa junina tradicional no momento da ação do batalhão e tinha visitantes de outras regiões que participavam do evento.

FONTE: Lapada Lapada

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