Um caso tomou conta das redes sociais e fez com que muitas jovens, especialmente na faixa dos 18 anos 22 anos, ficassem em alerta sobre propagandas de influenciadores. Criadoras de conteúdo com milhões de seguidores fizeram publicidade de uma empresa que está sendo investigada pela Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol, na sigla em inglês) por suspeita de tráfico humano.
Trata-se da Alabuga Start. A instituição foi alvo de uma série de investigações e matérias apontando o mesmo modus operandi vendido pelas influenciadoras brasileiras, mas com jovens africanas. Aqui no Brasil, influenciadoras falavam da “oportunidade” sob o codinome Start Program, mas com o mesmo site da empresa investigada pela Interpol.
Segundo o relatório da Iniciativa Global contra o Crime Organizado Transnacional (GI-TOC, na sigla em inglês), várias mulheres descreveram que a carga horária do trabalho eram longas e com vigilância constante, além de enfrentarem problemas de saúde pela exposição a produtos químicos cáusticos.
Como funciona o aliciamento investigado até agora
As mulheres eram convencidas a entrar no programa sob a premissa de fazer vários cursos e crescer profissionalmente na Rússia;
Ao chegarem lá, descobriam que teriam que produzir armas de guerra;
Outras mulheres relataram que trabalhavam também como faxineiros e fornecedores de serviços de buffet;
O programa as obrigava a montar milhares de drones de ataque projetados pelo Irã para serem lançados na Ucrânia, segundo revelou a Associated Press em 2024.
O caso ganhou repercussão nas redes após denúncias dos influenciadores Guga Figueiredo e Jordana Vucetic. Guga, inclusive, expôs um vídeo da cantora Mc Thammy anunciando a empresa no Instagram. O vídeo de alerta dele soma mais de 700 mil visualizações. Posteriormente, ele compartilhou vídeos de outras influenciadoras que também faziam a publicidade.
As propagandas foram feitas também por outros nomes, como Catherine Bascoy, Aila Loures e Isabela Duarte, em vídeos veiculados no Instagram e no TikTok. As publicações foram apagadas após a repercussão, assim como o perfil da empresa nas redes sociais.
Entre os “benefícios” anunciados pelas influenciadoras estava um salário de cerca de 670 dólares por mês (cerca de R$ 3.564), mas o valor variava nos vídeos. Além disso, a participação no programa incluía passagens de avião, alojamento, seguro médico e aulas de russo, tudo gratuito.
No vídeo que mais repercutiu envolvendo MC Thammy, ela diz ainda que a documentação de imigração também estaria entre os termos bancados pela empresa, assim como a garantia de trabalho legal. O programa duraria dois anos e teria vagas em várias áreas como hospitalidade, alimentação, logística e produção.
Após a repercussão negativa do caso, MC Thammy chegou a se pronunciar nas redes sociais e explicou porque apagou o vídeo onde fazia a propaganda. Segundo a cantora, ela jamais apoiaria algo que fosse prejudicial às pessoas.
“Fiz a publi contratada, porque mostraram muitas coisas para comprovar que, de fato, o programa existe, inclusive apresentando documentações. Também verificamos que essa ‘publi’ estava sendo feita por influenciadores muito grandes, inclusive, recentemente, outros influenciadores também estavam postando e nunca houve nenhum tipo de questionamento”, afirmou.
Segundo MC Thammy, após a repercussão ela acionou a equipe jurídica para cuidar do caso. “O que posso garantir é que vocês nunca mais verão algo deste tipo de divulgação aqui. Conteúdo apagado, aprendizado e página virada.”
As outras influenciadoras mencionadas na matéria foram procuradas pelo Metrópoles para se manifestar sobre a divulgação feita nas redes sociais. O espaço segue aberto e o texto será atualizado em caso de retorno.
O que se sabe sobre a Alabuga Start
No site, a empresa afirma que a empresa fica localizada no Tartaristão, na Rússia. A cidade é conhecida como a maior distribuidora de drones para os militares russos, segundo o portal The Moscow Times.
A repercussão internacional do caso começou em 2024, com histórias de mulheres que deixaram países da África como Uganda, Ruanda, Kenya, Sudão do Sul, Serra Leoa, Nigéria e Sri Lanka. Assim como os anúncios do Brasil, as mulheres que podiam concorrer à “oportunidade” deveriam ter entre 18 e 22 anos.
No site, não há nenhum indício de que a empresa tem funcionamento legal no Brasil.
FONTE: Folha Max