O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira (6).
João Valério/GESP
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), fez uma brincadeira durante coletiva de imprensa desta segunda-feira (6) ao comentar a reunião com representantes do setor de bebidas sobre os casos crescentes de intoxicação por metanol no estado.
Tarcísio afirmou ainda que a indústria tem se mostrado disposta a ajudar nas investigações, mas que, pessoalmente, ele deve começar a se preocupar em consumir bebidas quando a falsificação chegar aos refrigerantes que ele consome.
“Nós ouvimos uma vontade enorme de colaborar, quem estava aqui eram os fabricantes, os maiores fabricantes, os maiores players do Brasil estavam na mesa, que fabricam as maiores bebidas que são objetos de falsificação, Jack Daniels, Johnny Walker, enfim, todas essas bebidas que são objetos de falsificação, não vou me aventurar nessa área que não é minha praia”, afirmou.
“No dia em que começarem a falsificar Coca-Cola eu vou me preocupar. Ainda bem que ainda não chegaram nesse ponto. E a minha é [coca] normal [com açúcar na fórmula]”, declarou Tarcísio.
O estado de São Paulo concentra a maior parte dos registros do país de intoxicação pelo metanol em bebidas, com 15 casos confirmados e 179 sob análise. Isso representa mais de 82% do total do país, segundo o Ministério da Saúde.
Segundo o governo paulista disse na coletiva desta segunda (6), a Polícia de São Paulo trabalha com duas linhas principais de investigação sobre as bebidas “batizadas” com metanol, que causaram diversas internações e mortes no estado.
Uma delas é que o metanol teria sido usado para a higienização de garrafas reaproveitadas que acabaram não indo para a reciclagem, segundo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
Brasil tem mais de 200 casos de intoxicação por metanol em investigação
Outra hipótese é o uso do metanol para aumentar na produção o volume de bebidas falsificadas. Uma possibilidade é que a intenção do falsificador fosse adicionar etanol puro, sem saber que o produto estava contaminando com metanol.
A perícia feita pela Superintendência de Polícia Técnico-Científica confirmou a presença de metanol em bebidas de duas distribuidoras no estado.
🔎 Até a manhã de segunda-feira, o estado de São Paulo tinha 192 registros de contaminação por metanol, segundo os dados do governo. São 14 casos confirmados (incluindo 2 mortes) e 178 em investigação (incluindo 7 mortes).
A morte da mulher de 30 anos em São Bernardo é a terceira no estado, mas não foi incluída ainda no último balanço porque foi informada depois da divulgação.
Existem regras de logística reversa que, infelizmente, não estão sendo cumpridas. Um grande insumo para o falsificador é a garrafa que foi consumida e que deveria ir para a reciclagem, o que não está acontecendo. Ela é comprada no mercado clandestino e facilita esse objeto de falsificação.
Em entrevista à imprensa na segunda, o governador disse que vai solicitar à Justiça a destruição de garrafas, rótulos, lacres, tampas e selos apreendidos durante as ações de fiscalização.
Só na última semana, mais de 7 mil garrafas suspeitas de falsificação ou adulteração foram recolhidas.
Tarcísio e o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, afastaram qualquer participação do PCC ou de outras facções criminosas, argumentando que o negócio é pouco lucrativo em comparação com o tráfico de drogas.
O governador Tarcísio de Freitas durante entrevista coletiva sobre intoxicação de bebidas por metanol em SP
ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Quais bebidas estão sendo ‘batizadas’ com metanol?
Os casos de intoxicação por metanol identificados até agora envolvem bebidas destiladas, como vodca e gin.
No entanto, especialistas reforçam que, neste momento, nenhuma bebida pode ser considerada totalmente segura. O risco maior, porém, está nos destilados, especialmente os incolores.
De acordo com médicos ouvidos pelo g1, cerveja, vinho e chope apresentam menor vulnerabilidade à adulteração com metanol, principalmente pela forma de produção e envase. A cerveja em lata é apontada como a opção de menor risco, já que o recipiente é mais difícil de ser adulterado.
Como identificar metanol na bebida?
Não é possível identificar a presença do metanol apenas olhando, cheirando ou provando a bebida. Ele não altera cor, odor ou sabor, e só pode ser detectado por testes laboratoriais. Por isso, especialistas o chamam de “substância traiçoeira”.
Autoridades recomendam que consumidores fiquem atentos a embalagens suspeitas (como lacres tortos ou rótulos mal impressos), desconfiem de preços muito baixos e sempre exijam nota fiscal.
A Abrasel, entidade que representa bares e restaurantes, orienta que garrafas vazias sejam inutilizadas para evitar que falsificadores as reutilizem.
Autoridades orientam a população a:
Desconfiar de preços muito baixos;
Comprar apenas em locais conhecidos;
Verificar se as garrafas têm lacre e selo fiscal.
Em caso de sintomas, a recomendação é procurar atendimento médico imediato e informar a origem da bebida para ajudar na investigação.
FONTE: Lapada Lapada
'No dia que começarem a falsificar Coca-Cola, vou me preocupar', diz Tarcísio sobre intoxicações por metanol em SP
