Um artigo publicado pela National Library of Medicine revela que a doença cardíaca isquêmica, condição em que o coração não recebe sangue e oxigênio suficientes, é a causa mais comum de mortalidade entre as doenças cardiovasculares. A publicação afirma também que, com o aumento da frequência de calores extremos, resultantes do palpável aquecimento global, o impacto das altas temperaturas para pacientes que vivenciam a doença se tornará cada vez mais evidente.
Pixabay
O médico cardiologista Daniel Diehl explica que, como o corpo humano passa por uma variação de 36,5º C a 37° C, temperaturas altas como as registradas em Cuiabá nos últimos anos, que chegam a passar da casa dos 40°C, podem desencadear sérias descompensações no organismo – e principalmente no coração.
“O calor, por si só, geralmente não causa um infarto. Mas aqueles pacientes que já têm os fatores relacionados, como a pressão arterial descompensada, diabetes, são sedentários, obesos, podem descompensar esses fatores e, aí sim, contribuir para o agravamento e culminar com um infarto, um derrame cerebral. No calor, acontece também maior desidratação e a falta de água no nosso organismo, que está muito associada ao comprometimento da circulação do sangue”, explicou.
Rodinei Crescêncio/Rdnews

O especialista esclarece que, com a desidratação, o sangue tende a ficar mais “grosso”, prejudicando a circulação. Daniel pontua que, se o sangue não circula bem para o cérebro, os riscos de derrame aumentam, assim como se não circula bem no coração, crescem os riscos de infarto.
O profissional alerta ainda sobre os riscos de exposição ao sol, tanto para pessoas que já tenham predisposição para doenças cardíacas quanto para as que não têm.
“Uma dica muito importante, principalmente em idosos mais frágeis, é manter o estado de hidratação normal. Se está mais nessa época do ano em Mato Grosso, a gente precisa ter uma atenção redobrada com a hidratação e com a ingestão de líquidos. Outro cuidado importante é não se expor ao calor em períodos críticos, como, por exemplo, a meninada jogar futebol ao meio-dia; [tem que] evitar. As escolas que têm atividade ao ar livre também devem evitar os períodos de maior insolação”, avisa o médico.
Rodinei Crescêncio/Rdnews

Daniel analisa também que há casos de pacientes cuja própria saúde do coração não permite uma ingestão de água e julga como indispensável um acompanhamento médico para buscar formas de manter a hidratação necessária para que o corpo funcione.
Em setembro de 2025, Cuiabá bateu dois recordes de calor – em um dos caoss, os termômetros na capital mato-grossense chegaram a marcar 40,9°C e a umidade do ar pouco passou de 10%. No segundo caso, registrado na mesma semana, a temperatura chegou a 41,4º C. Os calores extremos se estenderam também para o interior do estado, que marcou temperaturas de até 40°C. Daniel reforça que Cuiabá e o estado de Mato Grosso, no geral, passam por um momento complicado há anos e que há a necessidade de um olhar também médico para a situação.
FONTE: RDNEWS







