Um peixe de grande porte apareceu morto na Praia Central de Balneário Piçarras, no Litoral Norte de Santa Catarina, com o bico atravessado dentro de um pneu. O fotógrafo Mauricio Guartelá foi quem registrou o momento na quarta-feira (12/11), enquanto caminhava pela orla.
Mauricio acionou o Museu Oceanográfico da Univali, que recolheu o animal para análise. A equipe tenta agora, confirmar de qual espécie se trata, marlim-azul ou marlim-preto, considerado o maior peixe de bico do mundo e muito valorizado na pesca oceânica. Segundo o fotógrafo, a imagem evidencia o impacto direto do descarte incorreto de resíduos nos oceanos pois, possivelmente, o pneu preso ao bico do animal foi o causador de sua morte.
Em vídeo publicado no Instagram, Guartelá relatou a frustação de encontrar o animal sem vida e reforçou a urgência do debate ambiental. “É de partir o coração ver o impacto que nós, seres humanos, causamos na natureza. Nossos resíduos estão matando vidas que nem têm culpa da nossa falta de cuidado.” Ele explicou que o museu deve utilizar o exemplar para exposição em uma ala dedicada à poluição marinha, na tentativa de transformar a tragédia em ferramenta de educação.
Em outra postagem, com um carrossel de fotos de autoria própria, ele comentou a comoção e até o descrédito que o registro gerou, refletindo sobre o poder da fotografia em tempos de internet. “Minha intenção, desde o início, foi transformar essa cena triste em algo que pudesse gerar reflexão. É assim que enxergo a fotografia. É assim que trabalho com ela: como uma ferramenta capaz de converter o feio, o doloroso, o real em algo que toca e transforma”, disse.
Mauricio destacou que o problema não é apenas o lixo em si, mas a falta de gestão e o descarte feito sem cuidado. “Por mais que doa, essa imagem precisa existir. Porque ela escancara o que muitos insistem em não ver. O impacto não foi só nesse peixe. Foi em toda uma cadeia de seres humanos e não humanos que fazem parte desse mesmo ecossistema. A verdade é que nós nunca vamos destruir o meio ambiente, seria muita arrogância pensar assim. A natureza é muito mais antiga, mais forte e mais resiliente que nós. Mas destruir o nosso habitat, o lugar que nos mantém vivos…isso sim, nós já estamos fazendo e num ritmo assustador.”
Ele também comparou o episódio ao momento global de discussões climáticas. “Em tempos de COP 30, será que a gente tá realmente disposto a fazer diferente? Ou seguimos apenas discutindo, apontando culpados e lavando as mãos?”
FONTE: Folha Max








