Coragem, por todas nós | RDNEWS

Flávia Moretti

A violência de gênero e a violência política de gênero permanecem como algumas das formas mais perversas de violação da dignidade humana. Eu reconheço que inúmeras mulheres políticas, antes de nós, abriram caminhos a duras penas — e cito, e não preciso ir longe para isso, como exemplo, as ex-prefeitas de Várzea Grande, Sarita Baracat de Arruda e Lucimar Sacre de Campos, e mais recentemente a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro — e tantas outras que, inclusive, perderam suas vidas para que hoje pudéssemos ocupar espaços de decisão, expressão e representatividade.

Essa história de luta impõe responsabilidade às que exercem funções públicas, especialmente quando atos, falas ou omissões configuram violência dirigida à condição do ser feminino.

Eu compreendo que é dever moral assumir postura firme diante dessas situações, não apenas em proteção pessoal, mas em defesa dos direitos já conquistados e dos que ainda precisam ser reconhecidos e assegurados.

Eu afirmo que nenhuma mulher deve submeter-se à vontade alheia ou ajustar sua presença conforme o entendimento de homens que insistem em limitar seu espaço. Toda mulher tem o direito de estar onde quiser, construindo sua trajetória por mérito, vocação, talento e liberdade

A violência política de gênero não atinge somente quem a sofre; ela atinge toda a estrutura democrática, pois tenta reduzir a mulher ao silêncio, à baixa autoestima e à renúncia. Eu afirmo que nenhuma mulher deve submeter-se à vontade alheia ou ajustar sua presença conforme o entendimento de homens que insistem em limitar seu espaço. Toda mulher tem o direito de estar onde quiser, construindo sua trajetória por mérito, vocação, talento e liberdade.

Como Chefe do Executivo, sinto o peso das agressões sofridas e, ao mesmo tempo, a responsabilidade de transformar essa experiência em ação pública.

Minha posição não é individual, mas institucional: lideranças femininas devem abrir caminhos, garantir segurança e fortalecer a confiança de outras mulheres, meninas, adolescentes e jovens, para que também ocupem seus lugares com coragem e legitimidade. Eu acredito que cada decisão tomada com firmeza contribui para quebrar ciclos de violência e reafirmar que respeito não é concessão, mas exigência.

A postura firme diante da violência não é um gesto isolado, mas um compromisso contínuo com a construção de uma sociedade justa, onde a integridade feminina jamais seja negociada. Eu defendo que a política deve ser espaço de igualdade, e que a proteção às mulheres em ambientes institucionais é dever permanente do Estado. A dignidade não admite barganhas; exige consequências proporcionais para quem ultrapassa limites.

Quando uma mulher é atacada, todas sentem. Mas quando uma mulher reage, denuncia e enfrenta, todas avançam. Eu sigo acreditando que o avanço coletivo nasce da coragem individual — e que nenhuma forma de violência pode ser normalizada no exercício da vida pública ou privada.

Flávia Moretti é Prefeita de Várzea Grande-MT

FONTE: RDNEWS

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