Bolsonaro culpa remédios por ter mexido em tornozeleira

Ao passar por audiência de custódia neste domingo (23) na superintendência da Polícia Federal em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que tentou abrir a tornozeleira eletrônica na sexta-feira (21) porque teve uma “certa paranoia” devido ao uso de medicamentos e que só “caiu na razão” à meia-noite.

O depoente afirmou que estava com ‘alucinação’ de que tinha alguma escuta na tornozeleira, tentando então abrir a tampa

 

Após a audiência, uma juíza auxiliar do STF (Supremo Tribunal Federal) validou e manteve a prisão preventiva de Bolsonaro, cumprida pela PF no dia anterior após determinação do ministro Alexandre de Moraes.

 

A ata da audiência diz que Bolsonaro afirmou que a paranoia aconteceu porque “tem tomado medicamentos receitados por médicos diferentes e que interagiram de forma inadequada (Pregabalina e Sertralina)”.

 

Segundo o ex-presidente, ele tem “sono picado” e não dorme direito, e resolveu mexer na tornozeleira com um ferro de soldar, “pois tem curso de operação desse tipo de equipamento”.

 

“Volta à razão”

 

Ele disse que, ao voltar à razão, parou o uso da solda e comunicou aos agentes de custódia. O equipamento de solda, disse o ex-presidente, estava em sua casa.

 

“O depoente afirmou que estava acompanhado de sua filha, de seu irmão mais velho e um assessor na sua casa e nenhum deles viu a ação do depoente com a tornozeleira. Afirmou que começou a mexer com a tornozeleira tarde da noite e parou por volta de meia-noite”, diz a ata.

 

“Informou que as demais pessoas que estavam na casa dormiam e que ninguém percebeu qualquer movimentação. O depoente afirmou que estava com ‘alucinação’ de que tinha alguma escuta na tornozeleira, tentando então abrir a tampa. O depoente afirmou que não se lembra de surto dessa natureza em outra ocasião”, continua o documento.

 

Na audiência, Bolsonaro disse que começou a tomar um dos remédios cerca de quatro dias antes da sua prisão.

 

O ex-presidente negou que tenha tentado fugir. Segundo Bolsonaro, não havia qualquer intenção de fuga e não houve o rompimento da cinta da tornozeleira.

Ele disse que, em outra ocasião, teve que romper a cinta para fazer uma tomografia. Afirmou, também, que a vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), seu filho, fica a 700 metros da sua casa e que não seria possível criar um tumulto que pudesse facilitar a fuga.

 

Bolsonaro disse também que a médica Marina Pasolini prescreveu Sertralina, um medicamento antidepressivo, sem comunicar os outros dois médicos que o monitoram. Não fica claro pelo depoimento se é este o medicamento que ele começou a tomar quatro dias antes da prisão.

 

Desde o início do ano, o ex-presidente mudou sua equipe médica, e é acompanhado principalmente pelo cirurgião geral Cláudio Birolini e o cardiologista Leandro Echenique. São eles que assinam o relatório médico entregue pela defesa para Moraes na última sexta (21) para solicitar manutenção de prisão domiciliar no caso da trama golpista — pedido anterior à prisão preventiva.

 

Em outubro, Moraes autorizou, a pedido da defesa do ex-presidente, a inclusão da endocrinologista Marina Pasolini na lista de médicos autorizados a atender Bolsonaro em sua casa, onde cumpria prisão domiciliar, para ajudar no tratamento multidisciplinar diante da piora dos soluços.

 

Marina é gaúcha, e atua em Brasília desde 2019. No seu Linkedin, ela se apresenta como especialista em emagrecimento e obesidade.

 

No sábado da prisão preventiva de Bolsonaro, ela foi visitá-lo na Superintendência da PF (Polícia Federal). Moraes autorizou a ida de médicos e advogados ao local, sem necessidade de autorização prévia. Echenique e Birolini, que estiveram com o ex-presidente neste domingo, não conheciam a médica. 

 

O ex-presidente estava em regime domiciliar desde 4 de agosto e foi levado pela PF após a decretação da prisão por Moraes, relator do processo no STF, sob justificativa de garantia da ordem pública.

FONTE: MIDIA NEWS

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