terça-feira, dezembro 9, 2025

Supervit comercial da China ultrapassa US$ 1 trilho | FOLHAMAX

Supervit comercial da China ultrapassa US$ 1 trilho | FOLHAMAX

 

A China chamou a atenção do mundo em janeiro, quando anunciou que seu superávit comercial de bens e serviços havia alcançado quase US$ 1 trilhão — um excedente de exportações sobre importações que nenhum país jamais havia atingido. Agora, a China superou esse marco em apenas 11 meses deste ano. A agência de alfândega chinesa anunciou nesta segunda-feira que o superávit comercial acumulado do país atingiu US$ 1,08 trilhão até novembro.

As tarifas impostas pelo presidente Donald Trump à China fizeram com que as exportações chinesas para os Estados Unidos caíssem quase um quinto. Mas a China reduziu suas compras de soja americana e outros produtos em praticamente a mesma proporção, continuando a vender aos Estados Unidos três vezes mais do que compra.

O superávit comercial de US$ 111,68 bilhões da China em novembro foi o terceiro maior já registrado em um único mês. O superávit total nos primeiros 11 meses do ano está 21,7% acima do registrado no mesmo período do ano passado.

A China aumentou consideravelmente suas vendas para outros países. De carros a painéis solares e eletrônicos de consumo, um tsunami de exportações chinesas está inundando o Sudeste Asiático, a África, a Europa e a América Latina.

Montadoras e outros exportadores em tradicionais potências industriais como Alemanha, Japão e Coreia do Sul estão perdendo clientes para concorrentes chineses. Fábricas em países em desenvolvimento, como Indonésia e África do Sul, tiveram de reduzir a produção ou até fechar, enquanto lutam para competir com os preços baixos da China.

As empresas chinesas transferiram a montagem final de seus produtos para o Sudeste Asiático, México e África, que então enviam os produtos acabados para os Estados Unidos. Isso lhes permitiu contornar parcialmente as tarifas de Trump sobre bens enviados diretamente da China.

E mais: a China agora vende mais que o dobro do que compra da União Europeia. O superávit comercial chinês com a região se ampliou consideravelmente este ano.

Um dos principais motivos é que a moeda da China tem estado fraca nos últimos anos em relação a muitas outras moedas, particularmente o euro. Outro motivo é que os preços vêm caindo na China, enquanto têm subido nos Estados Unidos e na Europa.

A fraqueza da moeda chinesa, o yuan (também conhecido como renminbi), ajudou a impulsionar suas exportações. Mais de um décimo da economia chinesa agora consiste em seu superávit comercial em manufaturados. A Europa tem sentido esse impacto com intensidade.

— Com o renminbi desvalorizado em 30% em relação ao euro — possivelmente mais — será extremamente difícil, senão impossível, competir com os fabricantes chineses, mesmo que a Europa faça tudo o que precisa fazer em termos de desregulamentação, redução dos preços de energia e estabelecimento de um verdadeiro mercado unificado — disse Jens Eskelund, presidente da Câmara de Comércio da União Europeia na China.

O superávit comercial da China em produtos manufaturados é ainda maior, como proporção de sua economia, do que o dos Estados Unidos nos anos imediatamente após a Segunda Guerra Mundial, quando a maior parte das outras nações manufatureiras estava em ruínas; ou durante os primeiros anos da Primeira Guerra Mundial, quando os EUA estavam em paz e produzindo bens civis enquanto a Europa estava envolvida no conflito.

Representantes do FMI visitam a China

Os principais líderes do Fundo Monetário Internacional (FMI), que monitora economias com o objetivo de prevenir crises, estão fazendo sua visita anual à China nesta semana para revisar suas políticas cambiais e financeiras e devem anunciar na quarta-feira um resumo preliminar de suas conclusões.

Um número crescente de economistas e líderes empresariais, incluindo ex-altos funcionários do próprio banco central da China, está pedindo que Pequim permita que o yuan se valorize em relação ao dólar e a outras moedas.

Para a China, um yuan mais forte tornaria mais baratos produtos como gasolina, vinhos franceses ou cosméticos japoneses. A economia obtida nessas compras deixaria as famílias chinesas com mais dinheiro para gastar em bens e serviços chineses, como refeições em restaurantes, ingressos para shows e carros elétricos.

Revigorar o consumo interno é um dos principais objetivos dos líderes de Pequim. Mas fazer isso permitindo a valorização do yuan também acarretaria custos para a China.

Boom em inovação tecnológica

O sucesso das exportações da China também financiou um boom de inovação tecnológica e deu a Pequim os recursos para ajudar outros países autoritários quando enfrentam dificuldades, especialmente a Rússia, a Coreia do Norte e o Irã.

A China está tentando preservar seu superávit comercial pressionando outros países a não erguer barreiras comerciais.

“O protecionismo não pode resolver os problemas causados pela reestruturação industrial global, e apenas piorará o ambiente internacional para o comércio”, disse Xi Jinping, o principal líder da China, na quinta-feira, de acordo com um resumo do governo chinês sobre sua reunião com o presidente Emmanuel Macron, da França.

Ainda assim, alguns economistas chineses afirmam que a China precisará algum dia aceitar um superávit comercial menor para ajudar seus consumidores, que sofrem há muito tempo.

— Para que a China amplie a demanda interna, é necessário minimizar o superávit comercial e, no futuro, talvez até considerar manter um déficit comercial — disse Zhang Jun, reitor da Escola de Economia da Universidade Fudan, em Xangai, em um discurso no mês passado.

Um yuan mais forte prejudicaria os exportadores chineses. Os dólares que eles ganham vendendo produtos em mercados estrangeiros renderiam menos yuans para pagar trabalhadores e outras despesas. As fábricas geram milhões de empregos na China, e um yuan mais forte poderia desacelerar o ritmo no qual outros países transferem manufatura para o território chinês.

FONTE: Folha Max

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