Dia seguinte ao vendaval histórico expõe vulnerabilidade de São Paulo
O dia seguinte ao vendaval histórico expôs a fragilidade da maior cidade do país diante de fenômenos climáticos extremos. Mais de 1 milhão de imóveis ainda estão sem luz em São Paulo. O trânsito deu um nó e centenas de voos foram cancelados. Os ventos chegaram perto de 100 km/h.
Sem energia, ficar dentro de casa virou um desafio.
“Muito calor, sem água, sem luz, impossível de aguentar, de cuidar… Tenho o meu pai com Alzheimer, minha mãe também. São de idade, idosos. Então, terrível”, conta Solange Ortiz Barbosa.
O representante comercial Jefferson Lepori fez o que pôde para não perder a comida:
“Acabei improvisando com o que a gente tinha, peguei caixa térmica, coloquei tudo da geladeira aqui, senão a gente ia perder também. Está cheio para Ano Novo e Natal, vou acabar perdendo tudo. De carne, mais ou menos 30 kg”.
O elevador do prédio onde a costureira Clarice Larussa mora está parado:
“Uma escuridão para descer para levar pet para andar. Então, está muito difícil. Muito difícil mesmo”.
Um açougue não pôde abrir, e o consultor de investimentos José Roberto não conseguiu comprar a carne do almoço:
“Não tem previsão e eu estou precisando para fazer comida em casa”.
A Sabesp informou que a falta de energia prejudica o abastecimento de água de bairros da capital e de outras dez cidades da Região Metropolitana. O vendaval derrubou mais de 330 árvores só na capital paulista. Várias ruas ficaram interditadas e mais de 260 semáforos apagaram.
“Uma entrega aqui não posso passar porque está travado, por causa da energia caída, fio caído, árvore. Um perigo para sociedade isso aí”, diz o motofretista Marco Antônio.
Uma árvore de grande porte caiu na quarta-feira (10), às 9h, e só 30 horas depois é que os funcionários da prefeitura começaram a remoção. É que eles precisaram esperar a Enel desligar a rede elétrica. Uma árvore caiu em cima do bar do Amilton Santos Silva, que, para piorar, ainda está sem energia.
“Perdi cerveja, refrigerante, água, carne que eu comprei”.
Muitos bares e restaurantes da Grande São Paulo não puderam funcionar nesta quinta-feira (11).
“Coloquei gelo seco para poder manter por algum tempo, porque não temos previsão nenhuma de quando vai voltar energia. Então, para não perder 100%, eu tive que fazer isso”, conta a comerciante Vera Lúcia.
Vendaval histórico em SP deixa milhões de pessoas sem luz
Jornal Nacional/ Reprodução
A Enel não deu previsão de quando vai normalizar a situação na Grande São Paulo. Em um salão de beleza, as manicures conseguiram trabalhar, mas quem precisa usar o secador de cabelo e outros equipamentos elétricos está de braços cruzados no melhor mês do ano.
“Um mês que a gente tira aí o nosso décimo terceiro. Então, assim, dois dias sem trabalho, um dia e meio já sem trabalho é uma perda enorme para o salão e para os funcionários que são autônomos”, afirma a esteticista Rosineide.
A Associação Comercial de São Paulo estima que, só na quarta-feira (10), o setor deixou de faturar R$ 51 milhões na capital e na Região Metropolitana. Na Rua 25 de Março, principal ponto de comércio popular da cidade, toda a rede elétrica é subterrânea, mas mesmo assim várias lojas ficaram sem energia.
“Um caminhão da Enel está estacionado aqui tentando resolver o problema, mas até agora, 16h, tem muito lojista trabalhando no escuro”, relata o repórter Bruno Tavares.
“Desde ontem com esse problema aí. Sem vender, tem funcionário para pagar, tem tudo. Aí atrapalha tudo”, diz o lojista Carlos Alberto Brito Ferreira.
A lojista Taciana Martins veio do Recife comprar mercadoria e estava nesta quinta-feira (11) no aeroporto de Congonhas sem conseguir voltar. Por causa dos ventos, mais de 400 voos foram cancelados ou desviados, na quarta (10) e na quinta (11), nos aeroportos de Guarulhos e Congonhas.
“Eu estou aqui no chão, à mercê, desde ontem, sem tomar banho, sem me alimentar direito, com a minha coleção praticamente parada, onde eu deveria já estar na loja vendendo a minha mercadoria”, conta a lojista Taciana Martins.
Muitos passageiros reclamam da falta de assistência das companhias aéreas.
“Estou em pé e sem dormir dois dias praticamente E estou aí esperando”, diz a aposentada Eliane Korsekwa.
Na noite desta quinta-feira (11), o Globocop registrou que bairros inteiros na Zona Sul de São Paulo continuavam sem luz.
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FONTE: Lapada Lapada







