O jornalista e analista político Onofre Ribeiro avaliou que a disputa pela sucessão do Palácio Paiaguás deve ser marcada pelo contraste entre os perfis do senador Wellington Fagundes (PL) e do vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos).
Wellington não tem perfil Executivo. O perfil dele é legislativo. Lá no passado, o Filinto Müller era um extraordinário senador de Mato Grosso, mas não conseguiu ser governador
Ao MidiaNews, Onofre afirmou que o senador “não tem perfil Executivo”, enquanto Pivetta precisará mostrar independência em relação ao governador Mauro Mendes (União) para se viabilizar eleitoralmente.
“Wellington não tem perfil Executivo. O perfil dele é legislativo. Lá no passado, o Filinto Müller era um extraordinário senador de Mato Grosso, mas não conseguiu ser governador”, afirmou.
“O outro perfil que é o do Otaviano Pivetta é um perfil tipicamente Executivo. […] Tem que conversar com a sociedade nesse porquê dele. Não basta ele estar conectado com o Mauro Mendes, porque já não se transferem mais votos como antigamente”, acrescentou.
Durante a entrevista, Onofre também analisou outros quadros da política de Mato Grosso e comentou sobre a influência que a família e o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) terão na disputa eleitoral do Estado, que é majoritariamente bolsonarista. Ele falou ainda sobre a representatividade de Mato Grosso no Congresso.
Confira os principais trechos da entrevista (e o vídeo com a íntegra ao final da matéria):
MidiaNews – A política eleitoral de Mato Grosso depende muito do cenário nacional. Devido a ser um Estado bolsonarista, qual é o impacto da prisão de Jair Bolsonaro para a eleição de 2026?
Onofre Ribeiro – É preciso colocar umas coisas que a gente se esqueceu. Quando houve a eleição em 2022, Mato Grosso era bolsonarista, uns 70%. De lá para cá, muita coisa mudou. Nem todo mundo que votou no Bolsonaro naquela eleição hoje é bolsonarista. É de direita. Muita gente que votou no Lula hoje é de esquerda, não é mais lulista, como também não é mais bolsonarista.
A questão da prisão do Bolsonaro, isso já é um fato consumado. O que tinha que acontecer na política já aconteceu. Agora, vamos ter um novo rearranjo da política. A prisão dele tem talvez essa função, um rearranjo da política nacional. Tanto é que imediatamente lançou o filho como candidato a presidente.
A questão não é o filho. O filho foi apenas para ocupar espaço na discussão política. E ao mesmo tempo cutuca a esquerda para a esquerda se movimentar. Estava muito acomodada. Eles vão ter que se mexer.
A política de Mato Grosso não tem vida própria. A política de Mato Grosso, depende muito do que acontecer no nível nacional, vão acontecer os arranjos nos níveis estaduais. A gente está vendo hoje discussões de política, candidaturas, mas não vale para o ano que vem, porque está dependendo dos arranjos nacionais. E o que a gente está vendo, é um grande rearranjo nacional, tanto político como institucional.
MidiaNews – O que a família Bolsonaro pode interferir na definição de candidaturas e qual peso eles têm nessa decisão de candidato a governador, senador e alianças?
Yasmin Silva/MidiaNews
Onofre disse acreditar que Bolsonaro e sua família terão grande influência na eleição em Mato Grosso
Onofre Ribeiro – Você não pode ignorar que na eleição de 2022 Bolsonaro teve 58 milhões de votos, isso não se joga fora. Esse capital de votos aumentou e ao mesmo tempo diminuiu. Muita gente que votou nele não vota mais e muita gente que votou no Lula não vota mais e vota nele. E os que votaram nele provavelmente votariam no Lula. Houve aí uma mudança de espaço dentro do campo político.
58 milhões de votos permanecem um pouquinho oscilados, mas quem tem esse capital de voto tem poder. Tem poder de mobilizar as ruas. E no Brasil mobilizar a rua é sinal de poder.
Todas as vezes, mesmo depois de preso em casa primeiramente, o pessoal dele conseguiu encher as ruas. Então, ele tem peso. Está provocando a esquerda a se mexer.
Ele colocou o Flávio Bolsonaro como o herdeiro dele, mas tenho a impressão que ele sabe que tem nomes muito fortes no país. O país está mudando. Você tem nomes como o Tarcísio, como o Zema, até como o próprio Mauro Mendes. Embora Mato Grosso não tenha essa representação, mas é esse perfil de governo que a gente vai ter no país no futuro. Não mais aquele político, e aí não cabe nem Bolsonaro, nem Lula, de subir no palanque, aquilo já era, porque que a sociedade quer coisa diferente.
Pode interferir dando as cartas, dando os sinais, nem sempre participando como agente atuante. Eu penso que o Bolsonaro e a família Bolsonaro, mas especialmente o Bolsonaro, é uma figura muito forte. Foi presidente da República, a eleição acabou e ele não saiu da linha do pensamento, está no imaginário.
O PT não conseguiu, no governo, se desligar do Bolsonaro. Brigou o tempo inteiro, jogou a briga para o Supremo Tribunal Federal. O Bolsonaro está nas discussões políticas todos os dias desde que deixou o governo, desde a eleição. Então ele tem muito peso para interferir na eleição.
MidiaNews – O fato dos partidos do Centrão se afastarem da família Bolsonaro impacta na definição das candidaturas majoritárias aqui em Mato Grosso?
Onofre Ribeiro – Mato Grosso não tem peso do Centrão. Mato Grosso é um Estado que sempre foi marcado por lideranças individuais. Desde que o Estado foi separado, do lado do Mato Grosso do Sul e começou uma política própria. Júlio Campos foi o primeiro governador eleito. Uma liderança pessoal muito forte. Depois veio Carlos Bezerra, uma liderança muito forte. Veio Dante [de Oliveira], uma liderança muito forte. Veio Blairo [Maggi], uma liderança muito forte. Veio Pedro Taques, uma liderança muito forte. E agora Mauro Mendes, uma liderança muito forte. Aqui é de liderança locais.
A dependência de Mato Grosso em relação à política nacional é porque lá vai ter que se reorganizar os partidos. Aqui não tem Centrão? Tem algumas pessoas. Lá, o Centrão é o fiel da balança. É fisiológico, é cretino, só está a fim de interesses, mas isso também está se esgotando. E o Centrão vai ter que definir e virar partido.
Nossos parlamentares são fraquíssimos, eles não representam o Estado no seu valor. Tem três senadoras que somando dá um, você tem oito deputados federais que somando vai dar dois, não tem peso e não tem ousadia
O ano que vem, você vai ver surgir uma discussão nova do Brasil, que é a reformação de partidos. Porque temos 34, 35 partidos, nenhum deles é um partido político. São arranjos de grupos para somar em blocos de força e explorar a máquina pública, explorar obras públicas, explorar governo, explorar ministério, explorar dinheiro público, praticar corrupção, que é uma vergonha.
Isso esgotou, esse modelo esgotou. Tanto esgotou que o Congresso perdeu toda a força dele para o Supremo Tribunal Federal e para o Ministério Público.
Então, quando eu falo em re-arranjo no nível nacional, vai ter que se redesenhar a política brasileira e se criar partidos.
MidiaNews – E como compara os perfis de Otaviano Pivetta e Wellington Fagundes dentro do atual contexto? Qual deles melhor dialoga com a nova configuração de poder e com os desafios do Estado?
Onofre Ribeiro – São perfis completamente diferentes. O Wellington vem de muitas eleições. Todas as vezes que tentou o Executivo, perdeu. Ele perdeu duas vezes em Rondonópolis e uma vez no Governo de Mato Grosso. Então, o Wellington não tem perfil Executivo. O perfil dele é legislativo. Lá no passado, o Filinto Muller era um extraordinário senador de Mato Grosso, mas não conseguiu ser governador. O prestígio não transferia.
O outro perfil que é o do Otaviano Pivetta é um perfil tipicamente Executivo. O que vejo aí é a capacidade de conversar com a sociedade. Tem que conversar com a sociedade nesse porquê dele. Não basta ele estar conectado com o Mauro Mendes, porque já não se transferem mais votos como antigamente.
Brincava-se antigamente, a Lula botou a Dilma como um poste e elegeu o poste. Isso não acontece mais. O Otaviano Pivetta não pode ser um poste do Mauro Mendes. Ele tem que ter uma personalidade própria muito forte e vir descolado do Mauro Mendes, não em 100% porque eles têm conexão, mas eu sou eu, Mauro é o Mauro, e somos companheiros. Estamos juntos no mesmo projeto.
Já o Wellington não tem essa conexão com a sociedade para Executivo. Wellington, ele não se meta porque vai quebrar a cara.
Yasmin Silva/MidiaNews
Onofre criticou a bancada de Mato Grosso no Congresso e afirmou que atuação dos parlamentares é fraca
MidiaNews – Na sua visão, qual é o cenário mais provável para a eleição de 2026 em Mato Grosso? A disputa tende à polarização, ao pragmatismo econômico ou à influência de atores nacionais?
Onofre Ribeiro – Vai prevalecer o pragmatismo econômico. Na realidade, ele já começou em 2002 com o Blairo Maggi. Já foi fruto do pragmatismo econômico. Se você se lembrar o governador era o Dante, que era homem eminentemente político, e veio o pragmatismo econômico e superou. De lá pra cá, por mais que tenha havido mudanças, nunca mais saiu do pragmatismo. O agro tornou-se um ator da política e cada vez mais. No ano que vem, eu lamento que o agro não esteja trabalhando a produção de lideranças políticas.
Em um certo momento, houve o Blairo Maggi, mas o grupo imperial dele cresceu muito e a compliance interna impediu a participação dele na política. Então, ele está fora. Ele é um agente influenciador, mas não tem liderança propriamente dita.
Então, ele tem que conversar com a sociedade. Eu não estou vendo o agro desenvolvendo linguagem de conversar com a sociedade. Ele não conversa com a universidade, não conversa com a música, não conversa com a arte, conversa muito pouco com a imprensa. Fica em redes sociais internas, o agro é muito mudo. Ele tinha que falar mais pelo peso que tem. E isso refletiria na política.
Então, acho que o ano que vem ele vai ter que, embora tenha peso muito forte, vai ter que andar de mão dada com alguém. E tome cuidado que pode ser alguém que tenha mão mais forte. E vá na frente.
MidiaNews – No cenário político nacional, com maior polarização e disputa por hegemonia entre Executivo e Congresso, qual tem sido o espaço real de Mato Grosso nas decisões estratégicas do país? O Estado está se articulando bem?
Onofre Ribeiro – Mato Grosso está representado no conselhão da República, mas é uma influência irrelevante. E Mato Grosso tem sido irrelevante na política. Na economia não. Você vê que está faltando uma interlocução política.
O Mauro Mendes fixou-se no papel do pragmatismo da infraestrutura. É gestor, gestor e gestor. Ele não se envolveu na política externa. Por outro lado, quando você compara o Brasil inteiro, Mato Grosso não é relevante. Embora tenhamos uma riqueza grande, mas não sabemos utilizar.
Nossos parlamentares são fraquíssimos, eles não representam o Estado no seu valor. Tem três senadoras que somando dá um, você tem oito deputados federais que somando vai dar dois, não tem peso e não tem ousadia.
Eu lido com agronegócio desde antes dele surgir e sou amigo das lideranças todas. Então, visitei e visito fazendas. Você vai numa fazenda do agronegócio, aquilo ali é uma coisa de primeiríssimo mundo, tem um peso enorme de tecnologia, de gestão, de inovação, de percepção de futuro.
Aí você vai no gabinete com um deputadozinho de Mato Grosso lá em Brasília, é uma salinha apertadinha, com uma mesinha, uma secretariazinha, um terninho julgado e um discursinho: “Não, porque vamos levar dinheiro para a prefeitura de Jangada, de Rosário Oeste…”.
Você tem esse mundo desse tamanho e o deputado preocupado com uma emenda para a Rosário Oeste para fazer lá um banheiro público. Então, isso torna Mato Grosso muito pobre politicamente.
MidiaNews – Tivemos ai recentemente o anúncio de Flávio Bolsonaro como candidato que representará o ex-presidente na disputa pela presidência para 2026. Como analisa essa escolha? Foi um acerto do PL?
O Congresso não opina com opinião que se leva a sério, o Congresso é um defunto que está ali na UTI
Onofre Ribeiro – Espaço político. Não se pode ficar com espaço político vazio. Desde que Bolsonaro deixou a presidência, está na linha de tiro do Supremo e do Poder Executivo. O Congresso não opina com opinião que se leva a sério, o Congresso é um defunto que está ali na UTI e o médico olha para ele muito mais como defunto do que como um paciente que vai sobreviver. Agora parece que ele está começando a acordar que precisa viver.
Então, penso que o espaço político é que determina quem manda e quem não manda. O governo do PT enfraqueceu muito pela pobreza de quadros e depois pela crise econômica que ele mesmo provocou, com gastos excessivos e com déficit ao endividamento, o juros a 15%, a inflação falsa de 5%, o desemprego escondido atrás do Bolsa Família, que aparece como empregado e não é empregado, é dependente público.
Era preciso ocupar um espaço, senão quem está no poder ocupa sozinho. E o Bolsonaro está na linha de tiro do Supremo e do Executivo desde que deixou o governo. Agora foi preso e por incrível que pareça, a história mostra isso, quem é preso ganha muito espaço como herói e vítima. Então, eles estão ocupando espaço político no lance do Flávio Bolsonaro.
MidiaNews – O Tarcísio não seria um nome mais agregador, pensando naqueles eleitores de Centro que precisam caminhar junto com a direita para formar a maioria dos votos?
Onofre Ribeiro – O Tarcísio vinha sendo candidato dele mesmo. Ele era candidato de quem? Da direita? Não era. Ele era candidato do partido do PL? Não era. Ele era candidato de São Paulo? Não era. Ele era o candidato da sociedade? Não era. Ele era um candidato dele mesmo. Tinha um espaço.
Agora ele tem que ser candidato de um propósito. Esse propósito quero eu calcular que ele vai ser na hora que o Flávio Bolsonaro… Se a candidatura do Flávio Bolsonaro decolar, está tudo certo. Mas se ela não decolar, e eles sabem que dificilmente ela vai decolar, a direita vai ter que buscar um nome e assumi-lo.
Nosso candidato, candidato da direita no Brasil é o Tarcísio. Aí ele passa a ter legitimidade, por enquanto ele não tem legitimidade. Nem ele, nem o Zema, nem os outros candidatos. É preciso que ele seja candidato de um projeto da direita.
MidiaNews – Como o reposicionamento global — com a tensão entre Estados Unidos, China e novos blocos emergentes — afeta diretamente o agronegócio e a economia de Mato Grosso, que dependem fortemente de mercados internacionais?
Onofre Ribeiro – Vai afetar primeiro a geopolítica mundial. O Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, está fazendo um movimento de recuperar a América Latina desde sempre. Os Estados Unidos sempre se lixaram para América Latina. A única vez que os Estados Unidos interferiram no Brasil foi no golpe militar de 1964, que foram eles quem armaram aquele acordo junto com a sociedade conservadora brasileira e depois foram embora.
Agora o mundo mudou, os Estados Unidos tem no pé a China, a União Europeia e tem no pé o fato do país internamente estar muito tumultuado. O Estados Unidos de hoje não é o Estados Unidos de dez anos atrás. Ele está bagunçado.
Então, a política está bagunçada, o conceito de autoridade, o domínio militar que eles tinham no mundo hoje ele está muito confrontado. O Donald Trump está tentando resgatar a América Latina. O agro será a consequência desse novo momento de investimento e de resgate da América do Sul. Porque a China chegou forte e se não houver preocupação dos Estados Unidos, domina completamente o quintal dos Estados Unidos. E aí o poderío americano fica muito mais difícil de ser mantido. Ele vai ter que manter lá fora, na União Europeia, no mundo árabe, na África. É muito mais difícil.
Yasmin Silva/MidiaNews
Onofre avaliou que a China é dependente de Mato Grosso
MidiaNews – Mato Grosso está excessivamente dependente do mercado chinês para exportações de soja e proteína. Como essa dependência se encaixa no atual redesenho geopolítico?
Onofre Ribeiro – A dependência nossa para exportar é proporcional à necessidade da China de importar. Ela tem 1 bilhão e 400 milhões de pessoas, tem uma camada de classe média em ascensão, que quer comer. A competição da China é comprar do Brasil ou a do Estados Unidos e um pouco da Argentina, mas a Argentina produz menos do que Mato Grosso.
Então, nós dependemos da China, o tanto que a China depende da gente. Aí é política. E o Brasil não tem mais uma política internacional qualificada para negociar isso. Tem uma política internacional ideológica. Aí você fica subordinado, porque a China tem cinco mil anos de comércio. Ela é impiedosa, é pragmática. O americano é um pouco mais tolerante.
Agora, lidar com a China, estaríamos entregues na mão do diabo. China não é brincadeira a forma como lidam com as coisas. Você assina um contrato de compra e venda de produto com a China, assina de lá, assina de cá, dá beijinho, toma uísque para comemorar. Aí no dia seguinte, a China diz: não concordamos com o artigo 5 porque fere o princípio X. A gente não sabe lidar com isso.
E Mato Grosso vai no risco. Por sorte nossa o governo inteiro é pragmático. No momento de alta produção, o governador Mauro Mendes é prático, é pragmático. E a produção, trabalha com alta tecnologia e já tem experiência, expertise, de lidar com o comércio exterior, tanto é que Mato Grosso seria um país se fosse separado do país.
MidiaNews – O senhor é conhecido por leitura dos cenários políticos de Mato Grosso e do Brasil. Como projeta o futuro em médio e longo prazo de Mato Grosso na questão da produtividade crescente e o desafio dos gargalos de infraestrutura e logística?
Onofre Ribeiro – A logística aqui já foi inexistente. Quando começou a produção em 1994, a produção em escala, você tinha BR-364, ligando aqui a Santos, era uma rodoviazinha de um caminhão vai e um caminhão vem. Hoje você tem ela pavimentada até lá. Deu um salto muito grande. Sei que para o norte nós estamos terminando a pavimentação até Sinop. Era uma rodoriazinha esburacada. Asfaltou-se até o Porto de Miritituba, que conecta com o Porto de Santarém e que conecta até o oceano. Então, já temos uma logística básica.
Chegando à ferrovia, a gente vai aumentar muito essa capacidade de absorver por alguns anos a produção que vai aumentar, mas não basta. Na linha de investimentos que eu falei que vem de fora, vem investimento para a infraestrutura e sai da mão de governo. O governo apenas dá a concessão e quem faz é o privada. A Rumo quem está fazendo é privado, a ligação de Rondonópolis a Lucas do Rio Verde, é privado, ali tem dinheiro do BNDS e dinheiro financiado. É o negócio.
Eu vejo uma correspondente inversão de muito dinheiro em infraestrutura, porque ninguém produz se não escoa. E mesmo que a indústria exploda em Mato Grosso, o produto tem que ser escoado.
Então, eu vejo o desafio da infraestrutura como sendo o nosso maior nos próximos anos. Ele não depende mais do governo federal ter o dinheiro para fazer estradas ou ferrovias. Isso hoje em dia no mundo inteiro se faz privado.
MidiaNews – Aliada a essa questão da produtividade e gargalos de logística na produção, qual é sua análise em relação à nossa industrialização ainda tímida, mesmo com o avanço dos últimos anos? Quais seriam as áreas que precisam industrializar mais no Estado?
Onofre Ribeiro – Você tem o milho de um grande exemplo. Mato Grosso não produzia milho porque não havia mercado. Hoje nós produzimos 6,5 bilhões de litros de etanol de milho e cana, a maioria de milho, e em 2030 vai produzir mais milho do que soja. E nós é produtor exclusivo de soja.
Quando você produz algo etanol de milho. Você produz uma série de subprodutos, entre eles o DDG que vai virar ração, é um subproduto. A ração você produz animais, peixe, gado, suinocultura, avicultura e etc.
Isso, por sua vez, perde industrialização. A industrialização em Mato Grosso vai vir como veio no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Ela vem em cascata. E ela é muito maior hoje do que já foi lá atrás.
Nos últimos 10 anos nós demos um salto imenso em industrialização eu fico pensando que nos próximos quatro anos a gente vai dobrar essa industrialização e daí para frente é futuro.
Assista a entrevista na íntegra:
FONTE: MIDIA NEWS
