segunda-feira, dezembro 15, 2025

A safra de grãos de 2026 | RDNEWS

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Rodinei Crescêncio/Rdnews

Ainda é cedo para diagnosticar com precisão o volume da safra de grãos (cereais, oleaginosas e leguminosas) para o ano de 2026 no Brasil e em Mato Grosso. Os levantamentos técnicos já disponíveis mostram boas perspectivas para a produção de soja, milho, trigo, sorgo, gergelim, manutenção da produção de feijão e leve queda na colheita de arroz.

Segundo relatórios divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que faz o acompanhamento periódico do plantio e colheita da safra nacional, a estimativa é que o Brasil vai colher 354 milhões de toneladas na próxima safra, um pouco acima da safra recorde de 2025 que foi de 352 milhões de toneladas.

Para estimar a produção os técnicos da Conab levam em consideração as áreas plantadas, rendimento físico médio (produtividade) das lavouras e as condições climáticas. O aumento da produção virá da expansão de área plantada com soja e milho, as principais lavouras cultivadas no país. Assim, a previsão é que a safra brasileira de soja de 2026 será de 177 milhões e a de milho de 139 milhões de toneladas. A de feijão deve repetir a safra de 2025, de 3 milhões de toneladas, suficiente para o consumo doméstico. Já para o arroz, os técnicos estimam uma safra de 11,6 milhões de toneladas, uma tonelada a menos que as 12,6 milhões da safra 2025.

Nas regiões onde a agropecuária é o setor econômico dominante, como é caso de Mato Grosso, o aumento da produção vai impulsionar a economia, manter aquecido o mercado de trabalho e a renda das famílias. Mato Grosso tem uma das menores taxas de desemprego do país, de 2,3% (pleno emprego) e assim deve continuar em 2026

A queda de produção de arroz é uma má notícia para o consumidor. A baixa oferta do produto pode pressionar os preços desse cereal, componente quase obrigatório na mesa da família brasileira.

Em Mato Grosso, os dados iniciais disponíveis indicam a repetição da boa safra de 2025, a maior da história. Com pequeno aumento da área plantada e produção de soja e milho, os principais produtos agrícolas do estado. O incremento de produção de soja é impulsionado pelo aumento do consumo interno e elevação das exportações para a China, que, após o de tarifas comerciais pelo governo americano, reduziu importações de soja dos fazendeiros americanos e passou a comprar mais soja dos agricultores brasileiros. O estímulo para expansão da produção de milho deriva do aumento da demanda de milho pela indústria de etanol.

O desafio dos empresários rurais na safra 2026 será melhorar a rentabilidade. As margens brutas do produtor não se apresentam tão promissoras quanto o crescimento da produção, da demanda interna e internacional. Os produtores agrícolas já trabalham com baixas margens desde as safras de 2024 e 2025.  Em 2026 a rentabilidade pode ficar ainda mais pressionada em razão de aumento dos preços de fertilizantes e defensivos importados e preços internacionais em queda com o aumento dos estoques mundiais de soja e milho, segundo relatório divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

Mesmo assim, nas regiões onde a agropecuária é o setor econômico dominante, como é caso de Mato Grosso, o aumento da produção vai impulsionar a economia, manter aquecido o mercado de trabalho e a renda das famílias. Mato Grosso tem uma das menores taxas de desemprego do país, de 2,3% (pleno emprego) e assim deve continuar em 2026.

A cadeia produtiva agrícola e o mercado de trabalho aquecidos, tracionam, por sua vez, toda a cadeia de suprimentos como venda de veículos, caminhões, máquinas e implementos agrícolas, fretamentos, comércio varejista, setor de serviços, mercado imobiliário residencial e corporativo.

Em nível nacional, na semana passada a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) divulgou estudo atualizando a estimativa de crescimento de 8,5% do PIB agropecuário do Brasil em 2025. Ano em que o PIB nacional deve crescer entre 2,3 e 2,5%.

Com a boa safra prevista para 2026, essa boa performance do setor agropecuário deve se repetir, ajudando o desempenho do PIB nacional de forma expressiva.

A ressalva é que todas as estimativas de safra e produção consideram normalidade climática, com alguns desconfortos na região sul e parte do sudeste. Portanto, o fator clima será neutro na definição da produção de grãos em 2026.  Mas, como diria o escritor, as projeções não podem ser gravadas em bronze por se tratar de setor altamente sensível a fatores climáticos.

Mas o cenário-base para a safra de cereais, leguminosas e oleaginosas de 2026 é confortável, com suas respectivas repercussões positivas para a atividade econômica brasileira e mato-grossense.

​Vivaldo Lopes é economista e escreve neste espaço às segundas-feiras.

FONTE: RDNEWS

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