Um dia depois de ter a prisão preventiva mantida pela Justiça, o empresário Alexandre Franzner Pisetta, de 42 anos, que espancou a modelo Stephany Leal Vareiro, de 21 anos, escreveu uma carta de próprio punho, em uma folha de caderno, na tentativa de demonstrar arrependimento. O documento foi juntado pela defesa em um habeas corpus apresentado ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso.
A juíza Tatyana Lopes de Araújo Borges, da 2ª Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Cuiabá, negou o pedido de soltura. Na carta, Pisetta afirma estar vivendo o “pior momento” da vida, nega ser bandido, pede perdão e diz estar arrependido.
“Estou passando pelo pior momento da minha vida. Nunca imaginei estar preso longe da minha família, sendo chamado de bandido. Eu criei, falei coisas que não devia num momento de raiva e cabeça quente. Mas eu nunca quis machucar ninguém e muito menos a mulher que eu amo. Isso tudo está me destruindo por dentro”, escreveu. Em outra linha, o empresário diz que causou dor e sofrimento e pede perdão não apenas à vítima, mas a “todo mundo”. “Eu tô muito arrependido, me dói saber que causei tristeza e dor. Peço perdão de coração, não só pra ela mas pra todo mundo que se sentiu ofendido. Quero viver respeitar o espaço dela, não vou chegar perto, venho procurar porque ela merece paz. É o mínimo que eu posso fazer”, emendou.
Na sequência, Pisetta tenta se apresentar como alguém que errou, mas que estaria disposto a mudar. “Não sou bandido. Sou um homem que errou e que tá pagando caro por isso. Quero aprender com essa dor, ser alguém melhor e nunca mais passar por isso. A minha cabeça me consome todos os dias, hoje com ajuda do psicólogo vejo que é cada um seguir a sua vida, mesmo amando tanto a Stephany, quero que ela viva em paz”, afirma.
PRISÃO MANTIDA
No despacho publicado na terça-feira (16), a juíza Tatyana Lopes de Araújo Borges destacou a gravidade do caso, o histórico de violência e o risco concreto à vítima, a modelo Stephany Leal Vareiro, de 21 anos. Na decisão, a magistrada alertou para o perigo de novas agressões, inclusive com possibilidade de feminicídio.
“A situação dos autos é muito delicada e exige toda cautela, de modo a evitar que descambe para novos atos de agressão que podem chegar a um feminicídio. No depoimento que prestou, a vítima deixou claro que teme por sua vida e integridade física.” A juíza também ressaltou que Pisetta descumpriu reiteradamente medidas protetivas, mantendo contato com a vítima por mensagens e ligações, além de enviar ameaças graves.
Segundo a decisão, ele encaminhou ofensas, ameaças de morte e até a imagem de uma arma de fogo. “Os autos contêm relatos firmes e coerentes de que o investigado encaminhou ofensas graves, ameaças de morte, mensagens com teor extremamente intimidador e, inclusive, fotografia de arma de fogo em modo de visualização única, seguida da afirmação ‘TO SÓ ESPERANDO VOCÊS DOIS’, o que revela a periculosidade concreta do agente.”
Outro ponto destacado foi a violência psicológica, considerada tão intensa que levou a vítima a uma tentativa de suicídio, com atendimento de urgência na UPA do Verdão:
“A gravidade da conduta, somada ao histórico de perseguição e controle, culminou na tentativa de suicídio da vítima por uso de medicação, sendo ela encaminhada às pressas para atendimentos emergenciais na UPA Verdão, o que evidencia a absoluta resistência do investigado em acatar determinações judiciais.”
A magistrada ainda mencionou o relato de um estupro ocorrido em maio, que não havia sido denunciado antes por medo do agressor, além da existência de outra ação penal por crimes graves. “Indefiro o pedido de revogação da prisão preventiva de Alexandre Pisetta, mantendo a custódia cautelar nos termos em que foi decretada.”
O CASO
Pisetta foi preso no início de dezembro após ser flagrado descumprindo medidas protetivas. Ele responde por ameaça, injúria e perseguição. Vídeos divulgados pela própria Stephany nas redes sociais mostram agressões físicas, incluindo um golpe conhecido como “mata-leão”. A modelo afirmou que decidiu tornar as agressões públicas por temer ser assassinada.
“Tenho vergonha de contar que fui agredida pelo meu ex. Não foi um tapa, foi uma tentativa de homicídio.”
FONTE: Folha Max
