Por Raquel Lopes
Investigação da Polícia Federal aponta que a facção criminosa Comando Vermelho está bancando uma rede de apoio destinada a ajudar os dois detentos que escaparam da penitenciária federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, no último dia 14.
Segundo parte da investigação a que a Folha teve acesso, essa rede auxilia os fugitivos a se manterem em áreas rurais com apoio para alimentação, bebidas, transporte e, possivelmente, armas de fogo.
Os fugitivos são Rogério da Silva Mendonça, 36, conhecido como Martelo, e Deibson Cabral Nascimento, 34, chamado de Tatu, Deisinho — segundo as investigações, ambos são ligados à facção.
Após essa ocasião é que os fugitivos receberam suporte local de um indivíduo residente em Mossoró. A polícia relata que esse homem resgatou os criminosos, conduzindo-os a uma região próxima a Baraúna, última cidade que faz divisa com o Ceará.
O documento aponta que há fortes indícios de que o homem faça parte do Comando Vermelho, tendo inclusive, registros criminais. Ele foi a primeira pessoa presa no caso, no dia 21. Segundo investigadores, ele teria recebido R$ 4.500 para fazer o serviço.
Após deixar os presos nas proximidades de Baraúna, o suspeito teria viajado até Aquiraz, no Ceará, onde adquiriu armamentos, possivelmente repassados aos criminosos, e retornado a Mossoró.
Após a prisão e execução de mandados de busca e apreensão, a polícia constatou que ele não agiu isoladamente no apoio aos criminosos, contando com a colaboração de outras pessoas.
Segundo a investigação, o mecânico Ronaildo Fernandes teria o transportado de Mossoró a Baraúna para auxiliar os fugitivos. Além disso, o mecânico teria fornecido alimentação, celular e acesso à internet aos fugitivos.
Fernandes teria recebido do Comando Vermelho R$ 5.000 por meio de um criminoso que possui registros de roubo, receptação e corrupção de menores. Segundo a investigação, a ligação dos envolvidos com a facção não seria pontual.
Desde o início das buscas pelos detentos, ao menos seis pessoas já foram presas. Um homem foi preso nesta quinta-feira (29), em Fortaleza (CE), sob suspeita de ajudar os dois detentos.
Investigadores disseram que o homem seria um “parceiro forte” dos fugitivos, mas não quiseram especificar que tipo de ajuda estaria prestando.
A polícia suspeita de que os dois fugitivos continuem recebendo ajuda do lado de fora do presídio. Um indício seria o fato de não ter sido registrada nova movimentação deles na região.
Policiais dizem acreditar que eles ainda estejam no Rio Grande do Norte, e as buscas se intensificaram na divisa do estado com o Ceará. A procura pelos dois detentos completou 16 dias nesta quinta.
Cerca de 600 policiais estão envolvidos nas operações, incluindo cem integrantes da Força Nacional. Helicópteros e drones são usados nas buscas.
A área de ação envolve cavernas e matas, locais com grande incidência de animais peçonhentos e chuvas frequentes, o que tem desafiado as equipes. A região de Mossoró conta com mais de 300 cavernas e grutas mapeadas, que podem desde acomodar apenas uma pessoa até serem aptas a ampla exploração.