sábado, julho 12, 2025

Fazendeiro acreditava que advogado era influente no TJ e ‘ganhava todas’

 

A Delegacia Especializada em Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) está investigando se o assassinato do advogado Roberto Zampieri, de 57 anos, foi motivado pela circulação de uma suposta crença que o colocava como uma pessoa influente junto Poder Judiciário de Mato Grosso em casos relacionados à disputa de terras, o que facilitaria sua apropriação de propriedades rurais.

A informação foi divulgada pelo delegado Nilson Farias nesta segunda-feira (11) durante cumprimento do mandado de prisão temporária do fazendeiro de Paranatinga, Aníbal Manoel Laurindo, suspeito de ter encomendado o assassinato do advogado, executado a tiros no dia 5 de dezembro do ano passado, no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá. O fazendeiro foi preso ao se apresentar na DHPP enquanto sua esposa, Elenice Laurindo, também suspeita de envolvimento no homicídio, continua foragida.

“O que realmente existe são comentários, uma crença,  de que ele teria uma forte influência na alta cúpula do judiciário, no entanto, nada do que investigamos comprovou isso. Porém, a motivação foi achar que Roberto Zampieri conseguia mais facilmente derrubar e apropriar-se legalmente das terras de outras pessoas”, explicou o delegado Nilson Farias.

Conforme o delegado, a ligação entre o fazenderio e o coronel da reserva do Exército, Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas, de 68 anos, morador de Minas Gerais, seria a Frente Ampla Patriota, grupo criado para fomentar o conservadorismo no Brasil após a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) no pleito presidencial de 2022.

Segundo ele, Zampieri era conhecido pelos seus inimigos como alguém que grilava terras, ou seja, tomava terras – algo que é repudiado principalmente por aqueles que defendem a propriedade privada. “Existe a crença de que a vítima tinha essa influência. E ele era conhecido pelos seus inimigos como alguém que grilava terras. Isso é algo muito repudiado, principalmente por quem defende a propriedade privada. Eu acredito que essa ideologia também tenha vínculo de proximidade entre os envolvidos, porque são pessoas que pensam da mesma forma. Eles tiveram contato, foram se aproximando. Isso é o que a investigação está nos trazendo, mas como eu digo, na fase de inquérito nós trabalhamos com elementos de prova. Exceto as provas técnicas, tudo o que é feito aqui na fase processual será novamente feito com ampla defesa e contraditório”, concluiu o delegado.

Aníbal Laurindo ainda não foi interrogado pelo delegado, o que deverá ser interrogado nesta semana ou na próxima, pois a defesa pediu para ter acesso ao inquérito. 

Foram indiciados pela Polícia Civil e estão presos o executor do assassinato, o pedreiro Antônio Gomes da Silva, de 57 anos, o intermediário Hedilerson Barbosa, de 53 anos, que é instrutor de tiros e o coronel do Exército Brasileiro, Etevaldo Luiz Caçadini, apontado como financiador do crime. Todos são moradores de cidades em Minas Gerais, foram denunciados pelo Ministério Público Estadual (MPE) e viraram réus numa ação penal que tramita sob sigilo na 12ª Vara Criminal de Cuiabá, sob o juiz Wladymir Perri. 

Inicialmente, a empresária e farmacêutica, Maria Angélica Caixeta Gontijo, de 40 anos, chegou a ser presa e apontada como a suposta mandante do homicídio. No entanto, as investigações não confirmaram a participação dela no crime, tanto que ela sequer foi indiciada no primeiro inquérito instaurado pela DHPP. Agora, no segundo inquérito aberto pela Polícia Civil, os três fazendeiros são apontados como mandantos do assassinato do advogado.

A MORTE

Roberto Zampieri tinha 56 anos e foi assassinado na noite do dia 5 de dezembro, na frente de seu escritório localizado no bairro Bosque da Saúde, na capital. A vítima estava dentro de uma picape Fiat Toro, quando foi atingida pelo executor, que fez diversos disparos de arma de fogo.

FONTE: Folha Max

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