Com o impacto das chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul na agricultura, mercados em Cuiabá já começaram a limitar a venda de arroz. Em uma rede atacadista, o máximo permitido é a compra de 30 kg por pessoa. Segundo a Associação de Supermercados de Mato Grosso (ASMAT), as limitações dependem da política interna das próprias empresas. O setor prevê ainda um aumento no preço.
Nos mercados de uma rede atacadista, já foram colocados cartazes nas gôndolas informando: “Prezados clientes, a partir deste momento estaremos limitando 5 fardos (30 kg) por clientes. Agradecemos sua compreensão”.
Patrícia Sanches
Nas últimas semanas, o estado gaúcho tem sido duramente afetado pelas chuvas, chegando ao ponto de colapso, com diversas cidades isoladas, mortes registradas, estradas, casas e escolas destruídas. Foram atingidos mais de 380 municípios gaúchos.
O Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz do país, sendo responsável por 70% da produção brasileira. O estado colheu 70% da sua safra, porém, há dificuldades para conseguir escoar a produção devido a problemas nas estradas. Além disso, o restante das lavouras foram comprometidas e silos foram afetados com as cheias. Esse cenário impacta na chegada do arroz aos consumidores.
O setor dos mercadistas afirma que, até o momento, não há falta de arroz nas gôndolas, mas alerta que não há como evitar o aumento nos preços. “Quanto ao aumento do preço do arroz nos supermercados, a expectativa é que isso ocorra, mesmo com a colheita de cerca de 50% no Sul e a sinalização do governo federal em importar arroz após as chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul”, diz trecho da nota da Asmat.
Na semana passada, o ministro da Agricultura e Pecuária Carlos Fávaro (PSD) anunciou que o Governo Federal planeja editar uma Medida Provisória autorizando a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a realizar a importação de 1 milhão de toneladas de arroz, visando abastecer o estoque brasileiro, diante da tragédia que assola o sul do país.
O presidente Lula (PT) também comentou a medida, afirmando que o objetivo é evitar oscilações no preço do arroz, um dos itens básicos e essencial na alimentação do brasileiro.
“Com as chuvas, eu acho que nós atrasamos de vez a colheita do Rio Grande do Sul. Portanto, se for o caso para equilibrar a produção, a gente vai ter que importar arroz, a gente vai ter que importar feijão, para que a gente coloque na mesa do povo brasileiro o preço compatível com aquilo que ele ganha”, disse.
Aumento do preço
Apesar do setor mercadista esperar um aumento no preço do arroz, com o atual cenário, o ministro Carlos Fávaro afirmou em entrevista, no último dia 7, que se a compra por meio da Conab for célere, os valores devem se manter estáveis: “Se a gente for rápido na importação, mantém estável. Por isso que a compra é de arroz descascado e empacotado [para atender a demanda]”.
O leilão para aquisição será disponibilizada ao mercado internacional, mas segundo Fávaro, a tendência é de crie uma concorrência no próprio Mercosul, com Argentina, Uruguai, Paraguai e talvez Bolívia. A meta inicial é de 200 mil toneladas de arroz descascado, do 1 milhão de tonelada planejado para aquisição, pronto para consumo.
FONTE: RDNEWS