Nos últimos meses, o mercado de FIAGROs tem enfrentado perdas significativas, com quedas superiores a 30%, conforme aponta Tiago Guitián dos Reis, fundador da Suno Research. Esse panorama adverso é um reflexo dos desafios enfrentados pelo setor agrícola, especialmente na produção de soja, que vem sendo impactada por altos custos, a redução dos preços internacionais e condições climáticas desfavoráveis. Esses fatores repercutem diretamente na produtividade e nos preços da safra, colocando muitos agricultores em dificuldades financeiras e gerando uma onda de inadimplência que atinge distribuidores e outros agentes do mercado.
Embora algumas culturas estejam se beneficiando de preços mais elevados, a soja, que representa a maior parte da produção agrícola brasileira, é a mais afetada. A inadimplência, característica comum em créditos de elevado risco, torna-se evidente em setores como o corporativo, que oferece juros mais altos para compensar esse risco. Entretanto, os FIAGROs, uma classe de ativos relativamente nova, estão enfrentando sua primeira grande adversidade desde sua criação em 2021 e 2022, quando o agronegócio desfrutava de um momento de prosperidade.
Com a reversão desse cenário nos últimos dois anos, os custos permanecem elevados, enquanto os preços e volumes de produção estão em declínio. Além disso, alguns fundos adotaram estratégias de risco acima da média, resultando em perdas ainda mais acentuadas. Diante desse contexto, os investidores são aconselhados a agir com cautela. Segundo Reis, muitos optam por fundos atraídos pelo alto dividend yield, normalmente associado a um maior risco.
Portanto, ao considerar investimentos em FIAGROs, é fundamental analisar a carteira do fundo, seu nível de risco e a experiência da gestão, sem se deixar levar apenas pelos atrativos dos dividendos. Mesmo em tempos desafiadores, o setor agropecuário brasileiro preserva sua competitividade, e momentos de baixa podem representar boas oportunidades para investidores que tomam decisões fundamentadas e prudentes.