quinta-feira, novembro 7, 2024

Maysa: “Abílio não precisa de paquita; não sou e serei independente”

A vereadora Maysa Leão (Republicanos) afirmou que conduzirá seu mandato de forma “independente” do prefeito eleito Abílio Brunini (PL). Cotada para comandar o legislativo a partir de 2025, ela disse que o futuro gestor terá apoio se cumprir as propostas de governo.

 

Não acho que o Abílio é um cara de paquita. Eu não fui paquita, mas sou independente e transparente, ele nunca vai precisar me comprar. Se ele estiver disposto a atender a população, terá em mim a maior parceira

“Não acho que o Abílio é um cara de paquita. Eu não sou paquita, sou independente e transparente, ele nunca vai precisar me comprar”.

 

“Se ele estiver disposto a atender a população, terá em mim a maior parceira. Ele só terá oposição da minha parte quando ele for excludente, injusto, corrupto… Não imagino que ele vai chegar fazendo corrupção”, acrescentou.

 

Maysa também defendeu que a Câmara Municipal seja presidida por uma mulher a partir de 2025. Ela disse estar à disposição para o cargo e garantiu que, se vencer, fará uma gestão de governabilidade ao prefeito eleito, mas sem estar “no colo” dele.

 

“Eu coloquei meu nome, já conversamos com o prefeito eleito para que ele fique tranquilo, porque ele terá governabilidade. Não é uma chapa que estará ‘no colo’ do prefeito, porque isso não é bom, mas não é uma chapa que faz oposição”, disse.

 

A vereadora também defendeu que a Justiça torne o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) inelegível e disse temer uma possível candidatura dele a deputado estadual em 2026.

 

“Se as 23 operações policias não derem em nada, a população vai acreditar que a impunidade, realmente, é a rainha do Brasil. Quero muito que ele se torne inelegível, que ele responda pelos crimes que cometeu e que não possa vir candidato a nada em 2026”, completou.

 

Confira os principais trechos da entrevista:

 

MidiaNews – A senhora disse em entrevistas anteriores que pretende disputar um cargo na Mesa Diretora da Câmara. Como andam as articulações?

 

Maysa Leão – É bem verdade que depois do segundo turno as coisas realmente se aqueceram, porque o prefeito eleito faz muita diferença.

 

Sabemos que a Câmara é independente, mas querer que o mandato do prefeito tenha governabilidade é uma preocupação genuína

Sabemos que a Câmara é independente, mas querer que o mandato do prefeito tenha governabilidade é uma preocupação genuína. Depois do 2º turno, as conversas se aqueceram e eu, desde o primeiro momento, disse que estou preparada para encarar o cargo de presidente.

 

Nós formamos um grupo, logo após o 2º turno, e já estávamos conversando. Uma chapa que tem um núcleo duro que são amigos, que já trabalhávamos juntos, com exceção do Daniel Monteiro (Republicanos), que foi eleito agora e logo entrou nesse grupo.

 

Estamos determinados a fazer grupo estar na Mesa Diretora. Eu coloquei meu nome, o Demilson Nogueira colocou o nome dele e outras pessoas dessa chapa também colocaram, como a vereadora Michelly Alencar (União). Lógico que cada um está pleiteando seu espaço, mas existe um combinado entre nós que analisaremos os votos.

 

Se chegarmos no momento que, por exemplo, a Maysa tem 14 votos, o Demilson tem 17, e a Michelly 18… Vamos bater o martelo com essa capilaridade para entrarmos com segurança de garantir a Mesa Diretora.

 

Já conversamos com o prefeito eleito (Abílio Brunini) para que ele fique tranquilo, porque, pelo menos nessa chapa, ele terá governabilidade. Não é uma chapa que estará “no colo” do prefeito, porque isso não é bom, mas não é uma chapa que faz oposição.

 

 

MidiaNews – Conhecendo o perfil do Abílio, acha que ele pode se intrometer? Ajudar nas articulações?

 

Maysa Leão – Acho que, nas pequenas articulações, nas minúcias, não, mas tenho certeza que ele vai interferir de alguma forma no resultado. Se ele ver uma movimentação muito grande de pessoas que podem atrapalhar a governabilidade dele, certamente vai interferir, porque seria inocente da parte dele. Nenhum prefeito anda sem, pelo menos, uma Câmara equilibrada.

 

Não precisa ser uma Câmara “do prefeito”, uma Mesa Diretora “do prefeito”, mas precisa ser equilibrada.

 

Maysa Leão – A senhora pretende pleitear a presidência da Câmara? Acha que teria votos suficientes para conquistá-la?

 

MidiaNews – Temos mensurados hoje 14 votos, daqueles que olharam nos nossos olhos e disseram “estamos juntos”. Não somos inocentes, sabemos que essas coisas podem mudar, mas esses 14 votos são pessoas que confiamos.

 

Seria incoerente da minha parte estar em um chapa onde fosse majoritariamente a base de Emanuel Pinheiro (MDB). Eu que fiquei na oposição desde o princípio, não me sinto confortável com a base do prefeito, então a chapa que temos é majoritariamente de oposição ao prefeito e de pessoas que estão em primeiro mandato.

 

Temos 14 votos, se a eleição fosse hoje a gente venceria. Dentro dessa conjuntura, os nomes que mais conversamos para o cargo de presidente foi o meu e o do vereador Demilson Nogueira (PP).

 

Estamos conversando ainda com o prefeito Abílio, com o deputado Max Russi e com outros nomes. Sabemos que os poderes se cruzam em determinado momento, então se, de repente, o Demilson e eu virmos que estamos atrapalhando a chapa, a gente pode decidir entre nós, sem nenhuma novidade, porque não será colocado um novo elemento, ir para a vice-presidência, primeira-secretaria.

 

Não está cravado o nome, mas falei para eles que é meu desejo. Tem oito mulheres, por que não uma presidente mulher?

 

MidiaNews – Nesse jogo, então, a senhora brigaria com a Michelly pelo cargo?

 

Maysa Leão – Na verdade, não. A disputa seria entre um homem e uma mulher, porque, nas negociações, está bem confortável entre eu e a Michelly. Eu poderia ser presidente, ela primeira-vice, sem problemas. Eu e a Michelly é o de menos. O difícil é uma mulher presidente, porque temos 19 homens e 8 mulheres, então é um conceito novo. Os homens não imaginam uma Câmara com uma mulher presidente.

 

MidiaNews – Como convencê-los de que é importante ter uma mulher? É lógico que, naturalmente, ninguém vai falar que não quer uma mulher no poder. Esse discurso não soa bem aos eleitores.

 

Maysa Leão – Quando acabou a eleição, muita gente chegou para mim e disse: “Nossa, oito mulheres. Se juntem, faça uma chapa de vocês”. Isso posso dizer que é impossível, infelizmente.

 

Fiz uma campanha independente, justamente para não receber ligação de ninguém dizendo como devo votar e agir, mas não é a realidade de todas as mulheres e nem posso colocar essa culpa nelas, porque muitas pertencem a grupos. 

 

Não podemos dizer que temos oito mulheres independentes, que chegaram ali isoladas. Elas fazem parte de grupos e é coerente da parte delas não abandonarem. Não temos essa coisa de as mulheres se unirem, fazer um grupo delas e os homens entrarem. Isso não vai acontecer, então a negociação será olho no olho, voto a voto, quem tem na caneta mais compromissos com todos os vereadores.

 

MidiaNews – A senhora está pronta para isso, porque sabemos que esse jogo é sujo nos bastidores. Está preparada para concorrer com esse possível jogo?

 

Maysa Leão – Não vou ser inocente. Talvez, as pessoas não saibam dos bastidores da política, mas sabemos que tem negociações que podem acontecer e que eu não faria.

 

Se for necessário “vender a mãe”, como algumas pessoas dizem, para pagar a conta, eu não estou disposta. Estou preparada para fazer gestão, uma proposta de Câmara que não seja mais chamada de Casa dos Horrores. O grande objetivo é levar a Câmara para a população cuiabana e prepará-la para reformular o regimento interno, que, a meu ver, está defasado. Não cobre diversas áreas que precisam ser cobertas.

 

 

Revisar também a estrutura dos gabinetes, porque muita gente fala, olhando de fora, e eu também falava quando era apenas eleitora, que o vereador ganha muito e tem estrutura, mas sabemos hoje que os assessores dos vereadores não tem estrutura. Os gabinetes não têm estrutura.

 

Para você ter noção, meu gabinete tem dez pessoas trabalhando. Quando entrei na Câmara, recebi três celulares e três computadores. Eu que me vire para dar valor aos meus assessores e comprar sete celulares, sete computadores, sete cadeiras, porque tudo que recebi foram em três [unidades].

 

Você precisa ter um amor. Durante os primeiros quatro meses, não usei meu salário, que deveria ser para a minha vida pessoal, e apliquei no meu gabinete para que ele tivesse estrutura para atender a minha equipe. 

 

MidiaNews – A senhora comentou das estruturas da Câmara. O presidente, Chico 2000, disse que deu estrutura à Câmara. Até que ponto isso é verdade e o quão eficiente ele é?

 

Maysa Leão – Cheguei no final do (mandato) do Juca do Guaraná (MDB) e no começo do Chico. O Chico já estava eleito. Posso dizer que o Chico é bem melhor que o Juca, mas isso não significa que ele seja o ideal ou melhor de todos os tempos.

 

Penso que muita coisa pode e deve melhorar. O Chico reformulou as secretarias; ele reestruturou a parte de Educação, meus assessores fizeram todos os cursos disponíveis, teve cursos muito bons e isso é importante, mas muita coisa ficou a desejar, por exemplo o auxílio alimentação dos servidores de gabinete.

 

MidiaNews – O Chico disputa a reeleição à presidência. Acredita que vale a pena reelegê-lo?

 

Maysa Leão – Não acredito e não conheço os votos que ele tem para a reeleição. Ele teve a oportunidade dele. Não tenho nada para reclamar do Chico comigo, ele sempre atendeu meus pedidos, mas também sou muito correta com regimento, então não peço nada demais.

 

Acho que ele não tem votos para voltar, posso dizer que tenho quase certeza, mas tudo pode mudar.

 

MidiaNews – O Mário Nadaf (PV) também está nessa corrida. A senhora o vê como um candidato que disputará contra o seu grupo?

 

Maysa Leão – Vejo como candidato contra o nosso grupo o vereador Pastor Jeferson, que é a pessoa que está mais movimentando. Ele tem um grupo com Marcus Brito e alguns vereadores que sempre andaram juntos em plenário. É o grupo que falo ser base de Emanuel.

 

Acredito que o Mário caiba dentro desse grupo, não o vejo criando um grupo dele.

 

MidiaNews – No segundo turno, a neutralidade disse muito sobre a senhora, que não apoiou o prefeito eleito Abílio Brunini. Nos bastidores, gerou comentários de que isso vai dificultar a sua pretensão à presidência. Acha que errou ao não apoiá-lo? Teria feito diferente?

 

Maysa Leão – Não teria feito diferente, fiz com muita segurança. Na verdade, não fui contra ao Abílio e não fui a favor do Lúdio Cabral (PT). As pessoas falam “você vai ficar isenta, neutra?”. Neutro é sabonete, eu fui independente.

 

É muito difícil ser independente. Fui independente desde o primeiro turno, meu partido estava com o candidato Eduardo Botelho (União). Cheguei lá atrás a ser convidada para ser vice do Botelho e, quando não participei do plano de governo falei para pessoas no entorno que eu não entraria na campanha, porque não entro em nada que não ajudei a construir. Naquele modelo de campanha que fizeram, preferi ficar fora e isso teve um preço para mim. Tive que dar respostas duras, eu poderia estar no “bonde da alegria”, mas não entrei.

 

No segundo turno, as pessoas estavam entrando nos bondes da alegria para apostarem no futuro. Eu aposto na população, fiz uma campanha inteira sozinha. O que me levou de volta para a Câmara foram as pessoas. Eu não tenho um político que me abraçou e que seja meu padrinho. Não ter esse padrinho tem um ônus e um bônus.

 

Quando falei que não apoiaria Abílio nem Lúdio, não me coloquei isenta, mas me coloquei independente. Eu sabia que, depois de uma eventual eleição, nenhum e nem outro estariam felizes comigo. Nenhum dos resultados iria me favorecer.

 

Se o Lúdio ganhasse, todo mundo que estivesse ao entorno dele diria “ela não te apoiou” e eles estariam certos. O Abílio venceu e, quem sentar com ele e falar “ela não te apoiou” estará certo, mas eu conversei com ele, o parabenizei.

 

Os dois foram vencedores, mais de 140 mil votos de um lado e 170 mil do outro. É voto para caramba e merecem os parabéns.

 

MidiaNews – Então, não se coloca como oposição Abilio?

 

Maysa Leão – Eu disse para o Abílio o que digo para todo mundo, “não serei, jamais, oposição por oposição”. Não entrei na política para ganhar nada e nunca venderei um voto, o que deveria ser regra, mas sabemos que não é.

 

Se ele estiver pronto para reconstruir Cuiabá, certamente serei um alicerce dessa reconstrução com transparência e independência. Ele apertou minha mão e disse: “Não esperava nada diferente de você”.

 

MidiaNews – A neutralidade, então, não a atrapalha?

 

Maysa Leão – Se o ego dele precisasse de uma paquita, atrapalharia, mas não acho que o Abílio é um cara de paquita. Eu não fui paquita, mas sou independente e transparente, ele nunca vai precisar me comprar.

 

 

MidiaNews – O Abílio terá uma base de apoio extensa na Câmara Municipal. Qual avaliação faz disso? É bom ou ruim para a cidade?

 

Maysa Leão – Hoje rolou uma brincadeira. O Dilemário estava fazendo uma fala em plenário e o pessoal falou: “Aposto seis meses que ele fica na base e depois pula”. Dilemário, não fica bravo, não estou falando de você, só usei um exemplo.

 

Essa base grande se dissolve com o mandato. Estamos em uma lua de mel, agora tudo são flores, então vai depender muito do posicionamento. O Abílio vai ser um prefeito muito pragmático em trabalho e resultados, pretendo ver isso acontecendo, porque Cuiabá merece. Ele perdeu uma eleição, continuou correndo atrás e conseguiu chegar. Ele teve muita fome de ser prefeito, foi oposição a Emanuel, então a sua história da vida política está na mão dele.

 

Se ele fizer um mau mandato, enterra a carreira política dele para sempre. Acho que ele não quer isso, vai querer fazer um bom mandato e, quando chegarem os entraves, ele é um cara que vai para o embate, então acredito que essa lua de mel não dura seis meses. Acredito que a base dele terá que ser de pessoas dispostas a negociarem com transparência.

 

MidiaNews – O Abílio não vai assumir uma prefeitura muito fácil. A comunicação com o Legislativo vai precisar de parcimônia?

 

Maysa Leão – De interlocutores, paciência… Ele terá que ter um bom secretário de gestão, uma mesa equilibrada, que não queria colocar preço em tudo. Penso que o Abílio, enquanto prefeito, tem preocupação de não permitir que essa Mesa vá para a mão da base do Emanuel. Se eu estivesse no lugar dele, essa seria a minha preocupação.

 

MidiaNews – A comunicação do Abílio com os vereadores pode ser um dos maiores desafios durante o mandato?

 

Maysa Leão – Ele surpreendeu. A primeira ação dele, na terça-feira logo após a eleição, quando a maioria dos prefeitos estariam descansando, foi para a Câmara e juntou todo mundo no bastidor. Não foi para a imprensa ver, foi para mostrar-se disposto a ter uma boa interlocução e falar “estou aqui para dizer que não vou perseguir ninguém, fazer caça às bruxas, estou disponível e todos têm meu telefone pessoal. Vamos marcar. Estou disposto a conversar olho no olho com cada um de vocês”.

 

Ele disse para o Adevair Cabral: “Não se preocupe comigo, tenho uma cidade para reconstruir”. O Adevair disse “Então vou tirar os dez processos que tinha protocolado” e os dois apertaram as mãos. Acho que era um símbolo, porque eram as duas pessoas mais um contra o outro.

 

Se ele está disposto a conversar com o Adevair, está disposto a conversar com todo mundo. Esse era o maior calo no sapato dele. O Abílio começou bem.

 

MidiaNews – A respeito do seu mandato, qual será seu posicionamento sobre o Abílio?

 

Maysa Leão – A minha conduta, como vereadora independente, dependerá da conduta dele. Se ele fizer todas as proposta que ele apresentou, como no primeiro discurso de que as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) são para a direita e esquerda, de atender pessoas trans, LGBTs, héteros, brancas, negras, de todas as religiões… Se ele estiver disposto a atender a população, trazer Saúde de qualidade, resolver problemas, terá em mim a maior parceira.

 

Ele só terá oposição da minha parte quando ele for excludente, injusto, corrupto… Não imagino que ele vai chegar fazendo corrupção.

 

MidiaNews – Agora na questão do seu partido, o vice-governador Otaviano Pivetta confirmou interesse há alguns meses a disputar o Governo em 2026. Como analisa esse cenário? Ele tem perfil e capacidade?

 

Maysa Leão – A capacidade ele tem, com certeza. Ele é meu governador. Com esse aí, não serei independente, serei tiete, porque ele trabalha muito, tem capacidade de gestão, trabalho e execução.

 

Qual é o desafio do nosso vice-governador? A capacidade política de sair do trabalho, porque, para ele, tudo é perda de tempo. Se ele não estiver executando, trabalhando, não se sente útil.

 

Só que a política também é feita de paixões. As pessoas votam em quem elas gostam. Gosto do Pivetta, porque conheço Lucas do Rio Verde, já fui atendida em uma unidade de pronto-atendimento. Quando entrei, fiquei em dúvida se era pública, porque tem cara de privado de tão bom quem é.

  

Agora as pessoas precisam conhecê-lo, o desafio dele é sair do Palácio Paiaguás, ir para as ruas, se tornar uma pessoa acessível e conhecida. 

 

MidiaNews – A senhora tem uma relação bem próxima a ele por conta do partido. Acha que ele está com essa energia para ir às ruas e passar simpatia aos eleitores?

 

Maysa Leão – Ele terá que passar por uma decisão. Quando entrei para a política, eu era loira, tinha uma imagem diferente da imagem que tenho hoje. Muita gente perguntou “você mudou por conta da política?”. Sim, mudei por conta de uma pesquisa qualitativa que mostrava que as pessoas me julgavam inacessível, distante, rica e fora da realidade. A gente sabe que leva cinco segundos para julgar.

 

Esse era o julgamento. “A influencer virá ensinar maquiagem”. É machismo, preconceito… Eu poderia fincar o pé e falar: “Vou ficar loira, de batom pink” e perderia a eleição, porque as pessoas não teriam a oportunidade de reconhecer o meu trabalho.

  

Ele [Otaviano] vai precisar superar o jeitinho de ser dele, que não conecta com a população, porque a população sente um homem distante. Não é sobre criar um personagem, mas atenuar essas objeções. Eu fiz e deu certo, então espero que ele esteja disposto.

 

MidiaNews – Ainda nesse cenário de 2026, há possibilidade de o PL se aliar ao União Brasil, formando uma chapa forte. Como o Republicanos se viabilizaria?

 

Maysa Leão – Nesse mar de tubarões, acredito que o posicionamento do Republicanos estará sempre muito aliado ao União Brasil, em primeiro lugar, depois vem o PL.

 

Temos o vice-governador Otaviano Pivetta dentro do partido, então não vejo o partido abandonando o barco. Só acontecerá apoio ao [projeto de disputar o governo] Wellington Fagundes (PL) se o Pivetta disser, pelo menos da minha parte, que não é mais candidato. Isso tem que partir dele.

 

Enquanto ele for o candidato, estarei ao lado dele a não ser que me tirem do partido ou aconteça alguma coisa. Não vejo o Republicanos virando as costas para um projeto que está desenhado a tanto tempo.

 

MidiaNews – Qual fim a senhora imagina para o prefeito Emanuel Pinheiro? Ele deve se complicar judicialmente?

 

Maysa Leão – Se as 23 operações policias não derem em nada, a população vai acreditar que a impunidade, realmente, é a rainha do Brasil. A gente é um case nacional, todo mundo conhece o prefeito Emanuel Pinheiro. Fiz vários cursos de marketing político onde tínhamos as melhores pessoas, a nata do marketing político nacional e, quando eu falava que era de Cuiabá, a pessoa falava: “Aquele do paletó?”.

 

Infelizmente, nosso prefeito é famoso nacionalmente. Não tenho nada contra a pessoa de Emanuel Pinheiro, mas quero muito que ele se torne inelegível, que ele responda pelos crimes que cometeu e que não possa vir candidato a nada em 2026.

 

 

MidiaNews – Acredita que, apesar das mazelas da corrupção, ele pode ter força política em 2026?

 

Maysa Leão – Ele tem muita gente fiel. Todos que têm essa fidelidade a ele dizem que ele cuida muito bem dos dele. Ele cuidou muito mal do povo, de Cuiabá, mas quem é do núcleo dele se sente muito bem amparado e cuidado, então acredito que ele consiga se eleger deputado se não ficar inelegível ou preso.

 

Confio na Polícia Federal, no Gaeco, no NACO, no Ministério Público e imagino que ele vá ter esse fim e estarei assistindo. 

 

MidiaNews – A senhora falou sobre ele cuidar dos dele. Faltou ele tratar Cuiabá como dele? Como sua responsabilidade?

 

Maysa Leão – Entre Emanuel e Cuiabá, existe um relacionamento abusivo, um agressor. Podemos dizer que, se Cuiabá fosse uma mulher, ela poderia ser enquadrado na Maria da Penha. Faltou condescendência com o povo, porque não é só desvio de corrupção e uma dívida de R$ 2 bilhões que será herdada. São pessoas.

 

Pessoas que morreram, esperando uma cirurgia eletiva que não aconteceu, pessoas que na pandemia não tiveram leito de UTI. Eu estava fiscalizando e encontrei uma sala com 37 leitos desmontados no momento em que Cuiabá não tinha nenhuma UTI, então é muito sério.

  

MidiaNews – A senhora considera que os apoiadores de Emanuel na Câmara fizeram parte desse relacionamento tóxico? Eles são dignos de serem investigados?

 

Maysa Leão – Com certeza. A população deu uma resposta, porque muitos deles não conseguiram voltar. Essa renovação aconteceu especialmente na base de Emanuel.

 

Se a gente for olhar o numero de vereadores que não voltaram, a maior parte deles foi base de Emanuel. Foi uma resposta do povo. Muitos falam que o meu vídeo foi a “guilhotina de um corpo caído”, porque fiz um vídeo dizendo os vereadores que faltaram no dia da votação da Comissão Processante que aconteceu na semana da eleição, mas não é sobre faltar.

 

Foi tudo. Ninguém será eliminado de uma vaga na Câmara de Vereadores por conta de uma falta, então essas pessoas, certamente, o povo já separou um pouco aqueles que conseguiram voltar.

 

Se vislumbrarmos Emanuel em uma possível delação, acredito que eles podem ser citados. Espero que Emanuel, assim que sair do cargo, responda assim como Riva respondeu e conte tudo para nós.

 

Confira a entrevista na íntegra:

FONTE: MIDIA NEWS

comando

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