Uma vila sul-coreana perto da fronteira com a Coreia do Norte foi atingida por engano nesta quinta-feira por dois caças da própria Força Aérea do país, deixando 15 feridos e causando danos a casas e uma igreja. Os jatos participavam de um exercício conjunto com militares dos Estados Unidos quando houve o lançamento de oito bombas, segundo o Exército da Coreia do Sul.
As bombas deveriam atingir um campo de treinamento a vários quilômetros da vila, mas pelo menos um dos pilotos sul-coreanos inseriu coordenadas incorretas, afirmou o Exército. Quatro das vítimas ficaram gravemente feridas e precisaram passar por cirurgia, segundo autoridades de Pocheon, onde fica a vila de Nogok, que foi atingida. As outras 11 vítimas tiveram ferimentos leves.
Os militares anunciaram a suspensão de todos os exercícios com munição real enquanto uma investigação é realizada. O exercício desta quinta fazia faz parte dos treinamentos anuais conjuntos, conhecidos como Freedom Shield, realizados todos os anos pelas forças militares sul-coreanas e americanas.
Uma mulher disse que estava em casa quando uma explosão “como um terremoto” sacudiu a vila, quebrando janelas de sua residência e de outras construções ao redor. Sua casa fica a cerca de 200 metros do ponto onde os danos mais graves foram registrados. Fotos divulgadas pela imprensa local mostram uma casa na vila com parte das paredes e do telhado destruídos.

— Algo que nunca deveria ter acontecido acabou de acontecer — disse o prefeito de Pocheon, Baek Young-hyun. — O local onde as bombas caíram está completamente caótico, parecendo um campo de batalha.
Baek afirmou que três grandes campos de treinamento militar ocupam cerca de 50 km² em Pocheon e que, ocasionalmente, balas ricochetadas desses campos já representaram perigo para os moradores. Ele exigiu que os militares suspendessem o uso dessas áreas até que garantissem que acidentes como o desta quinta-feira não voltassem a ocorrer.
Os Exércitos da Coreia do Sul e dos EUA confirmaram que os exercícios Freedom Shield deste ano começarão oficialmente na segunda-feira e durarão 11 dias. Nos últimos dias, porém, os dois países já haviam iniciado treinamentos menores em preparação para os exercícios principais. O Exército coreano afirmou que nenhuma aeronave americana esteve envolvida no incidente desta quinta.
— Levamos este incidente muito a sério — disse o coronel Ryan Donald, porta-voz militar dos Estados Unidos, acrescentando que seu comando estava coordenando de perto com o Ministério da Defesa sul-coreano e comprometido com uma investigação completa e transparente.
Os Estados Unidos mantêm 28,5 mil soldados na Coreia do Sul. Os aliados realizam vários exercícios militares conjuntos todos os anos, alegando que são de natureza defensiva. A Coreia do Norte, por outro lado, tem reagido com indignação a esses treinamentos, chamando-os de ensaios para a guerra.
Na segunda-feira, Kim Yo-jong, irmã do líder norte-coreano, Kim Jong-un, e sua principal porta-voz, acusou o governo do presidente Donald Trump de ter “a vontade mais hostil e confrontadora” contra seu país, citando a continuidade dos exercícios conjuntos com a Coreia do Sul. Indicando que a Coreia do Norte poderia retomar os testes de armas nucleares, ela declarou:
— Jamais nos limitaremos a apenas observar e comentar a situação.
FONTE: Folha Max