Rodinei Crescêncio/Rdnews
O desgaste nas articulações, cujo nome técnico pode ser artrose ou osteoartrose, é uma condição comum que afeta milhões de pessoas, principalmente à medida que envelhecem. No entanto, o problema não está restrito à terceira idade – atletas, trabalhadores que realizam movimentos repetitivos e pessoas com sobrepeso também podem sofrer com esse tipo de degeneração. O desgaste articular pode levar a dor, limitação de movimentos e impactar diretamente a qualidade de vida. Neste artigo, vamos explorar as causas, os sintomas e as opções de tratamento disponíveis.
O Que Causa o Desgaste Articular?
O desgaste das articulações ocorre principalmente devido à degeneração da cartilagem, o tecido que reveste as extremidades dos ossos e permite o movimento suave das articulações. Com o tempo, essa cartilagem pode se desgastar devido a vários fatores, incluindo:
1. Envelhecimento
Com o passar dos anos, as células responsáveis pela manutenção da cartilagem perdem a capacidade de reparação eficiente, tornando as articulações mais vulneráveis ao desgaste.
2. Uso Excessivo e Movimentos Repetitivos
Pessoas que realizam atividades repetitivas, como atletas, trabalhadores braçais e digitadores, estão mais propensas ao desgaste precoce das articulações devido à sobrecarga mecânica constante.
3. Sobrepeso e Obesidade
O excesso de peso aumenta a pressão sobre as articulações, especialmente joelhos, quadris e coluna, acelerando o processo de degeneração cartilaginosa.
4. Fatores Genéticos
Algumas pessoas têm predisposição genética para desenvolver doenças articulares degenerativas, como a osteoartrite.
5. Sedentarismo
A falta de atividade física enfraquece os músculos ao redor das articulações, tornando-as mais suscetíveis a lesões e ao desgaste precoce.
6. Lesões Traumáticas
Lesões prévias, como fraturas e entorses, podem comprometer a estrutura da articulação, acelerando o processo de degeneração.
Principais Sintomas do Desgaste Articular
O desgaste nas articulações pode se manifestar de diferentes formas, dependendo da gravidade do problema e da articulação afetada. Os principais sintomas incluem:
• Dor articular: geralmente piora com o movimento e melhora com o repouso.
• Rigidez: comum ao acordar ou após longos períodos de inatividade.
• Inchaço e inflamação: resultado da irritação da articulação.
• Crepitação ou estalos: sensação de ranger ou estalar ao movimentar a articulação.
• Redução da mobilidade: dificuldade em realizar movimentos normais.
• Deformidades articulares: em casos avançados, pode haver alterações estruturais visíveis.
Diagnóstico
O diagnóstico do desgaste articular é realizado por meio de uma avaliação clínica detalhada e exames de imagem, como:
• Radiografias: ajudam a identificar a diminuição do espaço articular e a presença de osteófitos (bicos de papagaio).
• Ressonância magnética: utilizada para avaliar a cartilagem, os ligamentos e outras estruturas articulares.
• Ultrassonografia: pode ser usada para detectar inflamações e derrame articular.
• Exames laboratoriais: em alguns casos, são solicitados para descartar doenças inflamatórias, como artrite reumatoide.
Opções de Tratamento
O tratamento do desgaste articular pode variar conforme a gravidade do quadro. As principais abordagens incluem:
1. Mudança no Estilo de Vida
• Controle do peso: reduzir a carga sobre as articulações ajuda a aliviar os sintomas.
• Atividade física moderada: exercícios de baixo impacto, como hidroginástica, pilates e caminhada, fortalecem os músculos e melhoram a mobilidade articular.
• Postura adequada: evitar posições que sobrecarreguem as articulações pode ajudar na prevenção da dor.
2. Fisioterapia e Fortalecimento Muscular
A fisioterapia desempenha um papel fundamental no tratamento do desgaste articular. Exercícios específicos ajudam a estabilizar e fortalecer a musculatura ao redor da articulação, reduzindo a sobrecarga sobre a cartilagem.
3. Medicamentos
• Analgésicos e anti-inflamatórios: podem ser usados para controle da dor e inflamação.
• Condroprotetores (sulfato de glucosamina e condroitina): auxiliam na manutenção da cartilagem articular.
• Infiltrações: aplicações intra-articulares de ácido hialurônico ou corticoides podem ser indicadas para alívio da dor e melhora da mobilidade.
4. Terapias Regenerativas
A medicina regenerativa tem se mostrado uma excelente opção para tratar o desgaste articular de forma minimamente invasiva. Algumas das abordagens incluem:
• Plasma Rico em Plaquetas (PRP): aplicação de fatores de crescimento derivados do próprio sangue do paciente para estimular a regeneração da cartilagem.
• Células-tronco: extraídas da medula óssea ou do tecido adiposo, essas células têm potencial de reparo tecidual.
• Terapia por Ondas de Choque: estimula a vascularização e a regeneração dos tecidos articulares.
5. Cirurgia
Nos casos mais avançados, quando os tratamentos conservadores não são eficazes, pode ser necessário recorrer à cirurgia. As opções incluem:
• Artroscopia: procedimento minimamente invasivo para tratar lesões intra-articulares.
• Osteotomia: indicada para realinhamento da articulação em casos de desalinhamento ósseo.
• Próteses articulares: substituição da articulação desgastada por uma prótese artificial, geralmente utilizada em casos graves de osteoartrite.
Prevenção
Embora o desgaste articular seja um processo natural do envelhecimento, algumas medidas podem ajudar a retardá-lo:
• Manter um peso saudável.
• Praticar atividades físicas regularmente, evitando impactos excessivos.
• Evitar posturas inadequadas no trabalho e nas atividades diárias.
• Fazer alongamentos e exercícios de fortalecimento muscular.
• Tratar precocemente qualquer dor ou desconforto articular para evitar complicações futuras.
O desgaste nas articulações é uma condição que pode comprometer a qualidade de vida, mas que pode ser manejada com estratégias adequadas. Combinando mudanças no estilo de vida, fisioterapia, medicamentos e terapias regenerativas, é possível aliviar a dor, melhorar a mobilidade e, em alguns casos, até mesmo retardar a progressão do problema. Se você sente dores nas articulações, procure um especialista para uma avaliação detalhada e um plano de tratamento personalizado.
Fellipe Ferreira Valle é formado em medicina pela Universidade de Medicina de Teresópolis -RJ, realizando posteriormente residência médica em ortopedia na Santa Casa de Belo Horizonte onde também realizou especialização em cirurgia do joelho e cirurgia do ombro e cotovelo. É também membro fundador da Sociedade Brasileira de Regeneração Tecidual e Socio efetivo da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Professor de medicina na UNIVAG e preceptor da residência de ortopedia da UNIC. Instagram :@dr.fellipe
FONTE: RDNEWS