quinta-feira, maio 1, 2025

Lancha que ‘voou’ em competio estava a mais de 320 km/h

 

Uma lancha de alta velocidade deslizou pelo Lago Havasu, no Arizona, com o acelerador sendo pressionado cada vez mais forte pelo operador, até atingir mais de 320 km/h. Então, a embarcação foi sugada para o ar por causa de seu próprio design aerodinâmico e capotou várias vezes antes de bater violentamente na água.

Os espectadores da corrida Desert Storm, no sábado, ficaram em silêncio — com exceção de alguns suspiros e palavrões —, segundo vídeos amplamente compartilhados online e divulgados por veículos de mídia nacional. Pouco depois de o barco parar, em posição vertical na água, o piloto e o operador do acelerador, cujos nomes não foram divulgados, mas que são conhecidos por seus apelidos de corrida, John Wayne e Clint Eastwood, saíram da cabine.

O piloto sofreu uma clavícula quebrada e fraturas nas costelas, e o operador do acelerador teve uma fratura no joelho, disse Ryan Olah, membro da equipe da lancha, a Freedom One Racing. — As lesões foram leves considerando tudo — disse ele.

Olah contou que os dois chegaram a fazer piadas no hospital, mesmo depois de o barco ter voado a cerca de 18 metros de altura e percorrido, no ar, uma distância estimada de 300 metros em cerca de cinco segundos. — Eles disseram que tudo aconteceu tão rápido que só se lembram de serem sacudidos um pouco, abrirem a escotilha e saírem — afirmou Olah.

Fãs de corridas de lancha nos Estados Unidos já presenciaram acrobacias parecidas antes — embora talvez não tão dramáticas quanto essa —, disse Ray Lee, editor da revista Speedboat Magazine, que estava na linha de largada enquanto seu cinegrafista gravava nas proximidades. Vídeos do evento, que ocorreu em um dia de ventos fortes no lago, somaram milhões de visualizações.

— O barco ficou suspenso no ar por muito mais tempo do que estamos acostumados a ver — disse ele, em entrevista na terça-feira. Então como chamar aquilo? Deu um giro? Fez um parafuso? Um 360? Um salto mortal? — É difícil dizer. Qualquer adjetivo serve — afirmou Lee.

A lancha da equipe Freedom, chamada America 1, foi registrada a cerca de 322 km/h quando passou pelo penúltimo radar de velocidade próximo ao fim do percurso de 1,2 km, contou Olah. Mas, quando continuou acelerando até cerca de 338 km/h, de acordo com o GPS da cabine, uma rajada de vento se formou, catapultando o barco para o ar, onde ele deu cambalhotas, girou e rodopiou antes de aterrissar na linha de chegada.

— Quando começam a subir assim, vira uma pipa. A aerodinâmica do barco começa a trabalhar contra ele. Para todos os envolvidos, foi uma cena intensa. Porque você realmente não sabe como vai terminar — disse Olah.

Evolução das corridas de lancha

As corridas de lancha nos Estados Unidos evoluíram bastante desde seu início, mais de um século atrás. Em junho de 1904, lanchas leves de 6 metros deslizaram pelo rio Hudson, em Nova York, em uma corrida organizada por clubes náuticos locais chamada Gold Cup, que acabou levando à criação da American Power Boat Association (APBA).

— Era bem lento naquela época. Dois caras num barco, um jogando carvão no motor. Evoluímos muito desde então — contou Dana Potts, diretor de operações da APBA.

A equipe Freedom One Racing afirmou no Facebook que arrecadou US$ 20 mil com o evento, destinados a instituições de caridade ligadas a militares e hospitais. Os recordes de velocidade em corridas de lancha variam nos EUA, dependendo do tipo de embarcação, do comprimento e do traçado dos percursos, além das regras definidas pelos organizadores.

A American Power Boat Association, que não esteve envolvida na corrida do Lago Havasu, supervisiona eventos entre seus 5.000 membros de 90 clubes em todo o país. O recorde da associação para o barco mais rápido em uma de suas provas é de 226 km/h, estabelecido em 2023 por um Super Cat, um tipo de catamarã, segundo Potts.

O recorde mundial de velocidade em corridas de lancha provavelmente ainda pertence a Ken Warby, da Austrália, que alcançou 511 km/h com um hidroplano movido a jato, o Spirit of Australia, em 1978, de acordo com o Guinness World Records. Uma equipe do Catar, com a lancha “The Spirit of Qatar”, chegou a cerca de 393 km/h em 2014, mas isso foi em um percurso de apenas uma milha.

A Desert Storm Race foi desafiadora desde o início. As águas estavam ligeiramente mais frias do que o habitual devido à entressafra. As rajadas de vento foram intensas o suficiente para atrasar a largada em cerca de uma hora, até as 11h30, disse Lee.

O catamarã de alto desempenho, de 11,5 metros de comprimento, construída principalmente com fibra de vidro, possui dois motores de arrancada de carro, cada um com cerca de 4.000 cavalos de potência. O percurso era marcado por boias delimitando a largada e a chegada. O piloto e o operador do acelerador estavam presos com cintos de segurança de múltiplos pontos e usavam capacetes.

Havia uma escotilha de escape no fundo da embarcação, caso ela pousasse de cabeça para baixo na água. O barco entrou no ponto de largada a cerca de 64 km/h, conforme permitido pelas regras. Os ventos estavam em torno de 32 km/h, segundo estimativa de Lee. O formato único do barco fazia com que seus trilhos laterais criassem um túnel entre eles.



FONTE: Folha Max

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