
Foto: Paulo Rossi
O mercado de arroz continua enfrentando pressão devido à ampla oferta interna. Segundo o relatório Agro Mensal, da consultoria Agro do Itaú BBA, mesmo com a formação de estoques públicos pela Conab, os preços não encontraram espaço para reação em agosto. No cenário internacional, a tendência também foi de queda.
Cotações em queda no Brasil e no exterior
Durante agosto, os preços apresentaram breve recuperação no início do mês, mas voltaram a cair na segunda quinzena. A saca de 50 kg encerrou o período cotada, em média, a R$ 68,41, apenas 0,4% acima de julho. Já na primeira semana de setembro, até o dia 5, o valor caiu para R$ 66,09/sc. No acumulado de 12 meses, a desvalorização chega a 42%.
No mercado internacional, com a entrada da safra norte-americana, os preços também recuaram. O arroz foi negociado a US$ 258/t, queda de 18% em relação a julho.
Conab amplia apoio a produtores
Em agosto, a Conab negociou 109,2 mil toneladas de arroz por meio de contratos de opção de venda (COV), com preço fixado em R$ 74 por saca, praticamente toda a oferta disponível (110 mil t).
No início de setembro, a Companhia anunciou um aporte de R$ 300 milhões para apoiar os produtores do Rio Grande do Sul, maior estado produtor do grão. A nova operação contemplará 200 mil toneladas da safra 2025/26 e será a terceira rodada do ano. A medida garante aos agricultores o direito de vender parte da produção, reforçando os estoques públicos.
Exportações firmes, mas insuficientes para equilibrar o mercado
As exportações se mantiveram em ritmo positivo em agosto, totalizando 152 mil toneladas, alta de 1% frente a julho. Já as importações caíram 19%, somando 91 mil toneladas. O saldo comercial foi positivo, ajudando a escoar parte da produção.
Apesar disso, o volume exportado não tem sido suficiente para equilibrar o excesso de oferta e sustentar uma recuperação mais consistente nos preços do cereal.
Safra recorde amplia pressão sobre cotações
O Brasil colheu uma safra excepcional em 2024/25, com produção de 12,32 milhões de toneladas, 16% acima da anterior (10,59 milhões). Esse crescimento, somado a estoques iniciais maiores e consumo estável em 10,5 milhões de toneladas, resultou em um superávit expressivo.
Mesmo com avanço de 17% nas exportações, o excedente não foi absorvido. A consequência é um aumento projetado de 284% nos estoques finais, fazendo a relação estoque/consumo saltar de 5% para 20%. Esse cenário deve manter os preços sob pressão no curto prazo.
Perspectivas para a safra 2025/26
Com o cenário adverso, produtores já se organizam para reduzir investimentos na próxima temporada. A expectativa é de área plantada 6% menor, segundo o USDA, o que pode levar a uma produção 7% inferior em 2025/26.
Além da diminuição na área, há previsão de cortes no uso de insumos e ajustes no manejo. O quadro sugere desafios para os agricultores, que enfrentam preços deprimidos, estoques elevados e margens mais apertadas.
Oferta global também pesa sobre preços internacionais
No mercado mundial, a produção de 2024/25 foi elevada, impulsionada principalmente pela Índia. Isso contribuiu para maiores estoques finais. Para 2025/26, o USDA ajustou a estimativa para 151 milhões de toneladas de arroz beneficiado, 0,1% acima da previsão de julho.
Assim, a oferta abundante no cenário global deve continuar limitando movimentos de recuperação das cotações internacionais.
Fonte: Portal do Agronegócio