domingo, setembro 28, 2025

Conhea a perereca de vidro que vive na Amaznia; veja vdeo | FOLHAMAX

 

Já ouviu falar das pererecas-de-vidro? Não têm nada a ver com brinquedos ou peças de decoração, são anfíbios reais que vivem na Amazônia. Pequenas e quase invisíveis, elas exibem uma característica impressionante: possuem pele tão fina que é possível ver os órgãos internos, incluindo o coração pulsando.

Para falar sobre as curiosidades do animal, o g1 conversou com Malu Messias, bióloga com atuação em ecologia, conservação de vertebrados terrestres e curadoria de coleções científicas de anfíbios e outros vertebrados.

Segundo Malu, as pererecas-de-vidro não são uma única espécie, mas várias da família Centrolenidae. A pele transparente é resultado da falta de pigmentos e da epiderme muito fina.

“A epiderme dos anfíbios é muito fina, o que facilita a respiração pela pele e também a transparência, por isso que dá para ver os órgãos internos como o intestino, o coração pulsando”, explica Malu.

Essa característica não é apenas estética, serve também como mecanismos de defesa. Elas conseguem se esconder nas folhas, ficando quase “invisível”, principalmente considerando que a maioria das espécies não passa do tamanho de uma unha.

Apesar de pequenas, seus sons são potentes. A vocalização dos machos são tão agudas e, por estarem em posição elevada na vegetação, podem ser confundidas com sons de morcegos.

 

Onde vivem e como se reproduzem?

As pererecas-de-vidro vivem em florestas da Amazônia e da Mata Atlântica, com registros confirmados em Rondônia, segundo levantamento da bióloga herpetóloga Dra. Kaynara Delaix Zaqueo. As espécies registradas no estado são:

Hyalinobatrachium munozorum (Lynch e Duellman, 1973) – Encontrada em Porto Velho

Teratohyla midas (Lynch & Duellman, 1973) – Encontrada em Porto Velho

Vitreorana ritae (Lutz, 1952) – Encontrada em Porto Velho

Teratohyla adenocheira (Harvey & Noonan, 2005) – Encontrada em Campo Novo de Rondônia

Elas são arborícolas (vivem em árvores) e dependem de matas ciliares — vegetação que cresce nas margens de rios e lagos — para se reproduzir.

“Elas sobem em árvores cujas folhas pendem sobre os corpos d’água e desovam ali. Os ovos são envoltos por uma substância proteica que gruda as folhinhas. Quando se desenvolvem, caem diretamente na água.” explica Malu Messias.

Os girinos vivem no ambiente aquático até a metamorfose. Na fase adulta, tornam-se terrestres e se alimentam de insetos e pequenos invertebrados.

Em algumas espécies, os machos protegem os ovos, evitando predadores e o ressecamento.

Essas espécies enfrentam os mesmos riscos que outros anfíbios, com destaque para:

Destruição de habitat, principalmente das matas ciliares

Contaminação de solos e rios por agrotóxicos

Alta permeabilidade da pele, que facilita a absorção de poluentes

Mesmo com a grande variedade de espécies da família Centrolenidae na Amazônia, em Rondônia ainda há poucos registros. Elas quase não aparecem nos levantamentos de herpetofauna — conjunto de répteis e anfíbios de uma região.

Para Kaynara Zaqueo, é preciso investir em estudos específicos, principalmente em áreas próximas a rios e de difícil acesso, onde essas pererecas costumam viver.

 



FONTE: Folha Max

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