O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) informou que vai ingressar com uma representação junto à Corregedoria da Polícia Civil contra o delegado Pablo Carneiro, que deu voz de prisão em flagrante ao médico residente Gilmar Silvestre de Lima durante uma consulta no Hospital HBento, nesta quarta-feira (19) em Cuiabá.
Não há, da parte do médico, nenhuma ilegalidade, nada que justifique a postura adotada pelo paciente [delegado]
De acordo com o presidente do conselho no Estado, Diogo Leite Sampaio, o caso foi um “absurdo” e configura um abuso de autoridade.
O delegado acusou Gilmar de se passar irregularmente por anestesista, pois ele teria realizado o atendimento e preenchido os formulários como se fosse um anestesista, mesmo sem possuir a especialização. O profissional foi liberado após ser ouvido.
“Isso é claramente um episódio de abuso de autoridade, uma violação grave dos direitos e prerrogativas do profissional, médico, formado e devidamente inscrito no conselho, apto a exercer sua profissão, que foi preso sob uma alegação absurda e fantasiosa. Ele foi vítima de uma violência e o Conselho irá agir com firmeza também neste caso”, disse em nota.
“Não há, da parte do médico, nenhuma ilegalidade, nada que justifique a postura adotada pelo paciente, que apenas e tão somente se valeu do fato de ser delegado para criar toda esta situação, abusar de sua autoridade e violar os direitos e prerrogativas que assistem o médico”, completou Sampaio.
Segundo o conselho, o governador Mauro Mendes (União) e a Secretaria de Estado de Segurança Pública (SESP) serão oficiados, cobrando providências sobre o caso.
Profissional era apto
O presidente disse ainda que a residência médica é uma modalidade de pós-graduação, ou seja, feita por médicos formados e aptos a exercer a profissão.
“Eles passam por um rigoroso processo seletivo e atuam sob supervisão, mas podem, perfeitamente, realizar estes atendimentos. A residência envolve uma parte teórica e uma parte prática. Essa situação é uma das mais absurdas que vi na minha vida”, encerrou Sampaio.
O CRM afirma que o médico preso é residente em anestesiologista e conduziu a consulta pré-cirúrgica que tinha como paciente o delegado. O profissional se identificou como integrante da equipe de anestesistas responsável por atuar no procedimento cirúrgico pelo qual será submetido o delegado. Ao término do atendimento, Carneiro deixou o consultório e, instantes depois, retornou dando voz de prisão ao médico.
Em nota, o CRM informou que outros profissionais que atuam na unidade buscaram tentar entender o episódio e o delegado chegou a ameaçar uma das médicas, dizendo que na viatura que estava a caminho para conduzir o médico à delegacia caberiam mais pessoas presas.
De acordo com o conselho, ao chegar na delegacia e ser confrontado com o fato de que o médico não cometeu nenhum crime, Pablo tentou sugerir a mudança para outra tipificação, o que não se comprovou após a oitiva de testemunhas e outros médicos que atuam na unidade.
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FONTE: MIDIA NEWS







