sexta-feira, março 14, 2025

Caso de racismo contra humorista Eddy Jr.: o que se sabe e o que falta saber | São Paulo

Nas imagens, gravadas pelo humorista, ela também aparece fazendo outras ofensas. “Imundo. Tu é sujo, imundo. Aqui é prédio de família, não de bandido”, diz a mulher (veja acima).

Outro vídeo, de câmeras de segurança do prédio, mostra quando, em setembro, a mulher e o filho dela estiveram na porta do apartamento do humorista com uma faca e uma garrafa.

Montagem com foto do humorista e a vizinha que o xingou — Foto: Reprodução/Instagram

Abaixo, leia perguntas e respostas sobre o caso:

Nesta semana, o humorista Eddy Jr. relatou ataques racistas por parte da vizinha. No vídeo filmado pelo humorista, ela grita “fora, macaco”, entre outras ofensas.

Em setembro, imagens de câmeras de segurança do prédio mostram que a mulher e o filho dela estiveram na porta do apartamento do humorista com uma faca e uma garrafa.

Em 1º de setembro, por volta das 3h50 da madrugada, o filho da vizinha apareceu com uma faca em frente ao apartamento de Eddy. Ele chega a brincar com o objeto, a apontar para a porta e a batê-lo na parede. O homem vai embora após cerca de 1 minuto. Os funcionários do prédio chegam ao andar por volta das 3h55 e conversam com Eddy, que mostra imagens no celular.

Câmera registra vizinhos com faca e garrafa na porta de humorista vítima de racismo em SP

Uma semana depois, novamente durante a madrugada, às 3h03, mãe e filho aparecem nas imagens do quinto andar. Os dois permanecem por cerca de 1 minuto, saem e retornam às 3h08. O registro mostra o homem com uma faca presa na bermuda. Eles vão embora em poucos segundos. Às 3h11, um funcionário do prédio surge, faz anotações e sai. Novamente, por volta das 3h28, a mulher surge com uma garrafa, e o filho, com a faca. Gritos podem ser ouvidos por mais 1 minuto.

As ofensas aconteceram no Condomínio United Home & Work, um prédio de classe média na Barra Funda, Zona Oeste da cidade de São Paulo.

Eddy Jr. é humorista e músico. Ele tem 1,5 milhão de seguidores no Instagram e 260 mil inscritos no seu canal no YouTube.

O humorista Eddy Júnior, vítima de racismo na Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo. — Foto: Reprodução/Instagram

Quem é a mulher que aparece no vídeo?

Elisabeth Morrone e o filho são moradores do quarto andar, embaixo do apartamento do humorista, que fica no quinto andar do Condomínio United Home & Work. Nesta quarta (19) o g1 e a TV Globo tentaram contato com ela, mas ela preferiu não se manifestar e não quis falar com a reportagem.

Em um processo já extinto que foi movido pela mulher contra o condomínio e o humorista, Morrone afirmou que se mudou para o imóvel em junho de 2019 com o filho, que, segundo ela, tem deficiência intelectual leve diagnosticada por um perito. Uma certidão da Justiça de 2018 confirma a interdição do filho por deficiência intelectual leve e ela como responsável.

O que a mulher diz sobre o vizinho?

No processo já extinto que foi movido por Morrone contra o condomínio e o humorista, a mulher afirmou que se mudou para o imóvel em junho de 2019 com o filho, que, segundo ela, tem deficiência intelectual leve diagnosticada por um perito. Desde o fim de 2021 ela alega sofrer “momentos perturbadores” entre 2h30 e 5h30, com supostos barulhos no apartamento onde morava o youtuber.

As reclamações, ainda segundo ela, foram registradas com os administradores. “Tentei medir o barulho, mas como meu celular foi hackeado, alguém desligou cinco vezes. Também bloquearam nosso computador”, disse ela à Justiça. O condomínio chegou a registrar uma das confusões com um boletim de ocorrência.

O que o humorista diz sobre a vizinha?

O humorista disse que desde abril é alvo de reclamações da vizinha por barulho em seu apartamento de madrugada em horários que, segundo ele, estava dormindo ou fora de casa.

“Me mudei para esse apartamento no final de fevereiro. Quando chegou março ou abril, os porteiros começaram a ligar, quando eu estava dormindo, reclamando de barulho. Mas eu estava dormindo. Foi assim durante vários dias na semana. Às vezes, ligava duas vezes na mesma noite. Houve uma reclamação até num dia em que eu não estava em casa”, disse ele.

“Eu nunca tinha nem visto ela. Aí chegaram duas notificações de multa pra mim por importunação e barulho. A minha advogada pediu para ler o livro de reclamações do prédio e tinha muitas reclamações dessa vizinha sobre mim. Mas eram umas reclamações absurdas. Ela falava que eu desligava a máquina de lavar dela, falou que eu hackeei a internet da casa dela, que eu desligava o fogão dela. Alegou que eu a deixei sem gás. O condomínio até retirou as multas”, afirmou.

O humorista Eddy Júnior é ameaçado por um vizinho com faca na porta do apartamento dele na Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo. — Foto: Montagem/reprodução

O advogado do Condomínio United Home & Work, Diego Basse, afirmou que a agressora será multada em dez vezes o valor do condomínio mensal do prédio e pode sofrer um processo de expulsão por causa de reiteradas agressões e ameaças.

“O Código Civil prevê no artigo 1.337 que o condômino anti-social que cometer atos reiterados incompatibilidade de convivência social poderá ser multado sumariamente. Nós já estamos aplicando essa multa e uma assembleia extraordinária será convocada para ratificar essa multa e deliberar sobre outras providências”, afirmou.

“O valor do condomínio é de 700 a 800 reais por unidade. Então nós vamos ter uma penalidade ali de aproximadamente 7 a 8 mil reais”, completou.

A agressora poderá ser expulsa do prédio?

Segundo o advogado do Diego Basse, do Condomínio United Home & Work, onde a agressão racista aconteceu, a administradora do prédio vai sugerir na assembleia de moradores uma medida judicial de abstenção de novos atos e agressões de Elisabeth Morrone. Se agressões semelhantes voltarem a acontecer, elas podem gerar a expulsão dela do edifício.

A expulsão, segundo o advogado, deve ser pedida pelo condomínio, mas precisa ser deliberada por assembleia dos moradores e ter autorização de um juiz.

Há reclamações contra o humorista?

Na Justiça, a administração do condomínio afirmou que não existiam reclamações de outros vizinhos contra a unidade do youtuber, que houve multa quando foi constatada uma situação fora do normal, mas que apenas a aposentada reclamava.

A empresária Janaína Tozzi, que é vizinha de porta do humorista, mora no edifício há quatro anos e narrou à reportagem da TV Globo que o humorista nunca deu festas no apartamento.

A empresária Janaína Tozzi, vizinha de andar do humorista Eddy Júnior na Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo. — Foto: Reprodução/TV Globo

Tozzi também contou que por vezes Elisabeth Morrone foi fazer reclamações sobre barulho vindo no apartamento do músico, mas ele nem estava em casa.

“Eu fico em casa todos os dias, porque trabalho em casa e tenho duas crianças. O Eddy nunca deu uma festa. Estou me sentindo extremamente acuada e ameaçada com a presença desses dois vizinhos aqui dentro. Eles vão com faca e garrafas no meu andar e fazem ameaças. Temos gravações. Algumas vezes em que ela foi lá reclamar o Eddy nem estava em casa”, declarou.

O que dizem outros vizinhos?

Moradores do Condomínio United Home & Work, onde o humorista Eddy Júnior foi vítima de racismo por uma vizinha, fizeram um protesto na manhã desta quarta-feira (19) pedindo a saída da família da agressora do prédio.

Com cartazes que diziam “Fora Racista”, os vizinhos narraram que as agressões de Elisabeth Morrone contra moradores do prédio são corriqueiras e que eles estão preocupados com a própria segurança, após o filho da agressora bater na porta do humorista fazendo ameaças com facas em punho.

Moradores do condomínio na Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo, fazem ato contra a vizinha acusada de racismo pelo humorista Eddy Júnior. — Foto: Reprodução/TV Globo

O caso foi registrado na polícia?

Em setembro, Eddy Jr. disse que registrou um boletim de ocorrências por causa de ameaças com faca feitas pelo filho dela.

“Teve uma noite em que eu estava na cama deitado, e a minha campainha tocou. Era umas 3h da manhã. Levantei, e o filho dessa vizinha já começou a gritar, dizendo: ‘Eu vou te matar’. Ele veio com uma faca enorme na mão, chutando a minha porta”, afirmou.

Ao g1, a assessoria de Eddy disse que ele saiu do prédio em que mora por conta de ameaças de morte feitas pela família da agressora e ainda não fez o registro na delegacia, o que deve acontecer nesta quarta-feira (19).

Depois do episódio, o humorista também declarou que vai deixar o edifício definitivamente, por causa das ameaças de morte. Ele lamentou a atitude racista dos vizinhos e prometeu procurar a Justiça contra as ofensas e ameaças.

“Espero que a Justiça tome a devida atitude que tem que ser tomada. Como eu sofri ameaça, minha advogada me orientou a sair de lá. Mas o mais triste é que estou trabalhando desde 2016 com internet, tentando ganhar dinheiro. Agora que deu certo, que comecei a ajudar a minha família, preciso sair da minha própria casa por causa de pessoas racistas. Isso me deixa muito mal”, declarou.

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FONTE: Lapada Lapada

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