Bruna Barbosa
Olhar Direto
O vice-cacique da aldeia Porto Velho, na zona rural de Luciara (a 1.022 km de Cuiabá), Vandemiro Pereira Rocha Kanela, de 44 anos, registrou boletim de ocorrência após ser vítima de uma tentativa de homicídio na terça-feira (25). De acordo com o boletim de ocorrência, Vandemiro estava filmando o momento em que suspeitos tentavam construir uma cerca na propriedade dos indígenas e, por isso, foi atacado com um facão e um martelo.
O cacique Lucas Kanela explicou que três irmãos, que seriam fazendeiros, estão disputando terras com os indígenas na região. Os suspeitos teriam se autodeclarado indígenas e passaram a reinvidicar as terras da aldeia Porto Velho, onde teriam criado uma nova aldeia chamada Bom Jesus.
Na delegacia, Vandemiro explicou que tentou pedir para que um homem identificado como José Cassiano parasse a construção da cerca, já que eles estavam invadindo a área da aldeia Porto Velho.
Em seguida, uma discussão começou entre os envolvidos. No vídeo, uma mulher aparece tentando segurar o suspeito e impedir que o vice-cacique fosse agredido. O homem avança sobre o indígena com um facão na mão.
Quando a mulher consegue tomar o facão, o suspeito ainda tenta golpear Vandemiro com um martelo. O cacique da aldeia Porto Velho explicou que os moradores a situação de disputa da área está sendo julgada na Justiça.
“São três irmãos que autorizaram a entrada de duas outras pessoas. O vice-cacique foi lá para conversar com ele. No vídeo aparece que ele vem direto para cima do vice-cacique com um martelo e um facão. Tentou contra a vida do vice-cacique. Eles se autodeclaram indígenas”.
O cacique acionou a Defensoria Pública da União e informou que os indígenas da aldeia estão sofrendo constantes ataques e ameaças de fazendeiros da região. Ele afirmou que áreas foram queimadas, cercas destruídas e marcas de tiros encontradas em árvores.
Suspeito afirma ser ancião de aldeia vizinha
Ao Olhar Direto, a cacica Rosiania Yra Kanela explicou que o homem que aparece no vídeo, na verdade, é tio do indígena. De acordo com ela, todos são da mesma família, mas decidiram dividir as comunidades, criando, então, a aldeia Bom Jesus.
“Esses do vídeo, o senhor é tio dele, ancião da Bom Jesus, a senhora é tia dele, irmã da mãe dele. Aqui é tudo família. Não somos fazendeiros, somos indígenas. Eles não aceitam a existência da aldeia Bom Jesus e, se hoje ela existe, é por causa deles, porque eles partiram as comunidades”.
Ela explicou que o vice-cacique se incomodou com a construção da cerca, fazendo com o que o tio dele, que tem mais de 70 anos, se exaltasse com a situação.
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FONTE: SEMANA7
