O professor de história, Anderson Cardoso Ribeiro, que lecionava no Colégio Jean Piaget, em Sinop (500 km de Cuiabá), foi demitido por ter publicado em uma de suas redes sociais uma crítica aos bloqueios ilegais nas rodovias federais de Mato Grosso feitos por eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PL) que não aceitaram o resultado das urnas, que elegeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no último domingo (30). A demissão teria sido anunciada por meio do WhatsApp.
Ao Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), o professor relatou que além da demissão, também passou a receber diversas ofensas, difamações e até mesmo ameaças de morte.
“Medidas estão sendo tomadas. Querem destruir a minha reputação. Me expuseram indevidamente em páginas nas redes sociais, difamando a minha honra, a minha imagem, me expuseram como se eu fosse um mero delinquente simplesmente por eu ter colocado a minha opinião na internet em minha página pessoal. Cheguei a ser ameaçado, com pessoas dizendo inclusive, que eu seria atropelado, visto que ando de bicicleta para ir ao trabalho. Mas quero reforçar que criminosos, delinquentes, devem ser tratados pela Justiça e por isso, tomaremos todas as medidas legais contra a milicianos digitais”, relatou.
Na publicação o educador ironiza o apoio massivo dos comerciantes da região em trancar a BR-163 que para ele prejudica toda a sociedade e principalmente a economia, e lembrou que durante a pandemia de Covid-19 os mesmos comerciantes se negaram a fechar as portas alegando que “quebrariam financeiramente”.
Por meio de nota a instituição anunciou a demissão de Anderson e disse repudiar qualquer fala, ato ou brincadeira inoportuna diante dos fatos acontecidos na política nacional, além de valorizar as diferenças e o respeito por todas as pessoas, independente de credos ou posições partidárias. (Confira na íntegra abaixo).
Sobre a demissão, o professor disse ter ficado surpreso com o posicionamento da direção da escola. “Infelizmente algumas pessoas aqui nessa cidade não aceitam opiniões divergentes, mas eu me recuso a me omitir, pois estamos num país livre onde eu tenho todo o direito de manifestar minha opinião. O que devemos ter é respeito. Estou muito indignado com tudo isso que está acontecendo”, desabafou.
Presidente do Sintep-MT, Valdeir Pereira, conversou pessoalmente com Anderson e manifestou apoio do Sindicato ao professor. Além disso enfatizou que a Central Única dos Trabalhadores (CUT) alerta sobre crime eleitoral nas empresas violência e de perseguição. “Vivemos num país onde a democracia tem sido sistematicamente atacada nos últimos anos, mas sabemos que existem leis e elas deverão ser cumpridas. Esperamos a punição dos agressores milicianos digitais que se escondem através de uma tela virtual, achando que podem expor, difamar e atacar quem tem uma opinião diferente, quem defende a democracia”.
VEJA A NOTA DO COLÉGIO:
O Colégio Jean Piaget, Sinop/MT, REPUDIA qualquer fala, ato ou brincadeira inoportuna diante dos fatos recém acontecidos na política nacional. Nossa missão sempre foia de valorizar as diferenças e o respeito por todas as pessoas, independentemente de seu credo, de sua posição partidária, raça ou status social. Nosso carinho e respeito por todos os cidadãos sinopenses é o mais puro e verdadeiro. A postura divergente e contraditória de alguns profissionais do Colégio não fala e tão pouco reflete o que o Colégio pensa e defende. Não compactuamos com posturas de desrespeito à quaisquer cidadãos, seja de Sinop/MT ou de que parte for. Deixamos claro nossa posição de respeito ao momento histórico que vivemos.
Informamos que o professor Anderson Cardoso, a partir de 03/11/2022, não fará mais parte do quadro de professores.
FONTE: Folha Max






