sexta-feira, dezembro 5, 2025

Moradores tentam embargar obra de ‘asilo de luxo’ no DF

Moradores tentam embargar obra de 'asilo de luxo' no DF

 

Moradores da QI 21, do Lago Sul, criaram um abaixo-assinado na tentativa de embargar a obra de um centro clínico e residencial geriátrico na quadra. O conselho comunitário do bairro afirma que a obra tem destinação diferente da prevista em alvará, e o caso foi parar no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

Em denúncia enviada ao MPDFT, a associação de moradores alegou que a empresa Residencial Garden Empreendimentos Imobiliários Ltda. conseguiu alvará para construir clínicas geriátricas apenas “como fachada” para erguer blocos de apartamentos de luxo. O grupo afirma se tratar de um prédio de seis andares e torres com 60 apartamentos, de 120 a 250 metros quadrados.

“Tal empreendimento não será utilizado para os fins declarados, tem potencial para ser um polo gerador de alto tráfego e colocará em risco a qualidade de vida da população local, a ordenação urbanística do Lago Sul e é potencialmente degradador do meio ambiente, já que a área é de preservação permanente (APP)”, destaca texto da denúncia.

Além disso, o Conselho Comunitário do Lago Sul argumenta que o edifício fere as normas urbanísticas do local, “projetado para ser de baixa densidade demográfica”. O projeto é denominado Vila Raiô – Residências Exclusivas.

O advogado Paulo Cunha, morador do bairro e consultor do conselho comunitário, observa que corretores têm abordado compradores.

“Eles [os corretores] apresentaram o projeto para alguns moradores, que ficaram surpresos ao saberem que se trata, na verdade, da venda de apartamentos privativos de luxo. Na propaganda não há qualquer menção a serviços de atenção em saúde nem mesmo que clínica geriátrica será a responsável pelos cuidados com os idosos”, comenta Paulo.

A ex-administradora regional do Lago Sul Natanry Osório, 83, defende que o edifício fere as delimitações da área verde do endereço. “Se você olhar a propaganda, vê claramente que o local não é destinado ao idoso. É indicado para quem está à procura de um apartamento de luxo. Fala-se de tudo na propaganda do edifício, menos do idoso. Que clínica é essa?”, questiona.

Características

Nas informações repassadas ao MPDFT, os denunciantes afirmam que o projeto teve aprovação da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) sem alguns dos documentos obrigatórios, como comprovação de aprovação prévia do projeto básico por parte da Vigilância Sanitária, por envolver uma clínica.

O documento dos moradores acrescenta que a falta da documentação exigida em lei torna ilegítimo o alvará de construção expedido pela Seduh. “Pelo que se depreende, o empreendimento, na verdade, constitui-se em um condomínio residencial adaptado para o idoso. Trata-se, de fato, de um empreendimento residencial”, enfatiza o texto.

“O projeto da Vila Raiô é totalmente desproporcional. Será um edifício enorme, com cozinha gourmet e outros aspectos que descaracterizam a finalidade do local e em tamanho muito maior do que a região comporta”, completa o advogado Paulo Cunha.

Na apresentação do edifício, a empresa informa que a Vila Raiô será conveniada pela Clínica Amplexus e oferecerá um “programa completo de atenção à saúde”. “Cuidado integral, acompanhamento médico e todo apoio para que as pessoas 60+ possam desfrutar a vida sem preocupações, deixando a rotina fluir com leveza e tranquilidade”, destaca o caderno técnico do empreendimento.

A associação de moradores alega que a construção não tem características básicas para ser uma “clínica e residências geriátricas” e que, mesmo conveniada por uma clínica, “mais se assemelha a um condomínio residencial para idosos, que não pode ser construído no local”.

Posicionamentos

A Seduh informou que recebeu a denúncia formulada pelo Conselho Comunitário do Lago Sul e que uma equipe técnica verifica a existência de eventuais irregularidades no processo de aprovação do projeto.

Procurado pelo Metrópoles, o responsável pelo empreendimento não comentou a denúncia apresentada ao Ministério Público até a mais recente atualização desta reportagem. O espaço continua disponível para eventuais manifestações.

FONTE: Folha Max

comando

DESTAQUES

RelacionadoPostagens