sexta-feira, dezembro 12, 2025

‘Toureiros anões’ se apresentam após proibição de espetáculos

'Toureiros anões' se apresentam após proibição de espetáculos

 

Uma companhia espanhola de “toureiros anões” apresentou seu espetáculo na França mesmo após o evento ter sido proibido em seu país de origem, a Espanha, em abril deste ano. O motivo era evitar que pessoas com deficiência (PCDs) fossem usadas como atrações “para provocar no público ridicularização, escárnio ou zombaria”.

 

Em meio a risos e aplausos, os membros da “Diversiones en el ruedo” (Diversões na arena) apresentaram esquetes, cenas cômicas — com e sem animais — e trocaram de figurino várias vezes. O show recebeu 650 espectadores em Téthieu, no sul da França, perto da fronteira espanhola.

— É um espetáculo cômico, não tem sangue nem execução, só paródia — afirma o coordenador da companhia de 11 artistas, Daniel Calderón.

Há apresentações semelhantes em outros países, como Colômbia, República Dominicana, Peru, Brasil, México e até Estados Unidos, mas a tradição tende a desaparecer.

“Gostamos de fazer isto”

A lei foi aprovada pelo Parlamento espanhol, com apoio da esquerda e da direita, em 27 de abril. O texto proíbe os espetáculos de “toureiros anões” e todos aqueles considerados humilhantes para pessoas com deficiência. Contudo, ainda assim divide opiniões.

 

Para Calderón, por exemplo, a proibição “é uma falsa defesa, usada por pessoas que simplesmente não querem touradas”. A lei aprovada pelo Congresso foi contestada e continua sujeita a interpretações.

Em seus trajes de lantejoulas, Paul Muñoz, de 31 anos, passados dez deles no mundo das touradas, denuncia “uma injustiça porque ninguém pediu nossa opinião”.

— Nós gostamos de fazer isto, é o nosso trabalho —argumenta.

“Contraproducente”

Para Violette Viannay, presidente da associação francesa de pessoas com nanismo — que trabalha “para promover uma maior inclusão” —, esse tipo de espetáculo é “contraproducente”. A presidente destaca que a condição está longe de ser “apenas uma questão de tamanho” e lembra que, “além das dificuldades de acessibilidade, pode causar graves problemas de saúde”.

Já a autoridade francesa responsável pelas pessoas com deficiência, Fadila Khattabi, considera que, “embora todos sejam livres para participar ou não dessas apresentações, a zombaria e a discriminação contra as pessoas de estatura baixa são parte de uma história centenária que devemos encerrar”.

— Considerar o nanismo como fonte de entretenimento é um problema e é urgente repensar coletivamente essa representação — afirma.

 

FONTE: Folha Max

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