Justia suspende recuperao de grupo com dvidas de R$ 409 milhes em MT

 

O juiz da 4ª Vara Cível de Rondonópolis, Renan Carlos Leão Pereira do Nascimento, suspendeu a assembleia geral de credores do Grupo Monte Alegre, que ocorreria na última sexta-feira (19). A organização declara nos autos uma dívida de R$ 409 milhões.

Em decisão da última quinta-feira (18), o juiz atendeu ao pedido do credor Vilson Paulo dos Reis, que estranhou que o valor de seu crédito foi expresso nos autos em dois momentos distintos, com montantes diferentes. O processo revela que, num primeiro momento, a antiga administradora judicial, empresa responsável por auxiliar a justiça no levantamento de informações sobre credores e outros atos processuais, apontou que Vilson Paulo dos Reis deveria receber R$ 48,5 milhões.

Conforme apontou o juiz na decisão, entretanto, posteriormente, e sem justificativa apresentada nos autos, a dívida foi “alterada” para R$ 30,9 milhões, bem como a classe de credor. O juiz esclareceu que os autos só chegaram à sua análise na própria quinta-feira.

Em razão do curto tempo para tomar uma decisão, o magistrado achou por bem suspender a assembleia prevista para esta sexta-feira. “Em análise perfunctória dos autos (dado o exíguo tempo para a prolação da decisão, vez que os autos vieram-me conclusos hoje e a AGC está agendada para amanhã) extrai-se que, ao menos de forma parcial, ao que parece, a razão acompanha a peticionante inegavelmente este cenário de segurança e tranquilidade não se faz presente neste processo de recuperação judicial no momento contemporâneo. Ao contrário: o panorama em que os autos estão inseridos é de dissidências, incertezas, irresoluções e obscuridades”, reconheceu o juiz.

Além da inconsistência, os autos também revelam uma informação “curiosa”, tendo em vista que Vilson Paulo dos Reis, produtor rural que cobra a dívida do Grupo Monte Alegre, também move seu próprio processo de recuperação no Poder Judiciário Estadual, com dívidas de R$ 31,9 milhões. Renan Carlos Leão Pereira do Nascimento deu 7 dias para a atual administradora judicial prestar informações sobre pedidos de impugnação nos autos em razão da suspeita de que o Grupo Monte Alegre teria arrolado dívidas sem o conhecimento dos titulares dos créditos.

Só após a resposta uma nova assembleia geral de credores deverá ser convocada. O Grupo Monte Alegre é um dos mais antigos de Mato Grosso que atua no setor do agronegócio.

Iniciada em 1955, com a aquisição da Fazenda Monte Alegre, a organização atuava na “pecuária extensiva em campo nativo”. Com o passar dos anos, as relações produtivas, e a mecanização do trabalho no campo, fizeram com que o grupo se “transformasse”. “Em 1978, a atividade passou a ser mecanizada, ampliando-se para a área agrícola, sendo que no ano de 2000, foi constituída a primeira Empresa do Grupo, denominada de Monte Alegre Fazendas Ltda. Nos anos de 2009/2010, o Grupo ampliou as atividades, passando a cultivar além do arroz, soja e algodão, as culturas de feijão caupi e milho pipoca, chegando a cultivar cerca de 8.000 há”, diz trecho dos autos.

O ano de 2014, no entanto, representou um revés para o grupo familiar, que viu a produção de suas terras ser duramente atingida por “pragas”. A valorização do dólar frente ao real também abalou financeiramente a organização.

A reformulação no quadro de colaboradores, além de uma “reestruturação societária”, não foram suficientes para a saída da crise.

FONTE: Folha Max

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