O Globo Repórter desta sexta-feira (21) fez um passeio por grandes mercados que têm o jeito da cidade onde surgiram, em São Paulo, Salvador e Belo Horizonte.
Produtos contam histórias de imigrantes no Mercado Municipal e na Zona Cerealista de São Paulo, como mostra Sandra Annenberg. Receitas de família passam de geração em geração. Um sanduíche criado há quase um século para alimentar trabalhadores braçais ainda faz sucesso no balcão. Sandra também foi ao Museu do Imigrante do Estado de São Paulo, onde se emocionou ao pesquisar sobre seus antepassados.
Em Salvador, Camila Marinho mostra a Feira de São Joaquim, que tem uma mistura sabores, crenças e histórias de luta. E em Belo Horizonte, Viviane Possato apresenta o tradicional Mercado Central, onde possível saborear as delícias de Minas Gerais.
Mercadão de São Paulo reúne todo tipo de alimento e carrega em seus quase 90 anos a tradição da cidade construída pelos imigrantes
Mercado Municipal de São Paulo — Foto: Globo Repórter
Em cada um dos 256 boxes do Mercadão de São Paulo, tem uma receita de família que passa de geração em geração e com tempero especial. Essa mistura, um caldo de culturas, é a especialidade do lugar. Sandra Annenberg conversou com comerciantes, descendentes de imigrantes, e mostrou o tradicional sanduíche de mortadela, que é grande por ter surgido como almoço para carregadores.
Sandra Annenberg se emociona ao pesquisar sobre seus antepassados no Museu da Imigração do Estado de São Paulo
Sandra Annenberg e o historiador Henrique Trindade no Centro de Preservação, Pesquisa e Referência do Museu da Imigração — Foto: Globo Repórter
Milhões de imigrantes atravessaram o oceano e desembarcaram no Porto de Santos. No fim do século 19, esse movimento fez a população de São Paulo pular de 30 mil habitantes para 240 mil, em menos de três décadas. A hospedaria de imigrantes do Brás ficou pronta ao mesmo tempo em que surgiram as primeiras leis abolicionistas e recebia quem ia trabalhar nas lavouras e nas indústrias. Hoje, é um centro de pesquisa e um museu que faz os visitantes viajarem no tempo. O Centro de Preservação, Pesquisa e Referência do Museu da Imigração ajuda pessoas do Brasil inteiro que estão em busca de registros de antepassados migrantes, sejam migrantes nacionais ou migrantes estrangeiros.
Descendentes de imigrantes ajudam a contar a história da zona cerealista de São Paulo
Comerciante Vincenzo Capotorto em sua loja de produtos naturais na Zona Cerealista de São Paulo — Foto: Globo Repórter
O movimento de imigração de estrangeiros no fim do século 19 ajuda a contar a história de São Paulo. Sandra Annenberg conversou com nordestino, colombiano e descendentes de espanhóis, de italianos e de libaneses, que formam o caldeirão de culturas da Zona Cerealista de São Paulo, conforme mostrou o Globo Repórter. Cada colônia estrangeira criou seu núcleo. Os italianos, por exemplo, transformaram o bairro numa pequena Itália.
Jovens brasileiras, apaixonadas por grupos coreanos, fazem coreografia na Avenida Paulista e explicam o estilo musical k-pop
Jovens brasileiras, apaixonadas por grupos coreanos, fazem coreografia na Avenida Paulista — Foto: Globo Repórter
A região do Brás, em São Paulo, é um caldeirão de culturas e Sandra Annenberg conversou com jovens brasileiras apaixonadas por grupos coreanos. Elas copiam as coreografias, dublam as músicas e temperam com a bossa brasileira. A estudante Flávia Alves explica o estilo musical k-pop: “O k-pop é uma grande mistura, porque está sempre misturando vários estilos. Acho que é disso que a gente gosta no K-pop, que ele é tão diferente, tão colorido. Os grupos fazem diversas coisas diferentes, não é uma mesmice”, diz.
Feira de São Joaquim, em Salvador, é a maior feira livre da Bahia e resiste há mais de meio século
Feira de São Joaquim, em Salvador — Foto: Globo Repórter
Salvador é dividida em dois níveis: a Cidade Alta e a Cidade Baixa, ligadas pelo Elevador Lacerda, um cartão postal. A Feira de São Joaquim nasceu na Cidade Baixa e fornece alimento para toda população de baixa renda de Salvador e de alta renda também. Ela já passou por um grande incêndio, foi chamada de Feira do Sete, entre outros nomes, mas consagrou-se como Feira de São Joaquim, e resiste há mais de meio século.
As baianas do acarajé: mulheres fortes criam os filhos com os temperos da comida baiana
Baianas do acarajé em Salvador — Foto: Globo Repórter
A Feira de São Joaquim inspira cozinheiras baianas, em especial aquelas especializadas em acarajé e que mexem com o nosso imaginário. A mulher que vende seus quitutes tem até um monumento no Largo de Amaralina. As panelas dessas guerreiras contam muitas histórias de luta e resistência. A origem da baiana são as negras de ganho. Elas eram mulheres que foram libertadas após a abolição da escravatura e tinham que pagar a casa onde viviam.
Tradições da comida mineira são preservadas no Mercado Central de Belo Horizonte
Mercado Central de Belo Horizonte — Foto: Globo Repórter
O Mercado Central de Belo Horizonte recebe mais de um milhão de pessoas por mês e concentra delícias de Minas Gerais. A receita mais famosa do lugar é fígado com cebola e jiló, mas mercado vende de tudo nas mais de 400 lojas: artesanato, ervas, panelas e muita comida saborosa, como queijos, carnes, temperos, doces e frutas. O mercado já foi da prefeitura, mas desde a década de 1960 pertence aos comerciantes, que formaram uma cooperativa para comprar o espaço. Ele funciona no mesmo lugar, no centro da capital mineira, desde que foi inaugurado, em 1929.
FONTE: Lapada Lapada
