MP exclui perseguio e denuncia Bezerrinha com pena mais rgida

 

O Ministério Público do Estado de Mato Grosso deixou de denunciar Carlos Alberto Gomes Bezerra, de 57 anos, pelo crime de “perseguição majorada” e aplicou qualificadora “surpresa” que impôs a impossibilidade de defesa da vítima por não ter conhecimento que era perseguida pelo acusado. Ele foi preso e denunciado pelo MPE por feminicídio qualificado contra Thays Machado, de 44 anos, e homicídio qualificado contra Willian Cesar Moreno, de 30 anos.

A denúncia foi assinada pelo  promotor de Justiça Jaime Romaquelli, da 26ª Promotoria de Justiça Criminal, que ainda se manifestou pela manutenção da prisão preventiva do denunciado, “por haver provas mais do que robustas da materialidade do crime e indícios suficientes da autoria”, além de outros requisitos autorizativos previstos no Código de Processo Penal.

Ao FOLHAMAX, o promotor explicou que o crime de perseguição envolve a prática de perturbação da tranquilidade, que retire à sua liberdade de locomoção, e principalmente que a vítima tenha pleno conhecimento dos fatos. Ocorre, que Thays não sabia que estava sendo perseguida até o dia do crime, horas antes quando chegou a procurar a Polícia Civil.

“No caso da Thays, o assassino montou uma verdadeira central de investigação para acompanhar todos os passos dela, mas em nenhum momento houve elemento que demonstrasse que ela tinha conhecimento disso ou de que se viu com a liberdade de locomoção restringida ou com a tranquilidade perturbada. É possível entender que ela não conhecia plenamente essa situação de vigilância, talvez por isso nunca registrou BO contra o assassino por tais motivos”, disse Romaquelli.

“Por isso foi inserida na denúncia a qualificadora da SURPRESA, que implica em aumento de pena superior à pena do crime de PERSEGUIÇÃO. Ela foi atingida de surpresa. Ela não tinha conhecimento desse instrumental que o assassino usava para monitorá-la”, explicou o promotor.

Entenda

O autor das duas mortes é filho do deputado federal Carlos Bezerra (MDB). Ele está preso desde o dia do crime, praticado no dia 18 deste mês no bairro Consil, em Cuiabá. À ocasião, Carlinhos Bezerra matou as vítimas com vários tiros de pistola calibre 380 na frente de um prédio de luxo. De acordo com a denúncia, o feminicídio foi cometido por motivo torpe (vingança pelo término do namoro), de forma cruel e impossibilitando a defesa da vítima. “Agiu o denunciado de forma cruel e covarde, revelando extrema perversidade, ao agredir a vítima com diversos disparos de armas de fogo, descarregando uma pistola semiautomática em área urbana de intensa movimentação de pessoas, em plena luz do dia, no horário comercial de um dia útil”, narrou o promotor de Justiça.

Conforme apurado durante a investigação policial, Carlos Alberto Gomes Bezerra manteve um relacionamento amoroso por cerca de dois anos com a vítima Thays Machado, chegando a morar com a vítima. E, desde o início, ele se mostrou controlador e possessivo por vigiar cuidadosamente cada movimento dela, incluindo o telefone celular e as redes sociais. Embora “estivesse inserida num relacionamento explicitamente abusivo, a vítima não encontrava forças para rompê-lo e buscar auxílio pelas vias policiais e judiciais disponíveis, pois entendia que, pelo fato de o denunciado ser filho de político de renome, tinha ‘costas quentes’, havendo risco, inclusive, da situação ser revertida contra ela”.

Em dezembro de 2022, Thays rompeu o relacionamento. Desconfiado de que ela estava com outro, o denunciado “passou a vigiá-la mais intensamente ainda, monitorando-a a todo tempo através de ligações, aplicativos de rastreamento, já planejando a sua morte”.

Em janeiro de 2023, ela iniciou novo relacionamento com Willian Cesar Moreno. No dia 18 de janeiro, Thays foi com o carro da mãe buscar o namorado no aeroporto. Utilizando os mecanismos de rastreamento a que tinha acesso, Carlos a seguiu até Várzea Grande, acompanhou o desembarque do namorado, e seguia o carro na volta quando foi percebido pelo casal. A mulher ligou para o Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp), registrou o caso na Central de Flagrantes, mas Carlos conseguiu fugir.

Na mesma data, durante a tarde, Thays e Willian foram até o prédio da mãe dela para devolver o carro. Depois de deixar as chaves do veículo da mãe na portaria do prédio, Thays e Willian caminharam até a calçada na frente do edifício para chamar um Uber.

“No momento em que viu Thays e Willian na calçada, Carlos aproximou-se abruptamente com o veículo e, de dentro do carro mesmo, pela janela, efetuou diversos disparos com a arma de fogo que possuía (uma pistola Taurus calibre 380) em direção a Thays, inclusive pelas costas. (…) Enquanto Carlos efetuava os diversos disparos em direção da vítima Thays, Willian começou a correr rapidamente pela calçada tentando distanciar-se do agressor, mas Carlos fez nova manobra no veículo, aproximou-se de Willlian e realizou diversos outros disparos em direção a ele”, consta na denúncia.

FONTE: Folha Max

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