Após ler um livro sobre as limitações mais comuns que temos ou podemos ter na vida, escrito por um psicoterapeuta, me deparei com uma reflexão, na verdade, um puxão de orelhas que ele deu no filho de um conhecido seu.
Diz o autor, que este jovem, desperdiçava o dinheiro de seus pais se inscrevendo em cursos de graduação que nunca concluía, e que sonhava em conseguir um emprego onde pudesse trabalhar meio expediente, ganhar muito dinheiro e escolher quando faltar. Para piorar, estava dormindo tarde e acordando na hora do almoço, nem ao menos se preocupava em estudar. E esta era sua única obrigação.
Acho que você conhece também alguém assim, não é mesmo?
Pois então, o autor fez uma oferta para ele.
Já que o autor estava à espera de um doador de órgão (coração), ele se propôs a comprar o coração do jovem, pagando adiantado, muito dinheiro mensalmente, por anos, até o dia em que viesse a precisar.
A razão era simples.
O autor tinha muitas ações para concluir, muitos objetivos a conquistar, e o jovem, bom, já que ele não queria nada com a vida mesmo, poderia se divertir por muitos anos sem trabalhar.
Genial? Kkkk, pois é, o garoto não aceitou, mas, pelo menos, acordou para vida.
Neste caso, o choque de realidade funcionou. (Obs: eu mesmo há poucos anos atrás me comportei assim, graças a Deus, o choque para mim funcionou, obrigado meu irmão Rodrigo).
Trazendo para nossa realidade, para a minha (vou ser mais específico), vejo um familiar e alguns conhecidos também, vários alunos na verdade, com saúde, com família estruturada, jovens, com oportunidades de cursar seus estudos em escolas boas (particulares ou não), simplesmente jogar a vida fora se limitando à viver a base de: chats web, jogos virtuais, diversão, bebedeiras e amizades.
Não, infelizmente, o choque de realidade parece não funcionar por estas bandas. No lugar de além de se divertirem, aproveitar para se desenvolverem e se prepararem para a vida, para fazer algo útil ou algo que possa ser importante para eles próprios, preferem simplesmente viver como se não houvesse amanhã (no sentido irresponsável do termo).
De crianças a jovens, mostrar que muitos não têm a sua saúde e ainda sim lutam por um futuro melhor? Não ligam, dizem, “problema deles”.
Mostrar que muitas famílias não têm estrutura emocional, financeira, ou condições de criar seus filhos? Não, eles simplesmente acham que seus pais são ultrapassados e não sabem nada da vida.
Mostrar que suas oportunidades de estudo são invejáveis e desejáveis para milhares? Não, alegam até que não precisam disso, fazem ou fingem que fazem por obrigação.
Falar do teto que tem, da saúde, das roupas, da condição financeira que lhe são de certa forma proporcionados? Não, acham que é fácil conseguir, basta querer e terão uma vida repleta de ótimas oportunidades, bastando abrir a boca e aproveitar.
É meus amigos.
Infelizmente, acho que vocês conhecem jovens assim também, ou (como eu) até foram assim. Sinto dizer que, suspeito, mais da metade dos nossos jovens são assim exatamente hoje, e vejo isso dentro e fora da escola.
E a pergunta que não quer calar é uma só. Como mudar essa realidade?
Já passou da hora de nos movimentar.
Compartilhe este texto com um destes jovens, talvez vejamos algum milagre acontecer.
Que Deus nos abençoe.
Ricardo Augusto de Oliveira é servidor público da educação de Mato Grosso.
FONTE: Midia News